Pelos direitos dos animais

Por: Felipe Mello, Roberto Ravagnani
01 Setembro 2003 - 00h00
Em 1996, o município de Taboão da Serra, vizinho da capital paulistana, decidiu tratar de forma diferenciada a questão da posse responsável de animais. Era preciso agir perante o desequilíbrio causado pela falta de informação dos donos de cães e gatos, fator que fomentava a grande população de animais de rua. A medida encontrada foi a união, envolvendo integrantes da saúde pública, veterinários da cidade e população, cuja articulação resultou em uma organização não-governamental: a Arca Brasil.

Soluções em parceria

O trabalho de conscientização saiu do papel em diversas frentes. A prefeitura, pelo Centro de Controle de Zoonoses, passou a doar medicamentos para as clínicas veterinárias, que realizam, desde então, as castrações a preços acessíveis para toda a população. Atuando no cerne do problema, surgia uma alternativa eficiente para a procriação descontrolada a partir de um programa de controle de natalidade de cães e gatos. Segundo Marcos Ciampi, diretor da Arca Brasil, a diminuição do valor cobrado pela esterilização dos animais tem papel decisivo no sucesso desse tipo de ação. “Não adianta fazer o convite por meio de campanhas educativas e cobrarR$ 300 para fazer a castração de uma cadela de porte médio, por exemplo”, explica. Para ratificar a tese, a iniciativa em Taboão da Serra trabalhou para que houvesse redução de até 70% nos preços, fazendo a cidade alcançar recorde nacional de animais castrados, com 25% do total.

Os mais ligados à área financeira podem certamente indagar se os veterinários não tiveram prejuízo com a concessão de descontos tão expressivos. A Arca Brasil, prevendo a dúvida, tem estratégia para esclarecê-la: “Em nossas palestras, os profissionais contam sobre os avanços técnicos e financeiros que obtiveram com o convênio. As clínicas ganharam em experiência e compensaram o desconto com a quantidade de novos clientes”, diz Ciampi. Em 1997, durante congresso realizado pela ONG, houve a exposição do caso Taboão, juntamente com a apresentação do relatório técnico – material que foi vendido para pelo menos outros 50 municípios que buscavam solução para o mesmo problema. Prova da pertinência da iniciativa, também se tornou modelo para a OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde.

Assim atua a Arca Brasil: criando projetos para conscientizar a sociedade e influenciar políticas públicas, a fim de evitar o sofrimento dos animais.

Trabalho que serve de modelo

Criada há quase dez anos, a instituição vem batalhando para superar os desafios de quem busca proteger os animais. “Essa causa é discutida há mais tempo que as questões ambientais e, mesmo assim, é ainda pouco desenvolvida e recebe bem menos recursos”, lembra Marcos. Durante sua existência, a Arca Brasil já realizou inúmeros eventos, como congressos, exposições e mobilizações, além de ter participado como convidada em diversos outros, dentro e fora do Brasil. De fato, a informação é o ponto-forte da atuação da entidade, cuja capacidade de mobilização e difusão de conhecimentos, além da intermediação entre setores técnicos é apontada como suas armas mais poderosas na melhoria da relação homem-animal. Tamanha dedicação ao tema a tornou referência para entidades governamentais e não-governamentais na realização da ponte entre profissionais (em particular, os médicos veterinários), saúde pública, proteção animal e sociedade.

Voluntariado

O recurso humano é outro fator decisivo para o sucesso ou o fracasso e, no Terceiro Setor, a mão-de-obra voluntária agrega muito valor às iniciativas. A Arca Brasil não foge à regra, uma vez que tem um banco de dados com 300 voluntários cadastrados, sendo que 50 já participaram de ações da entidade. “Selecionamos os voluntários com o perfil desejado que recebem treinamento adequado”, informa. Apesar do grande número de interessados, não há um corpo regular de voluntariado, já que as atividades acontecem de forma pontual, e não seqüencial.

Um exemplo de evento com o apoio de voluntários foi a exposição fotográfica realizada em 1999 no Conjunto Nacional, na capital de São Paulo, que teve como tema os preconceitos sofridos pelos gatos e as conseqüências disso no dia-a-dia. Para atrair a atenção de mais de 10 mil visitantes, a mostra apresentou imagens feitas por 14 fotógrafos, além de cartazes elaborados para sensibilizar os espectadores. O resultado, segundo Ciampi, foi muito positivo: “Fomos até convidados para apresentar o caso no maior evento de proteção animal do mundo, a Animal Care Expo, que aconteceu na cidade de Reno, nos EUA”. Serviu de modelo para provar que, fora o estímulo a debates técnicos promovidos pelos congressos, a arte também deve ser acionada para constituir opiniões e expressar conceitos.

Mudança para OSCIP

Tentando fortalecer uma de suas áreas de interesse – a interação com as políticas públicas – e gerar alternativas de captação de recursos, a organização estuda a possibilidade de se tornar uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Dessa forma, termos de parceria poderão ser elaborados junto às esferas governamentais, fazendo com que o conhecimento de causa da Arca Brasil seja colocado à disposição de um número cada vez maior de administradores públicos. Além disso, tornando-se OSCIP, a entidade deverá trabalhar com mais naturalidade a questão da remuneração do corpo diretivo e a elaboração de projetos junto ao empresariado, fazendo-se valer dos incentivos fiscais proporcionados pela Lei das OSCIPs (9.790/99).

Sustentabilidade

Enquanto não efetiva a transição para o novo modelo, a ONG vem captando recursos de certas linhas centrais: venda de produtos com a marca Arca Brasil, doações de entidades internacionais, assinaturas do informativo trimestral e realização de eventos. Atual­mente, 15 lojas de produtos para animais comercializam artefatos da Arca Brasil. São bonés, camisetas, sacolas e adesivos colocados à disposição dos consumidores que simpatizam com a causa. Ciampi informa que algumas lojas recebem comissão sobre as vendas, ao passo que outras abrem mão do percentual. “Nossa meta é conseguir pagar os custos fixos da entidade. Já alcançamos 20% do valor necessário e, para avançar mais, vamos ampliar os pontos de venda de nossos produtos”. A Internet responde por quase metade das vendas: “Nosso site tem ambiente seguro para transações comerciais e aceitamos cartões de crédito como forma de pagamento”, completa o diretor.

Números da Arca Brasil

10 anos de atuação em 2003

1.500 multiplicadores de informação de 12 países reunidos em congressos

25% de animais castrados em Taboão da Serra, recorde nacional

300 voluntários cadastrados

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