Jô Clemente

Por: Daniela Tcherniacowski
01 Maio 2003 - 00h00
Com 42 anos de atuação na área da deficiência mental, a APAE de São Paulo (Associação de Pais e Amigos dos Expecionais), uma das maiores entidades beneficentes do País, é considerada modelo no atendimento ao portador de deficiência. Pioneira na realização do exame conhecido por Teste do Pezinho, a instituição é responsável pela obrigatoriedade do exame por meio da lei nº 3914 e, posteriormente, pela sua inclusão no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para oferecer um trabalho cada vez melhor e mais eficiente, a APAE de São Paulo acaba de passar por uma grande reforma em suas instalações, que busca ir de encontro com tecnologias mais modernas. Com o objetivo de se adequar às mudanças que vêm ocorrendo na atuação das organizações do Terceiro Setor em face, inclusive, das propostas do novo governo para a área social, a APAE de São Paulo também incorporou alterações que vão desde o estatuto à visão que possui em relação à deficiência mental, se reciclando e redirecionando sua postura assistencialista. Assim, a APAE/SP vem passando a definir suas ações com base na filosofia da inclusão social, tendo capacitado, em 2002, mais de 200 profissionais da rede pública e privada de ensino para receber o aluno deficiente mental, além de inserir, de uma única vez, até março deste ano, 240 aprendizes no mercado de trabalho e preparando as empresas para recebê-los. Para marcar essa ação, a APAE/SP criou, também em comemoração aos 42 anos de existência,um selo inéditoque reconhece as empresas parceiras que apoiam a inserção de deficientes. Para falar dessas mudanças e do futuro da instituição, a Revista Filantropia convidou Dona Jô Clemente, presidente da APAE de São Paulo e uma das pessoas mais respeitadas do Brasil quando o assunto é oferecer melhores condições de vida aos deficientes.

Filantropia: Qual o balanço que a Sra. faz dos 42 anos da APAE de São Paulo?

Jô Clemente: Mais do que uma reforma física, a APAE-SP também passa por uma mudança estrutural na qual a filosofia inclusiva chega para marcar um novo tempo na instituição. Durante muitos anos atendemos as nossas pessoas especiais sempre com a preocupação de protegê-las. Porém, hoje, nós queremos incluí-las na sociedade e, para isso, estamos aperfeiçoando cada vez mais os nossos projetos desenvolvidos nas áreas educacional, de capacitação e orientação para o trabalho e bem-estar, sendo esta última com a preocupação de trabalhar o deficiente mental em processo de envelhecimento.

Filantropia: Em que a APAE/SP pode ser considerada, hoje, exemplo de sucesso?

Jô Clemente: A APAE de São Paulo é reconhecida nacionalmente pelo seu pioneirismo na implantação no Brasil do exame de triagem neonatal, mais conhecido como Teste do Pezinho. Graças à instituição, esse teste foi legalizado e, hoje, é obrigatório para todos os recém-nascidos vivos no País, o que possibilita prevenir o desenvolvimento da deficiência mental. Vale ressaltar que o teste não detecta Síndrome de Down, mas doenças que, se não tratadas precocemente, levam a criança a desenvolver a deficiência.

Filantropia: Em que a APAE de São Paulo se diferencia das outras?

Jô Clemente: Todas as ações são válidas no Terceiro Setor. Não podemos ressaltar uma ou outra. A APAE de São Paulo se orgulha de existir há 42 anos e ter a profissionalização tão almejada hoje em dia pelo Terceiro Setor. Isso foi conquistado em um tempo em que ninguém falava em administração no Terceiro Setor. Ou seja, as descobertas e o sucesso foram sendo adquiridos na prática, no voluntariado.

Filantropia: Quais os principais investimentos que a APAE de São Paulo tem feito nos últimos anos?

Jô Clemente: Todos os investimentos são direcionados para o cumprimento de sua missão: "prevenir a deficiência, facilitar o bem-estar e a inclusão social da pessoa deficiente mental". Nesse sentido, uma das últimas grandes conquistas foi a reforma da estrutura física, modernizando nossas instalações, adaptando-as a uma tecnologia mais moderna.

Filantropia: Quais os resultados a APAE de São Paulo têm verificado para seus atendidos?

Jô Clemente: A mudança para a filosofia inclusiva não é apenas uma resolução pautada em idéias. Isso foi uma decisão resultante das potencialidades trabalhadas nos nossos atendidos e, principalmentem, a capacidade que eles têm de exercer o pleno direito à cidadania. Com certeza todas essas transformações são resultados não só de investimentos, mas da dedicação de profissionais e familiares.

Filantropia: Qual a importância do selo que foi criado no evento de comemoração dos 42 anos de APAE de São Paulo?

Jô Clemente: O selo está inserido dentro do projeto Parceiros pela Inclusão, que é pautado em três objetivos: a construção de um grande Centro de Capacitação para o mercado de trabalho, unindo todos os que já temos; a elaboração do Kit Inclusão, contendo informações de apoio para o preparo da empresa na colocação da pessoa com necessidades especiais no mundo do trabalho; e o selo Parceiros pela Inclusão, no qual a empresa torna-se parceira não apenas por estar cumprindo uma obrigação, mas assumindo uma postura inclusiva dentro da sua estrutura.

Filantropia: A APAE de São Paulo tem intenção de se tornar OSCIP?

Jô Clemente: Não. Estamos bem como estamos.

Filantropia: Em 42 anos de atividades, mudou algo na forma de gestão da APAE de São Paulo?

Jô Clemente: Hoje nós repensamos a nossa postura assistencialista e estamos caminhando para a inclusão e cada vez mais para a profissionalização.

Filantropia: Quais são as metas da APAE de São Paulo para os próximos anos?

Jô Clemente: O nosso objetivo é nos tornarmos centro de referência nacional em deficiência mental.

Filantropia: Quais as dificuldades que a APAE de São Paulo vêm enfrentando nos últimos anos? Como conseguiu superar os obstáculos até o momento?

Jô Clemente: Como todas as instituições sem fins lucrativos, a sua sobrevivência depende em parte das doações pelas empresas ou por pessoa física, sendo que hoje contamos com 2500 sócios contribuintes. Além disso, a APAE de São Paulo vem direcionando a sua captação de recursos por meio de projetos e eventos, além da venda do Teste do Pezinho, responsável por grande parte da receita da instituição.

Filantropia: A Sra. prevê parcerias com o novo governo?

Jô Clemente: O que queremos e já realizamos é um projeto no qual capacitamos professores da rede pública para receberem os alunos deficientes nas escolas.

Filantropia: Qual a opinião da Sra. sobre os programas sociais do governo Lula, em especial, o Fome Zero?

Jô Clemente: A cultura brasileira precisa aprender a lidar com ações sociais. O Fome Zero é um movimento que está mobilizando toda a nação, mas será que as pessoas em suas atitudes individuais estão preparadas?

Filantropia: Como a Sra. vê o impacto que as reformas do governo podem ter sobre a APAE de São Paulo?

Jô Clemente: Toda mudança é bem-vinda, toda renovação é salutar. Esperamos que o novo governo, na área social e no setor da educação, respalde as ações de tantas organizações não-governamentais que fazem parte do Terceiro Setor.

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