Hospitais filantrópicos participam de Programa de qualidade hospitalar

Por: Luciana Oncken
01 Setembro 2002 - 00h00
Quem pensa que os programas de qualidade estão voltados somente para empresas ou produtos da indústria está enganado. A qualidade também é uma preocupação da área hospitalar e existem programas voltados especialmente para esse setor, como o CQH - Controle de Qualidade Hospitalar -, um programa voluntário, desenvolvido pela Sociedade Médica Paulista de Administração em Saúde, mantido pela Associação Paulista de Medicina (APM) e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). O programa é um entre os oito existentes no País, credenciado pela Organização Nacional de Acreditação, o único no Estado de São Paulo.

Os hospitais filantrópicos têm se beneficiado da iniciativa ao aderirem ao programa. Do total de 150 hospitais participantes, 42% são filantrópicos. Conforme avaliação periódica realizada nesses hospitais, eles recebem o selo de conformidade do CQH. Atualmente, são 13 os hospitais selados, sendo quatro filantrópicos. O restante divide-se entre público e privado com fins lucrativos.

Um dos coordenadores do Núcleo Técnico do CQH, Haino Busmester, explica que o programa foi criado, em 1991, com a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade hospitalar no Estado de São Paulo, melhorar o local de trabalho do médico e de atendimento à população e contribuir socialmente para o País. Para isso, todo o trabalho é realizado voluntariamente por uma equipe técnica a partir de metodologia específica. Na opinião do coordenador, é um diferencial importante do programa o fato de o trabalho ser realizado voluntariamente e ser cobrado apenas uma taxa simbólica de adesão (R$ 50 mensais). “Assim, garantimos a autonomia do trabalho e afastamos qualquer possibilidade de manter uma ‘relação promíscua’ com a instituição participante”, destaca.

Valores do CQH

  • Ética: O Programa CQH incorpora os valores das entidades mantenedoras e respeita a legislação vigente sob todos os aspectos. A participação no CQH requer integridade e honestidade moral e intelectual.

  • Autonomia técnica: Tem autonomia técnica para ser conduzido, independentemente de injunções que contrariem os princípios básicos: missão, valores, visão, estatuto e metodologia de trabalho.

  • Simplicidade: O Programa CQH busca simplicidade. As regras são adequadas e suficientes a realidade hospitalar brasileira.

  • Voluntariado: O Programa CQH incentiva a participação voluntária de hospitais, interpretando a busca da melhoria da qualidade como manifestação de responsabilidade pública e de cidadania.

  • Confidencialidade: Trata todos os dados relacionados às suas atividades de maneira confidencial, preservando a identificação dos hospitais participantes.

  • Enfoque educativo: Promove o aprendizado a partir da reflexão e da análise crítica dos processos e resultados.

O baixo custo é dos fatores que estimula a participação de hospitais filantrópicos, porque eles passam a ter a chance de participarem de um programa de qualidade e implantação de um modelo de gestão praticamente sem ônus. “Caso esse hospital tivesse de comprar um modelo de gestão de uma consultoria, isso seria muito caro”, lembra Busmester. E a vantagem de ter acesso a um modelo de gestão atinge diretamente o bolso da instituição. Como o hospital filantrópico não tem fins lucrativos, todo o dinheiro advindo dos serviços prestados é revertido para a própria instituição, um bom gerenciamento contribui para uma maior arrecadação, fazendo com que o hospital dependa menos de outras fontes de renda, como doações e subsídios governamentais. “O CQH é uma das ferramentas que utilizamos para melhorar nosso atendimento, para trabalharmos com indicadores, fazendo uma análise comparativa. Isso é muito importante”, salienta Margareth Sena, coordenadora de Qualidade Total do Hospital Santa Cruz, um dos quatro filantrópicos selado pelo CQH. O Santa Cruz participa do programa desde 1997. Em 1999, foi selado pela primeira vez e, em 2001, teve o selo renovado.

A adesão ao programa CQH é voluntária, o que estimula ainda mais a participação das instituições inscritas. “Esperamos que o hospital se inscreva no programa visando o aprimoramento de seus processos para obter melhores resultados, além de ser uma manifestação de responsabilidade pública e de cidadania”, informa Yassuko Nishikuni, médica especializada em Administração Hospitalar. O programa incentiva o trabalho coletivo, principalmente dos grupos multiprofissionais e multidisciplinares. O processo de auto-avaliação também é bastante estimulado.

Busmester acredita que o CQH tenha influenciado o estabelecimento de um gerenciamento mais profissional nas instituições hospitalares, nos últimos anos. “Não há dúvidas que nós tivemos influência nas mudanças que vêm ocorrendo nos modelos de gestão dos hospitais”, ressalta.

O modelo do CQH foi bastante difundido pelo País com a publicação, pela editora Ateneu, do manual de orientação “Programa de Controle de Qualidade do Atendimento Médico-Hospitalar”. O manual foi distribuído, pelo Cremesp, a todos os hospitais do Estado de São Paulo, sendo que já foram vendidos cinco mil exemplares em todas as regiões do Brasil. “O manual serve, indiretamente, como uma espécie de roteiro para os hospitais implantarem seus modelos de gestão e avaliação”, explica o coordenador.

O Núcleo Técnico informa que a metodologia do programa é baseada na monitoração contínua dos indicadores, avaliação dos serviços pelos usuários, avaliação pelos funcionários, visita para avaliação da conformidade, possibilidade de ser reconhecido pela conformidade e ser selado (conforme pontuação na avaliação). A metodologia utilizada é da Fundação para Prêmio Nacional da Qualidade, fundamentada na metodologia do Malcom Baldrige National Quality Award, dos EUA. Segundo o manual do programa, “o uso da metodologia pelo CQH advém da convicção de que os hospitais, do ponto de vista gerencial, são iguais a qualquer outra empresa”.

Programa CQH é o vencedor do Prêmio Eco 2002 na categoria saúde

O programa CQH - Controle de Qualidade Hospitalar foi o vencedor do Prêmio Eco 2002, iniciativa da Câmara de Comércio Americana de São Paulo (Amcham), na categoria saúde. Os projetos vencedores foram escolhidos entre 94 inscritos, desenvolvidos por 82 empresas. A presidente do júri desta edição do prêmio foi Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna. A comemoração também marca os 20 anos do prêmio, que teve início em 1982, quando 38 projetos concorreram.

O trabalho é realizado com a participação ativa dos hospitais filiados, que coletam seus dados e enviam mensalmente ao Núcleo Técnico do CQH. A partir daí, é realizada uma tabulação dos dados e apresentados trimestralmente os indicadores gerados em curvas de freqüência. “Caso seja solicitado pelo hospital, após um ano de adesão ao programa, é realizada uma visita de avaliação. Estando o hospital em conformidade com o programa, o selo é concedido”, destaca Burmester. Depois disso, a avaliação é feita a cada dois anos, a fim de verificar a renovação ou não do selo de conformidade. É interessante destacar que o CQH não é classificatório e, desse modo, não há preocupação com a identificação dos melhores ou piores hospitais. “A preocupação básica é que todos os hospitais consigam, por meio da vinculação ao programa, elevar a qualidade do atendimento”, avalia o coordenador do CQH. “Assim, a Santa Casa do interior poderá oferecer a mesma qualidade do que os hospitais dos grandes centros na medida em que responda às necessidades da população a que presta atendimento”, completa. Burmester vê o CQH como um parceiro dos hospitais, porque não há preocupação em fiscalizar ou julgar, “mas em ajudá-los pró-ativamente a buscar suas melhores práticas gerenciais”.

O hospital que participa do programa tem acesso a um modelo de gestão para a qualidade; a realizar Benchmarking com pelo menos 100 hospitais do Estado de São Paulo, comparando os dados nas mais diversas áreas; acesso reuniões periódicas de orientação e troca de experiências; participação em eventos, inclusive internacionais, sobre qualidade e cursos baseados na sua metodologia; assessoria específica sobre controle da infecção hospitalar, por meio do Núcleo de Apoio ao Combate da Infecção Hospitalar (Nacih).

Hospitais Selados

  • Hospital e Maternidade Brasil (Santo André)

  • Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros (São Paulo)

  • Hospital e Maternidade Alvorada - Santo Amaro (São Paulo)

  • Hospital do Sepaco (São Paulo)

  • Hospital e Maternidade Alvorada - Moema (São Paulo)

  • Hospital Santa Catarina (São Paulo)

  • Hospital e Maternidade Dr. Christovão da Gama (Santo André)

  • Hospital de Clínicas Dr. Paulo Sacramento (Jundiaí)

  • Sociedade Beneficente Centro Médico Campinas (Campinas)

  • Hospital e Maternidade São Luiz (São Paulo)

  • Sociedade Brasileira e Japonesa Beneficente Santa Cruz (São Paulo)

  • Hospital de Aeronáutica de São Paulo (SP)

  • Hospital Santa Luzia (Brasília/DF)

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