Recém-Deficientes Físicos

Por: Flávia Romeo
07 Julho 2015 - 14h44

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A gestão de suas atividades laborais em favor de sua qualidade de vida

A administração existe há muitos anos e, por  ser uma prática antiga, acabou sofrendo certas  mudanças através do tempo, influenciada pela  cultura e valores da sociedade, sendo necessário  criar novas estratégias de gestão, levando em consideração  não apenas a quantidade e o tempo de produção, mas também  o fator humano. 

A partir do entendimento da importância das pessoas dentro  da organização, devemos fazer uma refl exão acerca da importância  da qualidade de vida no ambiente laboral e na infl uência que ela  exerce em outros aspectos da vida de um indivíduo. 

A qualidade de vida no ambiente de trabalho é um assunto  que preocupa não somente a classe trabalhadora da atualidade,  como também as grandes empresas, que vêm procurando cada vez  mais fornecer condições de trabalho adequadas para contribuir  com a qualidade de vida de seus colaboradores, englobando  valores de saúde, harmonia e motivação. 

Entretanto, não somente de funcionários saudáveis e fisicamente  íntegros se constrói um ambiente de trabalho. A deficiência,  de um modo geral, é um dos assuntos que mais geram  reflexão na sociedade atual, tanto na política, quanto na educação.  Cada vez mais há a preocupação com a acessibilidade,  a integração e a interação social desses indivíduos. O espaço  dessas pessoas está sendo conquistado aos poucos, e hoje em  dia não é raro ver deficientes trabalhando, estudando e interagindo  com a sociedade. 

Desde que entrou em vigor a Lei nº 8.213, em 24 de  Julho de 1991, tornando obrigatória, entre outras medidas,  uma cota para deficientes dentro das empresas, a procura  por profissionais da categoria tem aumentado cada vez mais.  Apesar de a medida ser uma forte aliada do movimento de  inclusão de pessoas com deficiência, a empresa deve se preocupar,  acima de qualquer coisa, com a qualidade de vida  desses funcionários, pois de nada adianta incluir o indivíduo  no ambiente laboral se este não sente que a atividade agrega  valor pessoal e não traz a satisfação que ele busca, especialmente  quando tratamos de pessoas que adquiriram a deficiência,  as chamadas “recém-deficientes” físicas. 

A situação da deficiência adquirida gera dificuldades  para o indivíduo que a sofreu, para seus amigos e familiares.  Além de ter de se acostumar com uma nova perspectiva  de vida, a pessoa ainda tem de reaprender a conviver com o  próprio corpo, envolvendo questões psicológicas, que pode  gerar depressão, situação em que a pessoa reluta em aceitar  sua nova realidade e retomar a vida. Neste momento, é  fundamental que a pessoa tenha o apoio da família e dos  meios sociais em que vive, para encontrar uma forma de  se reerguer. 

A interação social do deficiente, que inclui família, amigos  e, é claro, o ambiente de trabalho, é uma das questões que  mais atraem atenção no âmbito educacional e é um tema que  gera muita reflexão. Por meio da interação social o deficiente  conquista seu espaço, e é de suma importância no processo de  aceitação e superação de pessoas com deficiência adquirida, a  partir de um bom relacionamento familiar, o apoio dos amigos  e a boa gestão do ambiente laboral. 

Quando o meio social em que o recém-deficiente está inserido  cumpre seu papel, ele passa pelo processo de autoaceitação  e reconhecimento do próprio corpo, quando geralmente  há a necessidade, a vontade de voltar a ter uma rotina, sentir  que cumpre um papel social, e muitas vezes acaba recorrendo  ao mercado de trabalho para encontrar a satisfação desejada.  É neste momento que a empresa, o gestor e o departamento  de Recursos Humanos devem trabalhar em conjunto para  garantir o conforto e a qualidade de vida no trabalho dessas  pessoas, fatos tão importantes para o desenvolvimento pessoal  e autoestima. 

Ao se inserir no ambiente de trabalho, existe toda a questão  da acessibilidade, do cumprimento das normas, da ergonomia,  da legislação. Deve-se atentar, além de tudo, à questão  psicológica e emocional do indivíduo, e cabe ao gestor  e ao departamento de recursos humanos a tarefa de fazê-lo  sentir-se acolhido. Quando o gestor toma consciência de seu  papel representativo e de influência dentro de tal contexto, de  forma a acolher o deficiente de maneira adequada, fazendo  com que ele se sinta bem no ambiente, exigindo dele tudo o  que exige de seus outros funcionários (salvo quando a atividade  exigir condicionamento físico acima da capacidade do  deficiente), informando aos membros da equipe sobre as reais  condições do novo funcionário, incentivando a integração  dele ao ambiente de forma satisfatória para ambas as partes  (deficiente e equipe) e impedindo atitudes preconceituosas,  além de tomar a devida atitude quando comprovadas condutas  desse tipo dentro do ambiente, e o departamento de Recursos  Humanos age de forma eficaz, afirmando a importância do  trabalho que o colaborador desenvolve para a empresa, reconhecendo  seus méritos e incentivando-o a buscar a melhoria  contínua, a tendência é trazer benefícios para a empresa e  para o colaborador, que cada vez mais vai se sentir incentivado  e motivado para continuar trabalhando. Isso contribui,  consequentemente, para sua perspectiva e qualidade de vida. 

A teoria é comprovada a partir de um estudo de caso  feito com Larissa Gouveia, uma jovem que, aos 23 anos de  idade, devido a um acidente de carro, perdeu o movimento  das pernas, e encontrou no trabalho uma maneira de se  reerguer. Seu caminho não foi fácil: foi repleto de dificuldades,  depressão, e falta de crença de que sua vida poderia  voltar ao normal, e isso é muito comum em pessoas  que já passaram por uma situação semelhante. Mas, felizmente  Larissa vem de uma boa base familiar e com o  apoio deles, que a incentivaram a retomar a vida, foi à  procura de um emprego, alcançando seu objetivo pouco  tempo depois. O fato principal é que graças à retomada  de rotina, do reconhecimento de seu valor profissional e  pessoal, Larissa hoje vive uma vida normal dentro de suas  limitações: anda de bicicleta, pratica esportes, faz teatro  e também tem uma vida conjugal. 

Apesar de sua história ter um “final feliz”, compreende-  -se que o caso de Larissa é uma das “exceções à regra”. Além  de ter a sorte de estar inserida em um meio familiar social  propício, por ter apoio e incentivo das pessoas que a cercam,  também teve a capacidade de conseguir um emprego  numa empresa que possui uma forte cultura, valores e responsabilidade  social, que tem condições de acessibilidade  adequadas para seu caso e que reconhece seu bom trabalho,  de modo que já a premiou por seu desenvolvimento,  incentivando-a a ser uma profissional cada vez melhor.  A moça conta que isso fez grande diferença no seu processo  de superação e autoaceitação. O reconhecimento foi  crucial para que tomasse consciência de que era preciso  seguir em frente. 

Entretanto, há o conhecimento de outras histórias de deficientes  que não conseguiram a reabilitação, não conseguiram  superar, talvez pelo emocional não tão consistente quanto o  de Larissa, talvez pelo meio inserido, e são essas pessoas que  nos devem motivar a refletir e ter cada vez mais consciência  sobre a necessidade e a importância do problema da inclusão  e da qualidade de vida. 

Garantir a integração dos deficientes no ambiente de trabalho  não assegura a qualidade de vida deles, não assegura  que eles tenham um feedback aceitável da empresa e do gestor  quanto a sua capacidade e produtividade. Muitas vezes,  o deficiente entra na empresa por meio das cotas, mas não  tem uma atividade laboral compatível com sua formação e  sua capacidade. É importante que as empresas, principalmente  os gestores e o RH, atentem-se a isso. 

É preciso haver uma maior conscientização acerca do  assunto, as empresas necessitam melhorar sua acessibilidade,  treinar os gestores, o RH e os funcionários para o convívio  com a pessoa com deficiência. Só assim será possível fornecer,  além da inclusão, a qualidade de vida no trabalho dessas  pessoas, que beneficia não só seu lado profissional, mas  auxilia na autoestima, na saúde e no bem-estar da pessoa  com deficiência.

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