Sabrina acredita que os exemplos devem ser seguidos. Para ela, é muito importante que celebridades e artistas contem suas histórias, caso consigam se abrir e trabalhar o tema, por serem vozes que as pessoas ouvem muito.
No seu caso, após superar um câncer de mama, passou a alertar as pessoas sobre os perigos, riscos e principalmente sobre a prevenção à doença, além de estimular as mulheres a realizarem os exames de rotina. Ao contar sua história, ela acredita que apoia muitas pessoas que vivem o que ela já passou, além de ser algo positivo para sua vida.
Recentemente, foi convidada pela Fundação Alcides e Rosaura Diniz (ARD Foundation), da empresária Ana Paola Diniz. Com sedes no Brasil e nos Estados Unidos, a organização se propõe a captar recursos e destiná-los a pesquisas de novas terapias para combate ao câncer. Com um ano recém-completado, a organização já acumula resultados bem expressivos: no lançamento mundial, em setembro, captou R$ 1 milhão e 800 mil em um evento que reuniu mais de 100 personalidades. Deste montante, cerca de R$ 900 mil foram doados para o Memorial Sloan Kattering (MSK) Cancer Center – o centro de câncer privado mais antigo do mundo; outros R$ 196 mil para o MD Anderson Cancer Center, reconhecido como um dos melhores hospitais para tratamento de câncer do mundo; e R$ 96 mil para colaborar com a Santa Casa de Misericórdia, de Belo Horizonte (MG).
Em entrevista à Revista Filantropia, ela fala sobre esta parceria, sua história e como começa a apoiar outras causas sociais.
Revista Filantropia: Como você se envolveu com a causa do combate ao câncer de mama?
Sabrina Parlatore: Há um ano e meio venho trabalhando nesta causa, logo após o término do meu tratamento. Trocar informações e experiências sobre o tema não só ajuda as pessoas, mas também me ajuda. Conhecer pessoas que passaram pelo que passei me faz bem.
RF: Você já apoiou outras organizações?
Sabrina: Sim. Todo ano participo do evento do Instituto Avon para o Outubro Rosa (mês de conscientização sobre a participação da população no controle do câncer de mama). Hospitais me chamam para dar palestras sobre o assunto, como o AC Camargo, o laboratório Fleury, etc. Tenho falado bastante sobre o tema.
RF: Você tem relação com outras causas sociais?
Sabrina: Sim. Desde o ano passado apoio o Instituto Rodrigo Mendes, que trabalha pela inclusão de deficientes físicos. Depois que a gente passa por um problema desse, começamos a observar mais as pessoas que passam por dificuldades. Quem não tem muito contato com alguma doença, não abre muito os olhos para o tema. Depois que você passa por isso você se aproxima deste universo. Eu acabei conhecendo o Rodrigo, que é deficiente físico, e que faz este trabalho maravilhoso de inclusão de deficientes físicos na escola. Ele me convidou a participar de uma campanha no fim do ano passado. Mesmo não sendo no tema do câncer, eu aceitei, pois estou afim de contribuir de alguma forma. Afinal, estamos apoiando o ser humano. Agora já estou aberta a outras causas.
RF: Você acha que as pessoas prestam mais atenção ao ouvir uma celebridade que superou o câncer?
Sabrina: Com certeza. As pessoas ouvem e se interessam, porque chama atenção. Trata-se de uma pessoa que elas conhecem e têm uma relação. É como se eu fosse da família deles. Quando eu conto a minha história, a pessoa se surpreende, se identifica, pois sempre tem alguém da família passando por isso. Isso é muito bacana, pois sinto que consigo ajudar. Eu telefono para as pessoas, marco encontros, tenho um grupo no whatsapp com outras mulheres que passam ou passaram por esse problema e aí realizamos eventos beneficentes para apoiar algumas instituições ligadas ao tema.
RF: Qual a sua opinião sobre as pessoas que evitam falar do assunto?
Sabrina: Eu respeito. É uma questão muito pessoal, pois tem gente que não consegue se expor, principalmente quando se trata de doença e isso pode fazer mal a ela. Eu, por exemplo, no início, quando recebi o diagnóstico e iniciei o tratamento, não quis e nem tinha condições para isso. Eu queria passar todo o processo com tranquilidade. Com o tempo eu comecei a perceber como isso é importante.
RF: Por quê?
Sabrina: Eu comecei a me beneficiar das trocas de experiências pela internet com outras mulheres que estavam passando pela mesma situação. Isso é muito rico. Comecei a elaborar isso melhor. Me vi como pessoa pública, que se comunica bem e achei que poderia ser uma voz importante para ajudar outras mulheres. Assim que aconteceu. Na metade de 2016, depois que terminei meu tratamento eu resolvi contar e não imaginava a repercussão gigantesca que teria. Comecei a perceber que era muito valioso.
RF: Como você analisa as ONGs que oferecem apoio a pessoas com câncer?
Sabrina: Isso é maravilhoso. Tem ONG fazendo trabalhos excepcionais, fazendo a diferença na vida das pessoas. A ARD Foundation que trabalha nesta parte de pesquisa em relação à genética, ao câncer hereditário e a mutação genética, que são temas muito importantes. As pessoas precisam abrir os olhos para saber se têm algum risco genético de desenvolvimento do câncer. Essa ONG trabalha nesse aspecto. Posso citar também o Instituto Oncoguia, que apoia pacientes com câncer, fornecendo informação. Isso é louvável. Gente que dispõe seu tempo e energia para ajudar outras pessoas.
RF: Você acredita que a causa da luta contra o câncer está bem disseminada na sociedade?
Sabrina: Não posso dar certeza por trabalhar diretamente em alguma ONG. Mas, eu percebo muito engajamento. No meu caso, por exemplo, no câncer de mama, eu tenho percebido empresas aderindo ao tema, a própria cidade de São Paulo na ocasião do Outubro Rosa. Os eventos que participo sempre estão cheios. É muito importante as pessoas entenderem e até apoiar financeiramente alguma ONG. Acho muito bom isso. Por isso é fundamental a existência destas organizações.