O avanço da tecnologia no Terceiro Setor

Por: Luciano Guimarães
01 Julho 2008 - 00h00

O uso inteligente de diversas tecnologias – novas ou não – está se disseminando entre as entidades do Terceiro Setor. Empregadas de variadas maneiras, estão presentes em áreas distintas, como a contábil e a de recursos humanos, sendo aplicadas no desenvolvimento de projetos internos e externos. No fundo, todas essas novidades estreitam as relações com os stakeholders.

Trata-se de um movimento tão fundamental e sem precedentes quanto o ocorrido com a aprovação da lei nº 9.790/99, que estabeleceu uma nova disciplina jurídica às entidades sem fins lucrativos. Mas isso é somente a ponta do iceberg. O Terceiro Setor no Brasil ainda está dando os primeiros passos na utilização de tecnologias mais avançadas, boa parte criada para gerir as atividades de seus colaboradores e das pessoas atendidas.

Dois aspectos estão sendo fundamentais para o incremento tecnológico nos processos realizados pelas organizações sociais. O primeiro, e mais importante, é a competência dos gestores na hora de formar um time de colaboradores preparados profissionalmente, motivados e criativos. Eles são a mola propulsora na formação, implantação e implementação de novas idéias.

O segundo é o rápido desenvolvimento da internet e das telecomunicações fixas e móveis, considerado capital para o barateamento de equipamentos de informática, de mensalidades de provedores e aumento da velocidade de acesso. Desse modo, entidades sem muitos recursos financeiros puderam se informatizar, mostrando-se ao mundo, com sites cada vez mais bem feitos e interativos. Hoje, o mundo virtual é um grande aliado para a obtenção de recursos por meio de doações e de prestação de contas à sociedade.

As entidades estão aproveitando a internet de banda larga como via expressa para economizar. A web trouxe economia e praticidade, com o surgimento dos programas de mensagens instantâneas escritas e, recentemente, com o uso de softwares gratuitos que possibilitam conversas telefônicas pela rede, aliadas a uma webcam. Essas chamadas podem ser gratuitas ou realizadas a preços baixíssimos em comparação às despesas com a telefonia normal.

Apesar desse avanço, o especialista em tecnologia de processamento de dados e análise de sistemas, Antonio Carlos Santana, argumenta que as instituições ainda não adotam de maneira mais eficiente a tecnologia como ferramenta de apoio. “O uso está limitado a algumas planilhas, editores de texto e e-mails. Isso não quer dizer que não seja um grande desejo delas. Falta conhecimento sobre o assunto.”

Segundo ele, que é proprietário da Info-SW, empresa especializada em infra-estrutura de Tecnologia da Informação (TI), as entidades estão bastante focadas em seu papel social, sendo que apenas os recursos básicos de tecnologia, como computadores e e-mails, são utilizados com mais freqüência. “A profissionalização no uso de tecnologia deve ser feita com a ajuda de um especialista em Tecnologia da Informação, que orientará os usuários sobre todos os aspectos necessários para uma boa navegabilidade e acesso ao site, além de atuar na proteção da rede interna, na manutenção dos sistemas, desenvolvimento de cópias de segurança etc.”, ressalta.

Santana afirma que a principal necessidade das entidades é relativa à gestão financeira. Ele defende a implantação de um sistema de gestão financeiro-empresarial conhecido como Enterprise Resource Planning (ERP), que permite controlar receitas e despesas, gerando históricos e provisionamentos, o que dá aos gestores uma visão mais global da “saúde” administrativa. Custa, em média, R$ 5 mil, mas há sistemas com preços mais baixos.

Integração de programas

A tecnologia traz boas respostas às entidades que implantam projetos educacionais interna ou externamente – principalmente se forem de grande monta, pois necessitam de um gerenciamento eficiente e pormenorizado, a fim de evitar perda de tempo e recursos financeiros.

É o caso do Instituto Ayrton Senna (IAS), que atende crianças e jovens em todo o Brasil em vários programas. O IAS desenvolveu o Sistema Ayrton Senna de Informações (Siasi), cuja função é coletar e colocar à disposição dados de natureza quantitativa e qualitativa de cada um dos indicadores dos programas da área de educação formal do instituto. “Com base no número de ausências de alunos, rapidamente são realizadas ações para reverter esse quadro, evitando o abandono escolar. Acompanhamos, por exemplo, quantos livros cada aluno leu, a discrepância entre os alunos que escrevem e lêem, a comparação de escolas, o acompanhamento das visitas dos supervisores e a participação dos professores nas reuniões de planejamento de aulas”, afirma Margareth Goldemberg, diretora executiva do IAS.

Em 2007, o sistema comportou informações relativas a 964.774 alunos, distribuídos em 41.350 turmas em mais de 3 mil escolas. O IAS também está investindo em outros projetos tecnológicos, que serão implantados ainda este ano, com a intenção de tornar o atendimento mais eficaz.

Departamento de TI

O Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis no Estado de São Paulo (Sescon-SP) foi mais longe e criou o seu próprio departamento de Tecnologia da Informação, formado por dez profissionais e dividido em duas áreas: suporte/servidores e desenvolvimento.

A área de suporte/servidores atende o cliente interno do sindicato (sede e regionais), por meio de sistema disponível na internet, o qual realiza abertura e acompanhamento das solicitações e gerencia a infra-estrutura de servidores, promovendo manutenções periódicas e zelando pela segurança das informações.

Já a área de desenvolvimento assumiu o desafio de integrar todos os departamentos da entidade em um único sistema, que centraliza todas as informações e processamento em uma única plataforma, além de criar e gerir o novo Portal Sescon-SP e seus sites satélites (Sescon Solidário, Conviver, Portal do Empresário e Revista Eletrônica).

O arquivamento de informações é outra parte fundamental para a utilização da tecnologia pelo Sescon-SP. “Contamos com uma eficiente rotina de backup em fita LTO – a evolução da antiga fita DAT –, que tem mais capacidade de armazenamento”, afirma o presidente do sindicato, José Maria Chapina Alcazar.

Sem volta

Seja grande, média ou pequena, as entidades brasileiras estão caminhando – cada qual à sua maneira, possibilidade e objetivo – para a implementação de processos tecnológicos. É um caminho sem volta, pois abre às organizações ótimas oportunidades de crescimento e de melhorias nas atividades com todos os seus stakeholders.

Informatização interligará 337 pólos do Projeto Guri

O Projeto Guri, organização que promove a inclusão sociocultural de crianças e adolescentes por meio da música, lançou recentemente um programa de aprimoramento de seus serviços, que será implantado durante todo este ano.

Trata-se da informatização dos mais de 337 pólos abertos à comunidade e do incentivo de uma formação complementar à sala de aula por meio da criação de acervos infanto-juvenis de literatura e música, para ser utilizado por alunos e familiares. A entidade atende cerca de 50 mil pessoas em todo o Estado de São Paulo.

“A informatização dos pólos servirá como ferramenta para incrementar a gestão do projeto em diversos aspectos: administrativo, educacional e social. Será um facilitador para traçarmos melhor o perfil do público que atendemos e para avaliar a eficiência de nosso desempenho nestas três áreas”, explica Alessandra Costa, diretora executiva do Projeto Guri.

De acordo com a gestora, o projeto dos acervos faz parte de um programa mais amplo de atividades com foco na formação complementar, que tem por objetivo se expandir para fora das salas de aula, permitindo aos alunos e seus familiares acesso a outros meios de expressão cultural.

Links
www.ias.org.br
www.infosw.com.br
www.projetoguri.org.br
www.sescon.org.br

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