Mais fontes de educação e cultura

Por: Rigeria Salado
01 Março 2007 - 00h00

A versatilidade e a variedade da produção cultural brasileira são dois pontos muito observados pelo público nacional. Hoje, por meio de lojas físicas ou virtuais, é possível encontrar CDs, livros, jornais, revistas, DVDs para todos os gostos e quase todas as necessidades. Quase, porque o mercado de publicações e mídias alternativas para a população com deficiência física, sensorial ou locomotora ainda é um pouco tímido no país.

Não existem pesquisas concretas sobre o tema, mas pode-se perceber que, apesar da ampla gama de opções culturais, nem todas estão acessíveis a esse público específico. Para mudar esse conceito, estão sendo desenvolvidos cada vez mais projetos nesta área, tanto por parte de empresas ligadas ao mercado educacional e cultural quanto por entidades sociais que oferecem diversos serviços a essas pessoas e aos seus familiares.

 

O mercado editorial

Independentemente do tipo de limitação, todos têm o direito de ler. Pensando por este viés, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, com sede em São Paulo, oferece livros falados e em braille para pessoas com deficiência visual em todo o país. Por meio da doação destas publicações, são beneficiadas mais de 1.650 organizações sociais e, por conseqüência, mais de 40 mil deficientes têm acesso às obras.

Pelo processo de impressão em braille, todos os 1.200 títulos do acervo da entidade são produzidos no próprio parque gráfico da fundação. Nossa produção é praticamente 60% para livros didáticos e 40% entre literatura, best sellers, auto-ajuda e música, diz Roberto Fernando Gallo, gerente de produção braille da organização.

Mais de 600 livros falados também são oferecidos à população gratuitamente por meio de doações ou locações, além de algumas revistas de circulação nacional. Semanalmente são produzidos cerca de 2.800 exemplares falados da revista Veja e, por mês, o número de edições faladas da revista Cláudia chega a 1.600. Os livros e revistas falados são produzidos nos estúdios da fundação, assim como sua masterização e duplicação. Existe um trabalho voluntário intitulado leitor domiciliar, no qual pessoas previamente selecionadas e treinadas fazem a gravação em suas residências de pedidos de livros de cópia única – aqueles que não são produzidos em larga escala, como os livros falados convencionais e as revistas faladas, explica Gallo.

Para atender aos 14,5% de cidadãos brasileiros que possuem algum tipo de deficiência, segundo o último censo do IBGE, a Sociedade Bíblica Brasileira (SBB) também investiu neste mercado especial de publicações. Com secretarias regionais em oito capitais espalhadas por todas as regiões do país, a entidade oferece a Bíblia nas versões braille e falada. A Bíblia completa em braille na língua portuguesa foi lançada em novembro de 2002 e é composta por 38 volumes e um guia de leitura, conta Erní Walter Seibert, secretário de ação e comunicação da entidade.

Temas do livro sagrado também deram origem ao projeto Seleções Bíblicas em Áudio, que foi iniciado em 1998, com o CD Fonte de Esperança. Para isso, a SBB se associou ao jornalista Cid Moreira, responsável pela direção-geral e locução dos textos. O primeiro volume foi lançado em dezembro de 2004 e, hoje, a coleção está em seu quinto volume, com 30 CDs gravados, diz. Em 2006, foram doados 12.600 volumes da Bíblia em braille aos deficientes cadastrados no programa Inclusão do Deficiente Visual, devido à produção em grande escala que a gráfica profissional da SBB propicia.

Implantamos, em 2001, a Imprensa Braille. Integrada à Gráfica da Bíblia, ela reúne equipamentos de última geração – importados da empresa norueguesa Braillo, especializada em insumos para impressão em braille. Com capacidade de impressão de 1,2 mil páginas/hora, essa tecnologia permite que a Bíblia completa seja impressa em cerca de seis horas, o que possibilita mais agilidade e custos reduzidos, explica Seibert.

Entretanto, neste processo de publicações especiais, o que preocupa entidades como a Fundação Dorina Nowill e a SBB é a relação entre a oferta e a procura por estes materiais. Segundo Seibert, a maior dificuldade está em atender à demanda gerada pelo programa Inclusão do Deficiente Visual, pois a distribuição é gratuita e o custo da produção da publicação é bastante elevado.

Os deficientes auditivos também têm acesso a obras literárias em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Favorecendo a sua inclusão cultural e educacional, já é possível encontrar livros em português e com CD de Libras, além de vídeos com esta linguagem, como é o caso de vários títulos oferecidos pela editora Ulbra e pela LSB Vídeo.

Em breve o mercado nacional deve contar com um novo formato para a Bíblia: Estamos iniciando um projeto para desenvolvimento de textos bíblicos em Libras, porém, ainda não há previsão de lançamento, conta o secretário da SBB. A Fundação Dorina Nowill também está com novos projetos. Estamos lançando em abril o Livro Digital Acessível (Lida), projeto pioneiro que trará mais um caminho de acessibilidade ao conteúdo hoje disponível na forma impressa. Voltados inicialmente ao público profissional e aos estudantes universitários, os títulos do Lida poderão ser acessados pelo computador, sendo que o usuário terá acesso tanto à versão falada (áudio) como em tipologia ampliada (voltada ao público deficiente com baixa visão), explica Roberto Gallo.

 

Mídias alternativas

Além das publicações impressas e faladas, as pessoas com deficiência também podem buscar informações e adquirir novos conhecimentos em ferramenta como softwares, vídeos, filmes e outros meios. No mercado há alguns anos, o software Text Voice Speak é apenas um dos programas que convertem arquivos de texto gravados no computador em arquivos de áudio.

O sistema permite que o deficiente visual tenha mais independência ao utilizar a máquina, já que, dessa maneira, pode criar uma biblioteca falada particular, entre outras ações. Desenvolvido no exterior, o programa foi adaptado para o português pela Itália Nova Editora em parceria com as ONGs Laramara e Dorina Nowill, ambas de assistência a deficientes visuais.

Para o público infantil faltam opções em desenhos animados que apresentem a Libras. Em 2004, o Cine Gibi da Turma da Mônica, desenvolvido pelos estúdios Maurício de Sousa, foi o primeiro nestes moldes no país. No entanto, algo bem curioso acontece com o mercado de publicações cinematográficas.

Muitos não os conhecem ainda, mas os filmes para os deficientes auditivos e visuais estão sendo bem aceitos pelo público nacional. No Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), por exemplo, há o projeto Cinema Brasileiro Legendado, que exibe filmes com legenda oculta, o chamado close caption.

Com a narração, quem não pode ver as imagens pode imaginá-las e, dessa maneira, ter condições de assistir filmes de todos os gêneros, como acontece no projeto Ponto de Cultura Cinema em Palavras, que teve início em 2005 no Centro Cultural Louis Braille, em Campinas (SP).

 

Links

www.audiolivros.com.br

www.bb.com.br/cultura

www.bn.br

www.editoradaulbra.com.br

www.fundacaodorinanowill.org.br

www.laramara.org.br

www.lsbvideo.com.br

          www.sbb.org.br

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