Meus maiores erros e o que aprendi com eles

Por: Lyndall Stein
01 Novembro 2009 - 00h00

Uma coisa estranha sobre os erros é que sempre conseguimos encontrar alguns novos para cometer. Eu fico pensando que, na minha idade avançada, aprendi tanto com meus erros que já devo ter cometido todos os possíveis, e já aproveitei minha porção total de erros reais e potenciais. Mas... não! Há sempre mais um escondido, esperando onde menos se imagina. Porém, se você passasse a vida com medo do próximo erro que pudesse cometer, ficaria em casa, e, talvez, ficasse na cama, somente dormindo.

Para celebrar minhas seis décadas, aqui estão seis grandes erros cometidos e o que aprendi com eles. E, acreditem em mim, tenho muitos outros na manga!
Vou começar com os anos trabalhando para o Congresso Nacional Africano – tarefa difícil nos anos 1980, quando nenhum de nós pensava que Nelson Mandela sairia da prisão e, embora tivéssemos excelentes apoiadores, não tínhamos equipamento ou dinheiro para nada – não havia maneira de pagar os designers, consultores ou redatores, mas, por sorte, tínhamos voluntários espetaculares que escreviam e desenhavam propagandas para jornais e nos davam conselhos estratégicos de alto padrão.

Eu possuo esses erros, mas vale lembrar que bons resultados vêm do trabalho em equipe, e resultados ruins geralmente também vêm do trabalho em equipe – quase sempre, quando todos simplesmente fazem alguma coisa um pouco errado, tudo termina em uma grande bagunça.

Mas quaisquer que tenham sido os erros que cometi no Congresso Africano, tivemos um dos melhores e mais convincentes “casos para apoio” de nossas vidas, e um líder de causa que não teve a oportunidade de “contaminar sua marca” ou estragar sua boa reputação – não há muitas oportunidades para comportamentos escandalosos quando se está preso em uma ilha.

Apelo da assinatura

Tivemos um anúncio de uma página pago por nossos colaboradores que listava seus nomes como contribuintes, mas como eram muitos para a página, tivemos de deixar alguns de fora. Foi muito vergonhoso quando, algum tempo depois, fui a uma entrevista de emprego na organização The Terrence Higgins Trust, que lidava com a questão do HIV/Aids, e descobri que dois dos nomes retirados do anúncio eram do meu futuro chefe, Daryl Upsall, e de sua esposa, Miriam. Por sorte, eles me deram o emprego mesmo assim, e depois se juntaram ao time de voluntários quando criamos um grupo de captadores de recursos para a primeira eleição democrática.

O que aprendi

Os problemas aparecem nos detalhes. Confira! Confira! E confira novamente!

Evento Mandela

O primeiro evento que organizamos foi espetacular, e aconteceu no hotel mais chique do Reino Unido – The Dorchester. Era a primeira visita de Nelson Mandela à região depois de 27 anos na prisão. Todos estavam lá – ministros, celebridades e executivos. Houve lágrimas, emoção, todo o necessário para ser um sucesso de captação de recursos. Só houve um problema: nós não passamos um briefing para Mandela, e ele não pediu dinheiro. O congresso estava tão sobrecarregado que não percebeu, então, este evento espetacular não captou muitos recursos.

O que aprendi

Nunca se esqueça da importância do “pedir” – quem não pede, não recebe!

Dados e datas erradas

Quando fui trabalhar na Terrence Higgins Trust, organização inglesa pioneira no trabalho com HIV e Aids, em 1990, os tempos eram difíceis. Não havia tratamentos eficazes disponíveis, e a cada dia mais pessoas ficavam doentes e morriam, geralmente lentamente e com muita dor. Os funcionários e voluntários ficavam muito afetados por isso. Estávamos desesperados por fundos e, desde o começo, trabalhei para construir um poderoso mailing e uma campanha pelo telefone – o problema era que nossos dados estavam muito desorganizados, e incluímos no programa uma das voluntárias, que também estava cuidando do namorado doente. Ele não gostou nada de receber uma ligação solicitando dinheiro, que ele já não tinha, e fez questão de contar para todo mundo.
Não foi muito divertido ser convocada pelo grupo de voluntários, que me disse, em termos claros, o que achavam sobre o que eu tinha feito à outra voluntária, agora nervosa e estressada.

O que aprendi

Dados sujos podem levá-lo a comer sujeira! Entretanto, dados assim podem também ser úteis mais tarde. Devido a um mal entendido com nossa equipe de dados, acabamos com um mailing grande de colaboradores que haviam pedido para não serem contatados. Bem, recebemos algumas reclamações, mas também tivemos nosso melhor retorno até então: £15.000, que era muito dinheiro naqueles dias – e muito necessário.

Telefone Hysteria

Fizemos um evento televisionado de sucesso chamado Hysteria, com muitos comediantes e artistas, mas, em 1993, a renda estava baixa – decidimos fazer uma campanha telefônica com aqueles que tinham doado para o Hysteria, explicando que os resultados foram decepcionantes e que precisávamos muito de apoio. Freddy Mercury tinha acabado de morrer de Aids, fato que tornou nosso apelo mais forte.

O problema foi que um dos colaboradores para quem ligamos com os resultados decepcionantes era o pai do produtor do programa, e nem ele nem a companhia de TV que patrocinou o show tinham se impressionado conosco, e algumas cartas mal-educadas estavam circulando rapidamente. Entretanto, foi um apelo brilhantemente exitoso que trouxe muitos doadores regulares.

O que aprendi

Resultados fracos e doações decepcionantes podem ser a plataforma para apelos de sucesso se você agir rápido e não tiver medo das possíveis consequências. Para a Terrence Higgins Trust, o valor daqueles mil colaboradores durou muito mais do que os egos feridos de alguns produtores de televisão.

Lidando com os doadores

Uma das maiores fundações da Inglaterra é dirigida por uma mulher, que eu cheguei a conhecer bem porque esteve presente em alguns eventos que organizei. Embora ela seja muito, muito rica – ela vale, provavelmente, o produto interno bruto de muitos países, ela sempre foi muito gentil e cortês comigo. Um dia ela me telefonou e perguntou por que eu estive reclamando dela nas suas costas. E o pior é que ela estava certa! Eu tinha conversado com um financiador que conheci há muitos anos e essa informação chegou até ela. Não foi uma boa ideia...

O que aprendi

Você pode ter uma chance de influenciar um financiador ao desafiá-lo diretamente. Não é provável que venham bons resultados quando se faz fofoca. O mundo dos grandes financiadores é pequeno e eles conversam entre si! Eu pedi desculpas e tentei explicar que era difícil desafiar aqueles que tinham poder. Bem... a desculpa não foi boa! E ela teve a gentileza de dividir uma xícara de café comigo. Eu não tenho certeza se mereci aquela xícara de café.
Mas, a maior lição que aprendi é, como meu pai costumava dizer: “se você não cometer erros, é porque não fez nada”.

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