Que Tal Acendermos A Luz No Fim Do Túnel?

Por: Paula Jancso Fabiani
07 Outubro 2015 - 12h43

 

Operação Lava Jato, Máfia dos fiscais, Mensalão... Nos últimos meses – ou anos –, os brasileiros se acostumaram a conviver com uma nomenclatura toda especial, que surge no noticiário com frequência. O que todas as expressões têm em comum é que se referem a ações nas quais os bens públicos foram desviados para interesses absolutamente privados, reduzindo o volume de recursos que seriam aplicados para o desenvolvimento do país e à melhora da condição de vida das camadas mais vulneráveis da população.

Diante desse quadro, duas consequências nocivas podem se dar na consciência da sociedade. A primeira seria o que a filósofa Hannah Arendt chamou de ‘banalização do mal’. É a perda gradual da capacidade de se indignar diante de situações indignantes. De tanto presenciar crimes, as pessoas param de se sensibilizar e se revoltar, como uma forma de defesa contra o sofrimento constante. A segunda seria a desesperança que pode se estabelecer quando se conclui que não existem políticos honestos, não existem gestores públicos bons, portanto, não vale a pena lutar para modificar a realidade.

Qualquer uma das reações é profundamente nociva, e a combinação delas, pior ainda. Talvez caiba à comunidade de filantropos, que decidiu agir no sentido oposto ao que presenciamos no cenário político brasileiro, ou seja, optou por aplicar recursos privados em favor do bem público, o papel de acender uma luz e mostrar que esta realidade não é inevitável, e que não podemos, nem devemos, acostumarmo-nos a ela.

Com essa reflexão em mente é que o Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) escolheu como tema transversal do IV Fórum Brasileiros de Filantropos e Investidores Sociais ‘A Filantropia em tempos de crise’. Não apenas de crise econômica, mas também em tempos de crise moral e ética. Queremos reunir filantropos e investidores sociais para discutir o que fazer quando a economia fica cada vez mais desfavorável e cresce a descrença no papel das lideranças e das instituições.

Alguns exemplos inspiradores podem ser encontrados fora do país. Um deles é a Fundação Ford, que, na crise de 2008, perdeu US$ 4 bilhões de seu fundo patrimonial – o que representava cerca de 30% do patrimônio. Entretanto, em vez de reduzir o investimento social, a entidade reorganizou sua estrutura para diminuir os custos e manteve os níveis doação. Os gestores entenderam que é no momento mais difícil para o país e para a população que uma organização filantrópica precisa estar presente e representar um ponto de apoio para os mais prejudicados.

No Senegal é possível encontrar a Fundação Mo Ibrahim, que trabalha para melhorar a qualidade governamental na África. Fundada por um empresário sudanês, a entidade criou o Índice Ibrahim de Governança na África, que elabora, todos os anos, um anuário estatístico apontando a qualidade da governança em cada país africano, a partir dos seguintes parâmetros: segurança e respeito às leis, participação popular e respeito aos direitos humanos, oportunidades sustentáveis de progresso econômico e desenvolvimento humano. Esta foi a forma encontrada por esse empresário para chamar a atenção para os problemas gerados pela má gestão pública no continente africano, e também de reconhecer os políticos que se esforçam para mudar o rumo dessa história.

Bem mais perto do Brasil, na Guatemala, existe uma iniciativa que busca fortalecer as instituições jurídicas do país. O trabalho é desenvolvido pelo casal Lorraine e Alfonso Carrillo, cuja família é sócia e fundadora de um dos mais tradicionais escritórios de advocacia na Guatemala.

A proposta do IV Fórum é apresentar casos como os citados anteriormente e discutir como os filantropos do Brasil podem contribuir com o país em um momento político e econômico delicado. Pesquisas indicam que os investidores sociais brasileiros têm privilegiado maciçamente os temas focados na criança e na Educação. Uma pesquisa do IDIS e IPSOS realizada em 2013 mostrou que 42% dos doadores brasileiros sentem-se mais propensos a endereçar seu dinheiro para ações ligadas à educação/criança, enquanto apenas 2% se sensibilizam com as causas dos direitos humanos ou da geração de renda. A última edição divulgada do Censo GIFE, realizado a cada dois anos pela organização de mesmo nome, mostrou que 86% dos associados desenvolvem ou apoiam alguma atividade relacionada à educação, enquanto quase a metade deles, 48%, envolve-se com geração de renda e 41% com defesa de direitos.

O que se percebe é um Terceiro Setor profundamente consciente de seu papel de educador e cuidador das novas gerações – o que é muito bom –, mas não tão focado nas necessidades mais prementes do momento presente. E a verdade é que precisamos abraçar o futuro e o presente. Precisamos mostrar agilidade, flexibilidade e disposição para atender as demandas na medida em que elas surgem, e a realidade político-financeira do país sofreu uma violenta deterioração a partir de 2013, acentuando-se no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Mais do que lamentar o que vem acontecendo, o IDIS quer convocar os investidores sociais para a discussão de seu papel e para a construção de uma agenda positiva que possa agir concretamente sobre os principais efeitos maléficos da crise, e também servir para levantar uma bandeira em defesa dos valores que julgamos mais apropriados para o funcionamento de uma sociedade mais promissora e justa.

O estudo ‘A Eficácia dos Investimentos Sociais no Brasil’, desenvolvido pela McKinsey&Company, confirma a necessidade de iniciativas que promovam a atividade filantrópica no país, especialmente após a queda das doações de capital estrangeiro ao Brasil. Entre 2002 e 2006, as doações dos Estados Unidos ao Brasil sofreram redução de cerca de 70%. O mesmo estudo mostra que os principais filantropos brasileiros doam, aproximadamente, 0,5% de sua riqueza, por ano, as suas próprias fundações, enquanto nos EUA a média de doação dos grandes filantropos é de 3%.

Além disso, muitos investidores sociais atuam de forma isolada, sem troca de conhecimentos e experiências, impossibilitando oportunidades de parcerias. Torna-se cada vez mais imprescindível que o investimento social seja utilizado de forma estratégica, otimizando, assim, os recursos para uma verdadeira transformação social. Com este propósito, as trocas de informações e experiências se mostram vitais para o crescimento e amadurecimento da filantropia brasileira.

Fundado em 1999 por empreendedores sociais brasileiros engajados na promoção e estruturação do investimento social privado no país, o IDIS é uma organização da sociedade civil pioneira no apoio ao investidor social no Brasil e na América Latina. Tem como meta facilitar o envolvimento de pessoas, famílias, empresas e comunidades em ações sociais estratégicas transformadoras da realidade, contribuindo para a redução das desigualdades sociais no País. O Fórum faz parte das inciativas do IDIS e busca promover um maior engajamento efetivo de famílias de alto poder aquisitivo e grupos empresariais em programas de investimento social, criando uma cultura de doações no país capaz de apoiar o desenvolvimento de caminhos efetivos para um Brasil mais justo e sustentável.

www.idis.org.br

Tudo o que você precisa saber sobre Terceiro setor a UM CLIQUE de distância!

Imagine como seria maravilhoso acessar uma infinidade de informações e capacitações - SUPER ATUALIZADAS - com TUDO - eu disse TUDO! - o que você precisa saber para melhorar a gestão da sua ONG?

Imaginou? Então... esse cenário já é realidade na Rede Filantropia. Aqui você encontra materiais sobre:

Contabilidade

(certificações, prestação de contas, atendimento às normas contábeis, dentre outros)

Legislação

(remuneração de dirigentes, imunidade tributária, revisão estatutária, dentre outros)

Captação de Recursos

(principais fontes, ferramentas possíveis, geração de renda própria, dentre outros)

Voluntariado

(Gestão de voluntários, programas de voluntariado empresarial, dentre outros)

Tecnologia

(Softwares de gestão, CRM, armazenamento em nuvem, captação de recursos via internet, redes sociais, dentre outros)

RH

(Legislação trabalhista, formas de contratação em ONGs etc.)

E muito mais! Pois é... a Rede Filantropia tem tudo isso pra você, no plano de adesão PRATA!

E COMO FUNCIONA?

Isso tudo fica disponível pra você nos seguintes formatos:

  • Mais de 100 horas de videoaulas exclusivas gratuitas (faça seu login e acesse quando quiser)
  • Todo o conteúdo da Revista Filantropia enviado no formato digital, e com acesso completo no site da Rede Filantropia
  • Conteúdo on-line sem limites de acesso no www.filantropia.ong
  • Acesso a ambiente exclusivo para download de e-books e outros materiais
  • Participação mensal e gratuita nos eventos Filantropia Responde, sessões virtuais de perguntas e respostas sobre temas de gestão
  • Listagem de editais atualizada diariamente
  • Descontos especiais no FIFE (Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica) e em eventos parceiros (Festival ABCR e Congresso Brasileiro do Terceiro Setor)

Saiba mais e faça parte da principal rede do Terceiro Setor do Brasil:

Acesse: filantropia.ong/beneficios

PARCEIROS

Incentivadores
AudisaDoação SolutionsDoritos PepsicoFundação Itaú SocialFundação TelefônicaInstituto Algar de Responsabilidade Social INSTITUTO BANCORBRÁSLima & Reis Sociedade de AdvogadosQuality AssociadosR&R
Apoio Institucional
ABCRAbraleAPAECriandoGIFEHYBInstituto DoarInstituto EthosSocial Profit
Parceiros Estratégicos
Ballet BolshoiBee The ChangeBHBIT SISTEMASCarol ZanotiCURTA A CAUSAEconômicaEditora ZeppeliniEverest Fundraising ÊxitosHumentumJungers ConsultoriaLatamMBiasioli AdvogadosPM4NGOsQuantusS&C ASSESSORIA CONTÁBILSeteco Servs Tecnicos Contabeis S/STechsoup