Certificações sociais

Por: Fernando Credidio
01 Fevereiro 2006 - 00h00

Responsabilidade social e sustentabilidade são dois conceitos cada vez mais integrados ao cotidiano das empresas, de qualquer setor ou porte, e são considerados estratégicos para as que pretendam perenizar seus negócios. Hoje, ninguém mais discute que a busca pelo lucro e pela sobrevivência das organizações passa pelo bom comportamento corporativo.

Contudo, é importante ressaltar que a responsabilidade social empresarial não é um conjunto de ações, mas uma prática administrativa, uma filosofia de gestão. Por isso, observa-se um crescimento substancial de diretrizes e normas externas, tanto para a aferição das ações e condutas corporativas como para a mensuração dos resultados obtidos em cada área de intervenção. Afinal, não basta apenas o discurso. A sociedade mostra-se cada vez mais atenta às políticas das empresas, exigindo destas mais do que retórica ou boa intenção.

O relatório social anual e o balanço social são as formas de prestação de contas mais comuns encontradas por uma empresa para comunicar sua atuação socioambiental. Mas existem outras maneiras de fazer isso, submetendo-se, por exemplo, a auditagens especializadas, reconhecidas no país e internacionalmente.

Por meio do cumprimento de diretrizes, normas e a obtenção de certificações específicas, como AA 1000 e a SA 8000 –  que atestam o respeito de uma organização à comunidade, aos seus colaboradores, fornecedores, clientes e concorrentes –, as corporações têm se preocupado em demonstrar, junto às diversas partes interessadas, seu  comprometimento em relação às práticas adotadas. O bom resultado nesse tipo de avaliação transforma-se em oportunidade de negócios, pois agrega valores à sua imagem e reputação, contribui para o marketing positivo da marca, além de atrair parceiros, investidores e acionistas. Ou seja, gera lucro. Isso porque as chances de as empresas sofrerem com processos ambientais e trabalhistas, entre outros fatores, serão menores.

Eficiência

Mas o que são normas de certificação? Em suma, elas constituem-se em uma ampla categoria de códigos, guias, princípios e padrões de desempenho elaborados por organismos governamentais, organizações não-governamentais, associações de negócios, de comércio ou grupos industriais para guiarem o comportamento corporativo. A prática de se certificar é altamente eficaz, pois gera credibilidade e demonstra que a organização está agindo de acordo com a legislação nacional e internacional. Ademais, as certificações contribuem para diferentes aspectos dos negócios, elevando os níveis de qualidade, segurança e eficiência.

Em se tratando dos aspectos social e ambiental, as certificações produzem importantes repercussões, não apenas para as empresas como, principalmente, para a sociedade. Os benefícios são tangíveis. Ao implementar um processo desse nível, as organizações acabam reduzindo os impactos de suas atividades sobre o meio ambiente, o que demonstra interesse por uma gestão eficaz, obtendo, assim, a tão cobiçada melhoria contínua.

Outra vantagem de obter certificações diz respeito à minimização da crescente crise de confiança existente em empresas e organizações por parte da sociedade, em todo o mundo. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Mori, na Inglaterra, apontou que 73% dos britânicos não acreditam que empresas ajam de forma socialmente responsável. No Brasil, não acontece diferente, uma vez que muitas corporações têm se valido da responsabilidade social como mera estratégia promocional e de marketing, passando longe da vocação e das atitudes que seriam as esperadas.

Levando-se em conta que a responsabilidade social não mais se restringe aos limites de uma corporação – por passar de uma empresa para outra e destas para a sociedade – a certificação se traduz em uma excelente forma de gestão e divulgação de resultados, pois induz a organização a adotar práticas e processos. Além disso, trata-se, sem dúvida, de uma medida natural, saudável e necessária para o   desenvolvimento de uma nova postura empresarial.

AS PRINCIPAIS NORMAS E CERTIFICAÇÕES SOCIAIS

Existem diversas diretrizes e normas que abrangem um ou mais aspectos da responsabilidade social empresarial. As mais importantes são:

AA 1000 (AccountAbility 1000): Primeiro padrão mundial de garantia para atestar a credibilidade e a qualidade de informações públicas de empresas sobre seu desempenho social, ambiental e econômico, a AA 1000é uma norma de accountability, com foco em assegurar a qualidade da contabilidade, auditoria e relato social e ético. O principal diferencial da norma está na inclusão das partes interessadas em todos os seus passos, dando credibilidade à responsabilidade corporativa da organização que a adota.

ABNT NBR 16001 (responsabilidade social – sistema de gestão – requisitos): Elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) com a participação de técnicos e representantes do Primeiro, do Segundo e do Terceiro Setor, a NBR 16001 tem como objetivo estabelecer requisitos mínimos relativos a um sistema da gestão da responsabilidade social eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliar as organizações a alcançarem seus objetivos relacionados aos aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Balanço social: Instrumento que visa dar maior transparência às atividades empresariais, ampliando o diálogo de uma organização com a sociedade, a fim de prestar contas dos impactos de sua atuação nas áreas social e ambiental. Os dois modelos mais utilizados pelas empresas brasileiras são os elaborados pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas (Ibase) e pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

BS 8800 (British Standards 8800): Guia de diretrizes sobre sistema de gestão da segurança e da saúde no trabalho, cujos objetivos são minimizar os riscos para os trabalhadores, melhorar o desempenho dos negócios e estabelecer uma imagem responsável da organização perante o mercado.

Diretrizes do GRI (Global Reporting Iniciative): Iniciativa pioneira na proposta de incorporação de indicadores de sustentabilidade nos relatórios de atividades empresariais, fornece diretrizes para as empresas que desejam apresentar um balanço econômico, social e ambiental. Sua
missão é elevar a qualidade dos relatórios a um nível passível de comparabilidade, consistência e utilidade.

Escala Akatu de Responsabilidade Social Empresarial: Oferece às organizações uma forma de análise e de divulgação de suas práticas
de responsabilidade social, tendo como base a percepção dos consumidores brasileiros sobre a atuação das empresas no Brasil.

FSC (Forest Stewardhip Council):
Não se trata de uma norma ou de uma diretriz, mas de um “selo verde”, resultado de uma iniciativa para o desenvolvimento sustentável das florestas. O FSC tem como objetivo difundir o bom manejo florestal conforme princípios e critérios que conciliam as salvaguardas ecológicas com os benefícios sociais e a
viabilidade econômica.

Global Compact (Pacto Global): Conjunto de 10 princípios criado a partir de uma iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi
Annan, durante o Fórum Econômico Mundial de 1999, com o objetivo de sensibilizar o mundo empresarial no sentido de dar uma face humana à globalização, com a meta de tornar a economia mundial mais sustentável
e possibilitar a inclusão social. Os princípios do Pacto Global derivam da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento.

ISO 14001:
Norma que estabelece os requisitos de implementação e operação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), pois fornece diretrizes para que as organizações e seus colaboradores aprendam a prevenir danos ao meio ambiente. Sua utilização é um meio de garantir às empresas uma administração eficaz e eficiente dos assuntos ambientais, pelo uso de um único sistema de gerenciamento, permeando todas as funções da organização.

ISO 26000 (Norma Internacional de Responsabilidade Social): Terceira geração de normas de sistema de gestão ISO (International
Organization for Standardization) – já que vigoram o sistema de gestão de qualidade (ISO 9000) e o de gestão ambiental (ISO 14000)–, é um conjunto de diretrizes, sem propósito de certificação. As organizações responsáveis pela elaboração da IS0 26000 (que deverá estar concluída até 2008) são o Swedish Standards Institute (SSI) – Instituto Sueco de
Normalização e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series 18001): Oficialmente publicada pelo British Standards Institution (BSI), trata-se de uma especificação que tem por objetivo prover às organizações os elementos de um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) eficaz, passível de integração com outros
requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos de segurança e saúde ocupacional.

SA 8000 (Social Accountability 8000): Desenvolvida pela Social Accountability International (SAI), é o primeiro padrão global de certificação social, com a função de garantir os direitos básicos dos trabalhadores. Entre outros pontos, a norma proíbe a mão-de-obra
infantil e estimula medidas de segurança e saúde, remuneração e liberdade sindical em toda a linha de produção. Com isso, as empresas têm condições, inclusive, de fiscalizar os fornecedores.

Sustainability Scorecard: Sistema de gestão para uma empresa medir seu desempenho sob o ponto de vista da sustentabilidade. É dividido em
cinco diferentes dimensões: econômica; relação com os clientes; processos e tecnologia; saúde, segurança e meio ambiente; e recursos humanos e responsabilidade social corporativa.

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