As pessoas idosas têm, cada vez mais, sido vistas como relevantes para o desenvolvimento da sociedade. Existe uma grande preocupação em melhorar e dar qualidade de vida aos idosos, por meio de políticas públicas e programas em todos os níveis.
Em relação ao voluntariado, dois aspectos devem ser considerados: o voluntariado realizado para o público idoso e o voluntariado realizado pelo público idoso.
A oportunidade de realizar o trabalho voluntário para o público idoso acontece não só em programas com idosos dependentes, ou seja, asilos, casas de repouso ou instituições de longa permanência, mas também em programas de qualidade de vida e apoio ao envelhecimento saudável, com projetos de recreação, atividades culturais e esportivas, em centros de convivência, associações e centros-dia, entre outros.
O outro aspecto é a reflexão sobre a atividade voluntária realizada pelo público idoso, no processo de aposentadoria. A aposentadoria é uma etapa importante da vida, que traz uma série de sentimentos e questionamentos. Se bem trabalhados, podem ser excelente oportunidade para um recomeço e encontro com uma nova razão e propósito. Se, por um lado, é um momento de ruptura com a rotina de décadas, por outro é o momento de realização de desejos e sonhos. O afastamento do trabalho gera sentimentos ambíguos e antagônicos, pois, junto com a ideia de liberdade, de descanso, de prêmio, está a sensação de inutilidade, de inatividade, de vazio e até de recusa em aceitar a situação. No imaginário das pessoas, aposentado rima com desocupado, desatualizado, ocioso, improdutivo e outros adjetivos depreciativos.
No Brasil, a Lei nº 8.842/94 (Política Nacional do Idoso) e a Lei nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso) são fundamentais no apoio e amparo a essa população, e garantem um Programa Preparatório para a Aposentadoria (PPA). O investimento neste projeto, portanto, é uma ação de cidadania e responsabilidade social, uma vez que trata do justo reconhecimento a quem investiu valioso tempo de sua vida ao trabalho e à sociedade. Seu objetivo é preparar os colaboradores mais experientes, cidadãos ainda produtivos, para que possam encarar sua nova realidade e enfrentar o mundo fora do trabalho formal, com autoestima elevada e motivação necessárias para suas novas atividades. Assim, oferece ao empregado em condições de ou próximo à aposentadoria, assim como a seus familiares, preparação por meio de orientações e reflexões para sua nova realidade do ponto de vista jurídico, econômico-financeiro, biológico, psicológico e social.
Cada vez mais as empresas se dedicam a criar cursos, oficinas e palestras para o programa PPA. O envelhecimento e o engajamento do idoso em atividades voluntárias passaram a ser alvo de atenção e estudos, pois o idoso encontra no voluntariado uma forma de ocupar seu tempo de forma produtiva, de compartilhar talentos e habilidades adquiridos durante toda a vida e, ainda, de construir novos relacionamentos. É, para a pessoa idosa, uma oportunidade de participação completa e efetiva na vida econômica, social e política de sua comunidade.
Se o cenário no início do século 20 apontava para uma expectativa de vida média de 45 anos, entramos no século 21 com uma expectativa perto dos 75 anos. Na Assembleia das Nações Unidas, em 2002, na cidade de Madri, foi elaborado um Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento: “Uma sociedade para todas as idades possui metas para dar aos idosos a oportunidade de continuar contribuindo com a sociedade. Para trabalhar nesse sentido, é necessário remover tudo o que representa exclusão e discriminação contra eles”.
Lembramos ainda que a escolha da atividade voluntária deve ser espontânea, e os idosos devem buscar ações que realizem com alegria, em situações apropriadas aos seus interesses, valores e capacidades. Como exemplo, nossa equipe de voluntários do Centro de Voluntariado de São Paulo conta hoje 34 voluntários, sendo que 38% deles têm mais 60 anos. Eles formam uma equipe ativa, atuante, comprometida e responsável, que muito contribui para o sucesso e impacto de nossas ações.
