Personalidades que praticam o bem

Por: Daniela Tcherniacowski
01 Maio 2003 - 00h00
Oito personalidades, cada uma com histórias e experiências de vida diferentes. Porém unidas pelo mesmo objetivo em comum: contribuir para uma causa. São pessoas de sucesso que perceberam, a sua maneira, que poderiam ajudar quem necessita, lutar pelo meio ambiente, oferecer melhores condições a quem não tem. São destaques do esporte, como Raí, Bernardinho e Magic Paula; das artes cênicas, TV e cinema, como os atores Paulo Betti e Marcos Frota (hoje mais especialmente da arte circense); da música, como o guitarrista Da Gama (da banda Cidade Negra) e os rapazes do Jota Quest; e do jornalismo, como César Tralli, da Rede Globo.

São pessoas que aqui se despem da maquiagem e dos flashes da profissão e se mostram como seres humanos comuns, cientes de suas responsabilidades como cidadãos. São celebridades que, através de sua imagem, têm o poder de mobilizar outras pessoas, outras celebridades, recursos materiais e humanos em favor daquilo que acreditam.

Elas nos ensinam que fazer o bem não é uma moda e que não deve ser uma moda. Deve ser obrigação de qualquer um. E não há caridade nisso. Há justiça, solidariedade, compreensão.

E mais do que dar o peixe, elas sabem da importância de se ensinar a pescar. Aqui, a revista Filantropia revela as ações de apenas oito, mas que fazem por muitos que não fazem nada.

Som e Meio Ambiente – Jota Quest

Em 1996, ao participarem de um programa de TV lado a lado com diretores do Greenpeace, os cinco jovens da banda mineira Jota Quest ficaram tão encantados que decidiram se aprofundar nas ações promovidas pela ONG. Visitaram a sede em São Paulo, que acabou ganhando a filiação de todos os membros do grupo.

De lá para cá, o Jota Quest leva, para onde for, a mensagem da organização. Uma das maiores ações, por exemplo, foi a criação da música Oxigênio, inspirada no trabalho do Greenpeace, cujos direitos autorais foram doados para a ONG. “Achamos importante fazer o alerta sobre o que está sendo feito contra o meio ambiente”, diz Márcio Buzelin, tecladista da banda. Foi esse engajamento que possibilitou também a realização, segundo Buzelin, do primeiro show do mundo com utilização de energia solar, que faz parte de uma das causas do Greenpeace de estimular o uso de energias renováveis. Recentemente, a banda vestiu a camisa (literalmente) de outra campanha realizada pela organização que teve o apoio, inclusive, de personalidades como o ministro Gilberto Gil. “Ajudamos o Greenpeace a protestar em favor do mogno, que está, aos poucos, sendo extinto do País por causa da extração ilegal da madeira”, explica o tecladista. Essas e outras causas renderam ao grupo uma homenagem do governo de Minas Gerais que concedeu aos rapazes o título de cidadãos honoráveis.

Música e arte na Baixada – Da Gama (Cidade Negra)

Nascido no Morro do Cabuçu, na Baixada Fluminense, o guitarrista Da Gama, da banda Cidade Negra, é outro exemplo do menino pobre que sobreviveu à violência e à pobreza de uma comunidade carente do Rio de Janeiro. Aprendendo a tocar violão aos 12 anos de idade, ele rendeu-se à paixão pela música e mergulhou na vida artística que, felizmente, fervia na comunidade através de vários movimentos culturais de rua. Por volta de 1996, com o objetivo de organizar melhor as atividades e estendê-las a toda região, ele criou a UCEBA – União Cultural e Esportiva da Baixada, que consistia em cursos de teatro, dança, cinema e oficinas culturais realizadas pelos próprios moradores. Graças ao trabalho no Cidade Negra, conseguiu alugar uma casa, reforma-la e fundar o espaço, voltado para cerca de 20 crianças e adolescentes na faixa dos 8 aos 17 anos. “Até a polícia, que vivia fazendo ronda no local, acabou modificando o comportamento ao conhecer o que era feito lá”. Entretanto, por falta de recursos, a UCEBA acabou sendo fechada há cerca de três anos. “Ainda sonho ver o projeto funcionando novamente”, diz. Porém, o fim da UCEBA não chegou a significar a morte da vida artística do local. Muito pelo contrário. A música que tanto contagiava as pessoas do Morro do Cabuçu acabou sendo incorporada a outro projeto paralelo organizado pelo guitarrista, o Baixada em Alta. Um evento de rua que une música, teatro, poesia, artes cênicas e gincanas com as crianças e adolescentes da comunidade. “Elas conseguem enxergar a vida com outros olhos e não cair na criminalidade”, diz Da Gama.

O guitarrista não pára: já está assinando a MP do B – Música Periférica do Brasil, que resgata a música feita na periferia da cidade do Rio de Janeiro, como o funk carioca e o samba dos anos 60. “Cabe a nós, artistas, levar à comunidade aqueles que nos influenciaram. Isso também é uma oportunidade de abrir portas para as pessoas”, completa.

Universidade do Circo – Marcos Frota

Nos anos 80, um personagem da novela Cambalacho fazia sucesso na TV, principalmente entre as crianças. Era um artista de circo representado pelo ator Marcos Frota que, de tão apaixonado que ficou pelo personagem, acabou tornado o seu papel na vida real.

Hoje, mais de uma década depois rodando o Brasil com o circo que montou, o Grande Circo Popular, o ator, mais do que levar o riso e a alegria por onde passa, transforma a vida de centenas de crianças e adolescentes carentes. “Havia um apelo das próprias crianças e das prefeituras das cidades de se desenvolver algo social utilizando o circo”, diz.

Foi então em 1991, em Fortaleza, que Marcos Frota iniciou o projeto Respeitável Turma, abrindo lonas de circo em áreas populares com a parceria do governo local. “Aquele menino inquieto, problemático, acaba descarregando a adrenalina no circo”. Segundo Frota, além das atividades circenses ensinadas para as crianças, há também lições de cidadania, respeito, solidariedade que são transformadores inclusive na família. “Em poucas semanas é possível sentir que a magia do circo se espalha em todos”.

O projeto cresceu e ganhou tanta força que hoje virou uma universidade livre do circo, a Unicirco. Com o apoio do governo de Minas Gerais e da Universidade de Montes Claros, a primeira Unicirco está sendo instalada no campus da universidade, em terreno de cerca de 35 mil metros quadrados cedido pela prefeitura. É um enorme espaço com picadeiro e tudo o que um circo tem direito, onde cerca de 210 crianças a partir dos cinco anos de idade poderão descobrir as estripulias de trapezistas, mágicos e toda a trupe que encanta meninos e meninas de todo o Brasil. O lançamento, previsto ainda para este mês, terá a participação do Ministro da Cultura, Gilberto Gil. Segundo o ator, o custo total para a implementação da Unicirco chega a R$ 2 milhões.

Os jovens não só aprenderão a ser artistas de circo, mas também saberão trabalhar como técnicos de luz, contra-regra e outras funções. “A idéia é capacitar os alunos para formar uma nova geração de artistas, técnicos e professores circenses”, explica.

Seu objetivo atualmente é conseguir maior apoio do governo federal e da sociedade em geral para poder espalhar o projeto pelo País. “A sociedade precisa parar de olhar para o próprio umbigo e criar uma grande rede de proteção social para os mais carentes e excluídos”, diz.

Teatro para todos – Paulo Betti

Da magia dos palcos à realidade crua daqueles que nunca entraram num teatro ou cinema, Paulo Betti conhece bem ambos os lados. Criado em Sorocaba, Paulo foi um dos 14 filhos de uma família pobre do interior de São Paulo que, graças à paixão pela arte, ultrapassou a barreira da exclusão social para se tornar um ator respeitado e bem sucedido profissionalmente no teatro, na TV e no cinema.

Outro traço marcante que esteve sempre associado ao seu nome é o engajamento político, tendo sido um dos mais famosos militantes do PT. “Eu queria transformar o mundo”, diz.

Hoje, sua luta reflete-se nos projetos que conseguiu empreender como a Casa da Gávea e o Instituto Cultural Vila Leão, nos quais é presidente. O primeiro, localizado no Rio de Janeiro, é uma associação cultural sem fins lucrativos fundada por ele há 11 anos, onde são realizadas montagens de peças, cursos e pesquisas sempre voltados para a reflexão e formação de novos artistas e técnicos de teatro.

As atividades são pagas, mas a casa oferece bolsas integrais de estudo para os mais carentes, que chega a 5% do total de vagas.

Sua grande realização, na verdade, foi ver aberto, em dezembro de 2001, o Instituto Cultural Vila Leão. Com atuação parecida com a Casa da Gávea, o instituto tem dois grandes diferenciais. Um é que, ao contrário da Casa, 80% dos alunos vêm de classes sociais mais baixas. O outro refere-se ao próprio espaço. Foi lá onde ele foi criado e que fez preservar sua memória com a transformação da casa num local em que outras crianças pobres, como ele foi um dia, sonham em se tornar grandes artistas.

“Criei essas duas instituições, pois acredito que a arte é a melhor forma de resgate humano, econômico e social”, explica.

Atualmente, Paulo Betti está em pleno vapor para começar a rodar, em junho deste ano, seu primeiro longa-metragem. Para tanto, contará com todos os alunos do Instituto Cultural Vila Leão para fazer figuração. Uma forma de inseri-los no trabalho profissional. “O próximo passo é montar uma rádio educativa e um curso de cinema, mas para isso é preciso do apoio das empresas, de doações”, declara.

Jornalismo engajado – César Tralli

Irmão de uma deficiente e filho de uma diretora da APAE de São Paulo, o jornalista César Tralli já expressava desde cedo um vocabulário pautado na filantropia, beneficência e solidariedade.

Herdou da mãe - “uma verdadeira Madre Teresa”, brinca - a preocupação de poder contribuir para a melhoria da vida de outras pessoas.

No prédio em que mora, por exemplo, seu nome não está somente associado a um dos rostos bonitos que aparecem nos telejornais, mas também à demonstração de carinho e respeito que apresenta com os funcionários. “Dou cesta básica para os porteiros e o zelador, e os auxilio em coisas simples, mas de grande importância para eles”.

Esse envolvimento diário com as pessoas ele também reflete no trabalho, quando está nas ruas fazendo reportagens. Foi dessa forma que, há cerca de três anos, conheceu o Projeto Sol, na periferia de São Paulo. “Fiquei tão impressionado que na mesma hora disse que queria fazer alguma coisa”, relata.

Com a missão de minimizar a violência na região, marcada pelo tráfico de drogas, o Projeto Sol oferece atividades educacionais, culturais e esportivas diversas, complementares à escola, para cerca de 200 crianças e jovens de 4 a 18 anos de forma a prevenir a delinqüência. “Com a reportagem e outras ações de divulgação e apoio, conseguimos realizar um sonho antigo, de comprar um terreno para ampliar o projeto”, diz Tralli.

Voluntário assíduo, ele costuma visitar a entidade ao menos uma vez por mês para dar palestras, levar brinquedos e ajudar nas atividades. “O trabalho realizado no projeto é a prova de que é possível combater, de fato, a exclusão social. Senti na pele que os meninos têm sonhos e muita vontade de fazer coisas e sair do círculo vicioso da violência”.

O jornalista, que também apóia entidades como a AACD e a APAE, está à frente de um grande desafio pessoal: criar um programa semanal, de uma hora de duração, voltado especialmente para o Terceiro Setor na Globonews, TV paga da Globo. “Quero apresentar ações de ONGs de periferia e pequenas iniciativas, que ainda são desconhecidas do público, mas são simples e dão resultados”, diz Tralli.

Um é jogador de futebol dos mais carismáticos e celebrados tanto no Brasil, pela atuação no São Paulo Futebol Clube; quanto na França, no Paris Saint Germain. Outro é técnico que comanda a seleção masculina de vôlei, com quem foi campeão mundial. E a outra é uma das maiores jogadoras de basquete do País, na dupla com a rainha Hortência.

Nem é preciso dizer os nomes deles, mas faz-se necessário falar daquilo que muita gente ainda não conhece, que faz parte do dia-a-dia – não dos atletas, mas das pessoas Raí Souza Vieira de Oliveira, Bernardo Rezende e Maria Paula Gonçalves da Silva. Trata-se das ações sociais que eles promovem, uma maneira de compartilhar com (quem sabe) futuros craques, as oportunidades e o talento que os fizeram ser o que são hoje.

Gol de Letra – Raí

Belos, jovens, bons de bola e cheios de vontade de minimizar a injustiça social, eles formam o time estrelado que vê crescer a cada dia o resultado de um trabalho iniciado há quatro anos. No comando da Fundação Gol de Letra, os jogadores de futebol Raí e Leonardo investem hoje na formação de cerca de 600 crianças e adolescentes, com a missão de garantir-lhes o direito à educação, cultura e assistência social.

“Estamos tentando provar na prática que a educação, complementada com esporte e cultura, pode diminuir os problemas sociais”, diz Raí.

Segundo ele, com apenas dois anos de existência, a atuação da fundação já pôde ser sentida dentro da comunidade. “Vimos surgirem grupos de teatro e agremiações formadas pelos jovens e isso é a maior prova do nosso objetivo de promover agentes multiplicadores”, conclui.

Encestando a pobreza – Magic Paula

Magic Paula é do tipo que prefere não falar muito sobre as causas sociais que abraça. “Faço de coração e não no intuito de aparecer”, diz. Em compensação, faz questão de associar sua imagem a trabalhos reconhecidamente sérios. Um deles é o Projeto Anchieta, que objetiva criar condições para a reestruturação de famílias, crianças e adolescentes em situação de risco social.

“Ela é uma grande facilitadora e fonte de inspiração para os jovens”, diz Antonieta Bergamo, diretora do Projeto Anchieta. Localizado no bairro do Grajaú, em São Paulo, atua com educação complementar para 300 crianças e adolescentes, de 3 a 17 anos, além de cerca de 500 adultos, entre pais e membros da comunidade.

Atualmente, no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da Prefeitura de São Paulo, Paula revela que tinha em mãos um projeto próprio esperando somente patrocínio para ser implementado. Porém, não conseguiu parceiros. “As pessoas só investem em ações que já estão dando certo”.

Chamado Passe de Mágica, o projeto da jogadora consiste na criação de um centro esportivo em Piracicaba, cidade onde jogou por muitos anos, nos mesmos moldes do Gol de Letra. “Ainda tenho intenção de monta-lo”. Se optar por algo diferente, ao menos outra idéia ela já tem. “Antes de acabar com a fome no Brasil, é preciso orientar mulheres de que não é possível ter dez filhos ganhando apenas o salário mínimo”, critica.

Vôlei em ação – Bernardinho

Ele é sério, exigente e muito dedicado. Essa intensidade com que Bernardinho se agarra ao trabalho também está presente no projeto Vôlei em Ação coordenado por ele, que beneficia 72 crianças de 8 a 16 anos da comunidade Vila das Torres, em Curitiba, no Paraná.

“A melhor forma de retribuir as coisas boas que o vôlei me proporcionou foi montar um projeto com boa estrutura, que investisse na formação de jovens atletas e de cidadãos responsáveis e conscientes de seus deveres e direitos”, diz.

Recentemente, Bernardinho também participou da inauguração de mais um núcleo do Centro Rexona de Excelência do Voleibol (um dos parceiros do Vôlei em Ação), na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, que irá atender 200 crianças e jovens entre 7 e 14 anos, com aulas ministradas pela ex-jogadora Ana Moser.

Com o apoio da empresa Unilever, responsável pelo Centro Rexona, o técnico pretende abrir seu próprio instituto, chamado Compartilhar. “Quero centralizar todas as ações, incluindo as campanhas que defendo para outras entidades”.

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