Criando criaturas criadoras

Por: Felipe Mello, Roberto Ravagnani
01 Setembro 2003 - 00h00
Quem nunca ouviu a metáfora da criatura que se tornou mais forte que o criador? O MOC – Movimento de Organização Comunitária –, situado em Feira de Santana, na Bahia, é um típico criador que comemora o desenvolvimento de suas criaturas, vendo o próprio trabalho realizado e recompensado pelas conquistas daqueles que, com ele, aprenderam a caminhar.

Um exemplo vivo é a Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Valente, cidade com pouco mais de 19 mil habitantes, a 238 quilômetros de Salvador. A atuação desse grupo principiou há vinte anos, quando agricultores começaram a desenvolver, a partir de orientações do MOC, formas para melhor aproveitar o sisal (fibra utilizada na produção de diversos itens). Por meio dos novos conhe­cimentos e técnicas, os resultados são constantemente aprimorados. A associação trabalha o sisal profissionalmente, hoje em dia exportando tapetes e bolsas, entre outros produtos. Segundo Naidison de Quintella Baptista, secretário-executivo do movimento, “ela gera 850 empregos diretos em uma cidade de população pequena, chegando a empregar mais que o próprio governo municipal”.

Projetos de desenvolvimento sustentável

Desde que foi fundado em 1967, o MOC tem direcionado sua atividade em prol das comunidades menos favorecidas, discriminadas, sejam elas da periferia urbana ou de zonas agrícolas. “O desafio constante é promover o aparecimento de associações, para que elas construam a própria história e conquistem autonomia”, diz Naidison.

Atualmente, 30 municípios do semi-árido baiano contam com ações da instituição, que atingem aproximadamente 70 mil pessoas. E, para que as comunidades se tornem capazes, existe todo o esforço de assessorar, habilitar e apoiar – elaborando materiais, estando presente, discutindo, refletindo, criticando e sendo criticado, propondo –, contudo atento sempre a nunca substituir a ação dos próprios grupos. Assim, o movimento vem contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região sisaleira, especialmente na busca pelos direitos, além de dar exemplos de projetos para o governo, interferindo diretamente nas políticas públicas.

Procurando cumprir sua missão, o MOC possui linhas diretas de atuação, que se subdividem em projetos específicos, abordando as necessidades sociais da região em que opera. A organização trabalha pela melhoria da qualidade de vida das famílias de agricultores com o Programa Agrícola. Também incentiva a busca dos direitos das mulheres pelo Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, integrante do Programa de Gênero. Já o Programa de Educação Rural capacita professores campesinos em parceria com as prefeituras, além de formar monitores da Jornada Ampliada (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) juntamente com o Governo Federal. Outro projeto que chama a atenção na linha da educação rural leva o nome de Baús de Leitura. Naidison explica que tal iniciativa tem como objetivo difundir a leitura prazerosa e crítica entre as crianças da área agrícola. “Já foram distribuídos 603 baús de sisal com 45 livros em cada, o que abrange cerca de 400 professores e 24 mil crianças”. Por meio do Programa de Políticas Públicas, a organização ainda incentiva a participação da população na definição das políticas públicas, tentando inserir no debate as questões que mais afligem as comunidades.

Parcerias

Ao se observar a amplitude das atividades da instituição, surge naturalmente a dúvida sobre a capacidade de gerenciar e garantir a qualidade de todas as iniciativas. Então, faz-se necessário conhecer a fórmula para o sucesso nesses mais de 35 anos de intervenção social. O segredo? Trabalho em parceria – seja com as lideranças das comunidades beneficiadas pelos projetos ou com profissionais estrangeiros voluntários, que emprestam seu conhecimento para o atendimento dos objetivos. Assim, sempre que uma nova ação social é iniciada, são envolvidas as lideranças locais, como igrejas e sindicatos, criando senso de propriedade e uma rede capaz de tocar a bola para frente. Afinal, o trabalho do MOC se espalha num raio de 500 quilômetros e seria inviável, além de pouco inteligente, almejar a onipresença.

Além de braços para empreender suas ações, o movimento, bem como tantas outras entidades do Terceiro Setor, precisa de apoiadores institucionais e, principalmente, financeiros. Em tal quesito, a organização dá exemplo de estratégia na captação de recursos, uma vez que grande parte de sua verba vem de organismos internacionais, o que comprova competência na hora de elaborar e executar as propostas. Segundo Naidison “há financiamentos oriundos do Unicef, assim como de Portugal, Holanda, Espanha, EUA, Bélgica, Áustria e Alemanha”. Normalmente, esses parceiros tradicionais asseguram apoio por um prazo médio de três anos. “Quando o projeto atinge a metade do último ano, um representante do órgão apoiador vem até nós para a definição do próximo passo. Ou seja, não basta elaborar um bom projeto no papel, com o risco de não se ter a parceria renovada. É preciso cumprir o estabelecido para dar seqüência ao trabalho”, esclarece.

No entanto, nem tudo são flores na captação internacional de recursos. É importante ressaltar que essa fonte tem diminuído seu volume com o tempo, em função de restrições de recursos para países latino-americanos. A explicação, segundo o secretário-executivo, “é a migração de financiamentos para países da África, Ásia e Europa Oriental”. Apesar disso, nota-se que 50% da verba ainda é proveniente de fora do País, 12% vêm do empresariado e 38%, do governo. Para que as ações sociais não sejam prejudicadas, o MOC vem desenvolvendo novas formas de captar recursos, somando esforços com o mundo empresarial e solidificando parcerias com as três esferas governamentais.

Existem parcerias com a municipalidade, por exemplo, na capacitação de professores da rede de ensino. Com os governos estadual e federal, há a destinação de verbas para as iniciativas, muitas delas inseridas, inclusive, nas políticas públicas.

Desafios

Naidison acredita que o MOC com­partilha um dos maiores dilemas do Terceiro Setor na atualidade: “Estamos buscando entender como nos inserir melhor na nova conjuntura política, que demonstra crescente interesse em gerar parcerias intersetoriais”.

A instituição compreende que a sua causa – a organização comunitária – não é um objetivo que pertence a si mesma, mas sim ao desenvolvimento do País. Dessa maneira, pretende cada vez mais colocar à disposição das comunidades da região sisaleira baiana sua capacidade de ensinar as criaturas a se tornarem criadores. Criadores de um futuro equilibrado e sustentável. Criadores de um Brasil melhor.

Os números do MOC

30 municípios do semi-árido baiano contam com a presença do MOC

70 mil pessoas beneficiadas

230 professores da rede pública de 9 cidades já capacitados

603 baús de leitura com 27 mil livros distribuídos para 24 mil crianças

4 mil famílias orientadas sobre a seca

23 cooperativas de crédito formadas

60 funcionários

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