Em muitas organizações do Terceiro Setor, o recrutamento e a seleção de voluntários obedecem a procedimentos parecidos com os das empresas do setor privado. O “processo seletivo social” tem o objetivo de identificar pessoas engajadas e comprometidas com a causa e mantê-las nas instituições. E a escolha começa dentro de casa, na descrição das atividades que serão desenvolvidas por quem quer doar seu tempo, trabalho e talento.
No Doutores Cidadãos, um dos programas da Oscip Canto Cidadão, que atua em hospitais e asilos de São Paulo, o recrutamento começa com a definição de critérios para ser voluntário. “Em um primeiro momento, basta o interessado ter mais de 17 anos e se identificar com o nosso principal objetivo: a amenização hospitalar”, diz Luciana Telles Ferri, uma das coordenadoras de voluntários da entidade.
Definido o perfil desejado, é preciso escolher a forma de convocação das pessoas, ou seja, de que maneira e onde a vaga será divulgada. A Canto Cidadão faz dois recrutamentos por ano para o Doutores Cidadãos, oferecendo de 55 a 100 vagas. “Como em qualquer empresa, a oferta depende da demanda, que pode surgir com novos hospitais e asilos atendidos, devido ao desligamento de voluntários, entre outros motivos”, conta a coordenadora Luzia Cristiana da Silva.
Para comunicar as vagas, a entidade utiliza pelo menos três meios de divulgação: rádio, mais especificamente o Programa Canto Cidadão, transmitido pela emissora Boa Nova (1.450 AM), cartazes fixados em hospitais onde a instituição atua e, sobretudo, a famosa propaganda boca-a-boca entre os voluntários. “Chegamos a receber aproximadamente 600 inscrições por recrutamento”, afirma Fernanda Coimbra dos Santos, também coordenadora de voluntários.
Seleção
Depois da convocação, vem a seleção, que, no Canto Cidadão, consiste em uma prova de conhecimentos gerais, testes de raciocínio lógico e redação. “Aqui, temos uma triagem natural”, conta Luciana, reforçando que essa etapa visa avaliar o grau de informações gerais do interessado, como ele imagina o trabalho em hospitais, entre outras características.
Os aprovados são encaminhados para entrevista com a equipe de coordenadores. “Durante a conversa conhecemos melhor o interessado, o entendimento dele sobre trabalho voluntário, quanto tempo ele dispõe para o trabalho social, qual o grau de comprometimento, e também falamos sobre o programa de voluntariado e nossas expectativas”, explica Fernanda.
Antes de se tornar um “Doutor Cidadão”, o candidato passa por um treinamento teórico e prático de quatro meses e meio. “Nessa fase, avaliamos, entre outros quesitos, presença, pontualidade, organização, adequação ao figurino, respeito à orientação, postura geral, bom senso e capacidade de ouvir”, finaliza Luzia, lembrando que, atualmente, são 600 voluntários trabalhando ativamente e outros cem em treinamento neste semestre, o que configura o maior grupo de voluntários palhaços hospitalares do mundo.