Viviane Senna

Por: Thaís Iannarelli
01 Janeiro 2009 - 00h00

A educação é a única via capaz de transformar o potencial nato de cada um”. Esta frase de Viviane explica o motivo pelo qual o Instituto Ayrton Senna, presidido por ela desde sua fundação, realiza atividades de formação e capacitação.

Formada em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e especializada em psicologia Junguiana, atuou na área durante muitos anos até fundar o instituto com a família e se tornar referência no Terceiro Setor.

Em entrevista à Revista Filantropia, Viviane fala sobre a atuação do instituto, traça pers-pectivas para o futuro e opina sobre a situação da área social no Brasil.


Revista Filantropia: Como surgiu a ideia de criar o Instituto Ayrton Senna?

Viviane Senna: O Ayrton se sentia incomodado com a desigualdade social. Em março de 1994 ele conversou comigo sobre sua vontade de realizar um trabalho voltado à educação que ajudasse crianças e jovens a terem oportunidades de desenvolvimento. Ficamos de falar mais sobre o assunto, mas infelizmente não deu tempo. O instituto foi fundado em novembro daquele ano pela minha família.

RF: Desde a fundação, quantas crianças e jovens foram atendidos?

VS: Atendemos mais de 9,5 milhões de crianças e jovens em 1.360 municípios de 25 Estados. Para isso, capacitamos 468.500 educadores e estabelecemos parcerias com escolas, outras ONGs, universidades e secretarias de educação. Esses são resultados gerais de um trabalho que melhorou a educação oferecida pelas redes de ensino e deu novos rumos à vida de meninos e meninas.

RF: Que valores norteiam as ações do Instituto Ayrton Senna?

VS: Os valores se baseiam na crença de que todas as crianças e jovens têm potencial, mas precisam de oportunidades para desenvolvê-lo. E nós oferecemos essas oportunidades por meio de programas educacionais, que são eficazes porque têm como foco a gestão da educação, sempre conectados às necessidades do país. O nosso objetivo é trabalhar pela melhoria da educação, para que as crianças aprendam bem e desenvolvam os seus potenciais, na idade e série certas.

RF: Que projetos são desenvolvidos atualmente?

VS: Desenvolvemos nove soluções educacionais. Por meio delas, são trabalhadas a aceleração da aprendizagem, o combate ao analfabetismo de crianças repetentes, a gestão escolar, a avaliação e o acompanhamento do aprendizado nas séries iniciais do ensino fundamental (Programas Acelera Brasil, Se Liga, Gestão Nota 10 e Circuito Campeão, respectivamente). Para qualificar o tempo em que o aluno está fora da escola, oferecemos soluções que utilizam o esporte, a arte e o trabalho com a juventude (Programas Educação pelo Esporte, Educação pela Arte e SuperAção Jovem). Na área de educação e tecnologia, temos os Programas Escola Conectada e Comunidade Conectada, que qualificam a educação, promovem a inserção digital e preparam jovens e adultos para um melhor desempenho no mercado de trabalho.

RF: Além do trabalho do instituto, de quais outras ações você participa?

VS: Participo de grupos que focam na educação e no desenvolvimento humano, como o Comitê Executivo do Compromisso Todos pela Educação, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, instituído pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, o Conselho Político Estratégico do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), o Conselho do Instituto Coca-Cola, o Conselho Consultivo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre outros.

RF: A sustentabilidade do instituto se apoia em parcerias públicas e privadas?

VS: Parte dos recursos que garantem a sustentabilidade do instituto vem dos 100% dos royalties sobre uso de imagem do Ayrton e do Senninha, cedidos pela minha família. Hoje temos 240 produtos licenciados. Outra parte é gerada pelas alianças com empresas socialmente responsáveis, como Bradesco Capitalização, Microsoft, Vale do Rio Doce, Votorantim, Citigroup, HP Invent, Vivo, Martins, Neoenergia, Lide/EDH, Lilly, Tribanco, IBM, Grendene e Credicard/Citi. Em 2008 também abrimos espaço para as doações de pessoas físicas. Em 14 anos de atividades, o instituto investiu cerca de R$ 161 milhões em programas educacionais, mas os desafios do Brasil são grandes, por isso buscamos sempre novos parceiros para ampliar o trabalho. É importante destacar que, embora haja uma parceria com municípios e Estados, não há repasse de recursos do governo para o instituto e vice-versa. Nós oferecemos o know-how, materiais didáticos, formação para educadores e dimensionamos a estrutura necessária para a implantação do programa, de acordo com as necessidades de cada uma das redes de ensino. Em contrapartida, toda a infraestrutura e a mão-de-obra são oferecidas pelas secretarias.

RF: Como você enxerga o Terceiro Setor no Brasil?

VS: A área no país ainda usa muito a lógica assistencialista e, por isso, não se concentra em resultados. O gerenciamento da pobreza, que é identificado com o Terceiro Setor, sempre foi uma atribuição da Igreja, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Isso fez com que, por muito tempo, temas como educação, saúde e assistência social não fossem vistos como direitos, mas como caridade. No Brasil, isso se prolongou até recentemente. Somente em meados do século passado esses direitos foram reconhecidos. Temos, portanto, 430 anos de caridade contra aproximadamente 70 anos de direitos.

RF: E você considera, então, que a área social está se desenvolvendo?

VS: O Terceiro Setor começa a dar passos mais consistentes, mas ainda precisa amadurecer. É fundamental rever seu papel, que não é de ser assistencialista, mas de oferecer ferramentas concretas para ajudar a sociedade a resolver os problemas cruciais que nos colocam como um país incapaz de gerar oportunidades à maioria de sua população. A atuação pontual e sem sinergia com os demais setores acaba sendo uma ação isolada e sem muita ressonância, usando recursos humanos e financeiros para tiros muito pequenos, o que não leva à resolução de problemas mais urgentes. Mas é claro que há exceções, organizações que pensam estrategicamente, traçam metas, avaliam ações e colhem resultados que fazem diferença, de fato.

RF: Sabendo que o Instituto Ayrton Senna é uma organização de grande porte e conhecida, quais conselhos você daria para pequenas organizações que têm dificuldades em captar recursos e manter suas atividades?

VS: O trabalho das organizações não pode ser pautado apenas pelas boas intenções de quem o faz. É fundamental ter foco em resultados mensuráveis. É preciso diagnosticar o problema, estabelecer metas e definir as estratégias e ações que serão feitas para se chegar a um resultado positivo. Também é importante que esse resultado tenha uma perspectiva de atingir um número cada vez maior de pessoas para que o impacto de sua atuação seja eficaz. A falta de foco em resultados e de gestão estratégica limita as parcerias com o poder público e privado, que são fundamentais.

RF: Quais são as perspectivas para o futuro do Instituto Ayrton Senna?

VS: A população de crianças e jovens sem oportunidades educativas de qualidade ainda é imensa. É só olhar os números: no Brasil, 73% dos alunos de 1ª a 4ª série e 12% dos alunos da 5ª a 8ª, embora estejam na escola, são analfabetos. Isso significa um contingente de 13,6 milhões de crianças por ano que precisam aprender a ler e escrever. Outro dado é que 9,3 milhões de alunos do ensino fundamental estão defasados, ou seja, são repetentes. O tempo médio para a conclusão do ensino fundamental tem sido de dez anos, sendo que o ideal é fazê-lo em oito. Há dois anos desperdiçados aí. Esperamos que esse cenário mude e que isso aconteça o quanto antes, que o governo desenvolva políticas públicas eficientes para a educação. Enfim, nós atuamos hoje para que, um dia, o instituto não precise mais existir.

Link:
http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna


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