O estatuto do doador

Por: Instituto Filantropia
08 Janeiro 2014 - 19h21

Neste texto vamos tratar de um assunto de grande relevância, porém muito pouco debatido entre os (as) profissionais de captação de recursos: o respeito aos doadores das organizações.

O doador, ainda que muitas vezes não seja visto desta forma, está para as organizações da sociedade civil como o cidadão está para o Estado e os consumidores para as empresas: ele é o cliente.

Essa afirmação, no entanto, dificilmente é vista por aqui, pois como regra geral entendemos como ‘clientes’ das organizações aqueles que são beneficiados pelas suas ações sociais, culturais, ambientais etc. Estes, de fato, fazem parte da razão de existência das organizações, da missão dela, mas não são os que financiam suas atividades, não são os doadores e, portanto, não são os verdadeiros clientes: não têm necessariamente compromisso com a causa da entidade, ainda que recebam o impacto positivo dela.

Foi a partir dessa crença — a de que devemos respeitar e valorizar os doadores não somente como financiadores das organizações, mas como seus clientes — é que se criou o Estatuto do Doador, série de recomendações que faz parte do Código de Ética e Conduta Profissional do (a) Captador (a) de Recursos, documento que determina as principais diretrizes para quem atua na área de forma ética, íntegra e profissional.

O Código de Ética prevê, como princípios fundamentais na tarefa de captar recursos privados para benefício público (de todos), a integridade, a transparência, o respeito à informação, a honestidade em relação à intenção do doador e o compromisso com a missão da organização que solicita fundos. Esses princípios devem ser seguidos incondicionalmente por todos sob pena de comprometerem aquilo que lhes é mais valioso no exercício de sua profissão: a credibilidade. Para os associados e associadas da Associação Brasileira de Captadores de Recursos são mais que meros princípios, são uma obrigação.

É dentro do Código de Ética que se encontra o Estatuto dos Direitos do Doador. São nove curtas e objetivas recomendações que existem para que pessoas e organizações interessadas em doar tenham plena confiança nas organizações do Terceiro Setor e estabeleçam vínculos e compromisso com as causas que são chamados a apoiar:

  1. 1.Ser informado sobre a missão da organização, sobre como ela pretende usar os recursos doados e sobre sua capacidade de usar as doações, de forma eficaz, para os objetivos pretendidos.
  2. 2.Receber informações completas sobre os integrantes do Conselho Diretor e da Diretoria da organização que requisita os recursos.
  3. 3.Ter acesso à mais recente demonstração financeira anual da organização.
  4. 4.Ter assegurado que as doações serão usadas para os propósitos para os quais foram feitas.
  5. 5.Receber reconhecimento apropriado.
  6. 6.Ter a garantia de que qualquer informação sobre sua doação será tratada com respeito e confidencialidade, não podendo ser divulgada sem prévia aprovação.
  7. 7.Ser informado se aqueles que solicitam recursos são membros da organização, profissionais autônomos, contratados ou voluntários.
  8. 8.Poder retirar seu nome, se assim desejar, de qualquer lista de endereços que a organização pretenda compartilhar com terceiros.
  9. 9.Receber respostas rápidas, francas e verdadeiras às perguntas que fizer.

Como vimos, são recomendações simples e diretas, que de forma clara explicam como deve a organização — e por consequência os (as) captadores (as) — atuar em relação aos doadores, aqueles que são um dos seus maiores ativos e claramente responsáveis pela sua sustentabilidade financeira.

Seguir as recomendações previstas no Estatuto dos Direitos do Doador não garantirá, per se, sucesso no trabalho de captação de recursos. Isso vem com planejamento, investimento, tempo e dedicação. Seguir as recomendações, porém, garantirá que o trabalho desenvolvido pelo (a) captador (a) não será em vão, não se perderá em pouco tempo, possibilitando uma longa e confiável relação entre a organização e seus doadores.

Cientificamente falando, no Brasil, não temos como saber se aquela velha máxima do marketing de empresas, de que é de cinco a sete vezes mais barato manter um atual cliente do que conquistar um novo, vale também para os doadores. Ainda assim, em se tratando de quem investe dinheiro, não há dúvida que o recurso trazido por aquele que já é um (a) doador (a) tem um impacto bastante positivo para a organização, e a deixa menos dependente de novos apoiadores. Cuidar bem deles, portanto, é uma obrigação de todos (as) os (as) captadores (as).

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