Gestão do Terceiro Setor

Por: Paula Craveiro
09 Agosto 2013 - 23h28

Tendências do mundo corporativo já fazem parte do cotidiano de organizações não governamentais

Nos últimos anos, tem crescido consideravelmente o número de organizações do Terceiro Setor no Brasil. Tal expansão, embora positiva, leva a uma forte concorrência por recursos.
Campanhas, ações pontuais, eventos, entre outras iniciativas, são desenvolvidas no intuito de atrair a atenção de potenciais doadores e voluntários, de modo a garantir a continuidade de projetos e programas sociais. No entanto, as organizações têm compreendido que não basta apenas atrair recursos; é preciso, acima de tudo, saber como gerenciá-los de modo adequado e, consequentemente, como administrar a própria entidade.

Profissionalização para atingir metas e garantir sustentabilidade

Com o crescimento do Terceiro Setor, as organizações sociais, com vistas a garantir a perpetuidade de suas ações e de sua existência, têm discutido a necessidade de profissionalização do setor. Com esse viés, muitas entidades têm revisado suas formas de administração, passando a adotar modelos de gestão mais profissionais e sofisticados, semelhantes aos empregados no mundo corporativo.
A ênfase no desempenho e a busca por resultados marcam o atual cenário. “A necessidade de serem rentáveis, produtivas e eficientes, a fim de competirem na captação de recursos dos doadores privados e das administrações públicas, obriga as organizações a iniciar o caminho da profissionalização”, diz Hélio Ponce Cunha, mestre em Gestão Integrada de Organizações da Universidade do Estado da Bahia (Unibahia).
A demanda por uma estrutura profissionalizada passa a substituir o caráter filantrópico e, muitas vezes, amador de gestão dessas entidades. A reflexão sobre a profissionalização do setor também diz respeito às competências, aos conhecimentos, às habilidades e às atitudes das pessoas que atuam na busca dos objetivos propostos pelas organizações com fins públicos. “Todos os empreendimentos humanos, em todas as épocas, sempre dependeram da capacidade de trabalho das pessoas e da eficiência em organizá-los para atingir os objetivos estabelecidos”, pontua Rosa Maria Fischer, professora titular da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Com intensidade cada vez maior, as ONGs estão incorporando, em seu dia a dia, ações anteriormente restritas apenas às instituições com fins lucrativos, como empresas, por exemplo. “A utilização de princípios de gestão estratégica e a aplicação de métodos e instrumentos de gestão baseados na eficácia, no alcance de resultados, na prospecção de cenários e na atuação proativa frente às variáveis do ambiente externo fazem-se necessárias em todas as organizações que atuam em um ambiente altamente mutável e com um número grande de variáveis”, esclarece Cunha.

Gestão estratégica

A gestão estratégica ocupa-se das decisões referentes à formulação e à implementação de estratégias, o que implica na mobilização de recursos da organização para conseguir conquistar seus objetivos globais. Nesse contexto, a estratégia consiste em um meio para enfrentar desafios e oportunidades que se apresentam.
O ambiente no qual as ONGs atuam apresenta-se como um dos principais fatores a serem considerados e analisados na determinação da melhor estratégia a ser aplicada. Esse ambiente proporcionará o encontro de oportunidades para mudanças organizacionais, bem como indicará as principais fraquezas e os pontos que precisam de aperfeiçoamento, para que as oportunidades sejam efetivamente aproveitadas e as ameaças externas sejam reduzidas ou eliminadas.
“A definição de estratégia para uma organização consiste em adequar seu posicionamento no setor, para que possa melhor se defender contra as forças competitivas existentes nele. Com isso, a formulação das estratégias pode ser um processo planejado, deliberado, que deverá ser seguido para alcançar os objetivos, ou também pode ser um processo emergente, no qual as estratégias vão surgindo ao longo do processo de aprendizagem”, explica Cunha, da Unibahia.

Gestão nas organizações não governamentais

Desenvolver modelos de gestão próprios para ONGs é uma tarefa desafiadora, que depende do contexto no qual cada uma está inserida e da análise de cada caso. “Na verdade, não há um melhor modelo, e sim diversos, variando de acordo com as realidades e necessidades de cada organização”, diz Roberto Araújo, diretor-presidente da Fundação Espaço ECO.

Bons exemplos

Cientes da importância da adoção de uma postura mais profissional frente ao setor, muitas organizações já estão aplicando, em seu cotidiano, modelos de gestão mais maduros, semelhantes aos empregados por grandes empresas. Esses modelos têm apresentado resultados reais, colaborando para o sucesso de suas ações e para a sua continuidade.
A Fundação Espaço ECO e a Fundação SOS Mata Atlântica são dois bons exemplos de organizações que atuam com modelos de gestão bem definidos e de acordo com as inovações do mercado.
O Espaço ECO é um Centro de Excelência em Educação e Gestão para a Sustentabilidade, instituído pela BASF, sendo uma das poucas organizações com foco na área de sustentabilidade certificadas pela ISO 9001. “O diferencial de estar certificado pela ISO 9001 se dá pelo fato de que esta é uma certificação obrigatória ao Segundo Setor e faz parte da gestão de empresas, o que não acontece com o Terceiro Setor. Sua conquista demonstra o grau de comprometimento da Fundação com a gestão da qualidade de processos de produtos e de serviços. Com ela, temos condições de antecipar possíveis demandas, além de assumirmos um papel de vanguarda”, explica Araújo.
Araújo ressalta ainda que a organização incentiva seus clientes e parceiros a buscarem a melhoria contínua, a inovação.
Outros conceitos já utilizados por ONGs são os relacionados à eficiência e à transparência. Nesse quesito, a Fundação SOS Mata Atlântica é exemplo de uma organização que tem aprimorado, ao longo de sua história, sistemas e modelos de gestão. Hoje, parte de seus funcionários trabalha em sistema home office. “Essa iniciativa gerou resultados positivos, não apenas para a organização, como a redução nos custos, como também contribuiu para a melhoria da qualidade de vida de nossos funcionários, que deixaram de desperdiçar tempo com a locomoção de suas casas até nosso escritório e passaram a aproveitar melhor esse período para a realização de outras atividades, tanto pessoais quanto profissionais”, explica Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica. Desde a implementação do home office, o desempenho dos funcionários passou a ser medido por resultados em vez de horas de trabalho.
Para que esse novo sistema de trabalho fosse possível, a SOS Mata Atlântica, a partir de 2010, realizou investimentos em tecnologia da informação, como um sistema de comunicação à distância. “Nele, o ramal do colaborador funciona em qualquer local em que ele estiver, desde que seu computador esteja conectado ao sistema. Além disso, todos recebem apoio para ajustar sua estrutura de trabalho em casa, além de uma ajuda de custo para despesas com internet, entre outros”, afirma Mariana Machado, coordenadora do Programa de Incentivo às RPPNs da Fundação, que trabalha com o sistema home office desde 2010.
Márcia Hirota explica que a organização contou com uma consultoria especializada para apoiá-los na transição. “As organizações precisam estar atentas a diversos detalhes, como uma criteriosa análise do perfil profissional de sua equipe. Visto isto, os ganhos são muitos, como a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores”, destaca.
Tanto Márcia quanto Araújo destacam que tais iniciativas não estão restritas a organizações de grande porte, como as que representam. Segundo ambos, todas as ONGs têm a possibilidade de modificar e aprimorar seus modelos de gestão, bastando, para isso, determinação, foco no trabalho a ser desenvolvido e também muita pesquisa e conversa com outras entidades, que já adotam esse sistema.

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