Ativismo digital

Por: Thaís Iannarelli
04 Julho 2014 - 16h37

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Atualmente, é indiscutível o fato de que a internet está inserida no cotidiano das pessoas, Além disso, tem o poder de mobilizar e unir interessados em causas comuns. Existem diversas ferramentas que facilitam iniciativas, como campanhas de captação de recursos, mobilizações, encontros e atividades. Um exemplo é a Change.org, plataforma mundial de abaixo-assinados on-line. No Brasil, já são mais de 2 milhões de usuários em pouco mais de um ano de existência. Por meio de seu serviço de campanhas patrocinadas, qualquer pessoa ou organização pode conseguir uma base de relacionamento de pessoas interessadas em sua causa ou organização, em larga escala. Durante o Festival ABCR 2014, realizado em maio pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), com correalização do Instituto Filantropia, Susana Fernández Garrido, diretora para a América Latina da Change.org, falou sobre a plataforma e sobre o ativismo digital em entrevista à Revista Filantropia.

Revista Filantropia: Que tipo de causas e petições podem ser inseridas na Change.org?
Susana Fernández Garrido: A Change.org é uma plataforma semelhante ao Facebook, ou ao Youtube, porém, é relacionada a causas sociais. Qualquer pessoa pode iniciar um abaixo-assinado, conseguir apoio e ganhar as campanhas. Somos uma plataforma aberta, neutra, e o diferencial é que propomos a mudança de forma concreta.

RF: O que é necessário para ter sucesso no abaixo-assinado?
SFG: Temos uma teoria que tentamos mostrar para as pessoas que querem começar uma petição. As coisas são possíveis quando são concretas. Um pedido pela fome mundial, por exemplo, é muito difícil que tenha êxito porque não há uma pessoa específica responsável por resolver este problema. Então, na plataforma, a pessoa descreve algo que a preocupa, o que pode ser feito e quem tem o poder para mudar esta realidade. Sempre incentivamos as pessoas a contarem suas próprias histórias, a usarem a força do storytelling, porque isso gera empatia. Adicionar a pessoa alvo da ação, ou seja, quem tem a capacidade de mudar a realidade proposta, torna o objetivo mais concreto e mobiliza mais pessoas. Assim, quando alguém assinar este abaixo-assinado, este responsável receberá um e-mail.

RF: E qual é o papel da tecnologia neste tipo de ação?
SFG: Nunca na vida houve uma conexão tão grande entre as pessoas. Antes, era muito difícil criar ou começar um movimento. Hoje, as pessoas não precisam estar organizadas em uma associação, por exemplo. Sozinho alguém pode começar um movimento da sua própria casa, com a internet. E todos estão muito conectados, há grupos de redes sociais separados por tema.

RF: Que tipos de histórias colocadas na plataforma chamam mais atenção?
SFG: Temos vários exemplos interessantes, de coisas factíveis que chamam a atenção da mídia. Um deles é a de uma menina que era babá nos Estados Unidos e iniciou uma campanha para que o Banco da América não cobrasse uma nova taxa. Ela conseguiu 400 mil pessoas em prol de sua causa, por meio do questionamento em relação à taxa extra, sendo que o banco não estava oferecendo nada em troca. Então isso mostra que uma pessoa tem legitimidade para confrontar o banco. No caso, ela conseguiu a retirada da taxa. Outro caso interessante foram as baianas, em Salvador, que começaram um abaixo-assinado porque não tinham direito de vender acarajé durante a Copa do Mundo. Finalmente, a FIFA liberou a venda dentro dos estádios. Esse tipo de ação me faz lembrar a história de Davi contra o gigante Golias, e acaba dando certo. Quando aquela tradicional folhinha de reclamações “Reclame aqui” não funciona, a plataforma trabalha como uma aceleradora. Se a petição for bem feita, torna-se algo viral e chama a atenção.

RF: Quais foram as causas que mais chamaram
sua atenção?
SFG: Adoro uma experiência brasileira, de uma fotógrafa que fez uma exposição com mulheres que tinham passado por uma mastectomia. A reclamação era que elas não conseguiam encontrar um sutiã que fosse bonito, e só conseguiam comprar a peça em farmácias. Assim, o abaixo-assinado começou para que fosse criada uma linha de sutiãs para mulheres com prótese, e deu certo. Ou aquela garota de Barcelona, que conseguiu que uma revista de moda não utilizasse mais o Photoshop nas imagens femininas. Então nem sempre são protestos, pode ser algo propositivo. A única coisa necessária é convencer as pessoas de que sua causa é importante. Se você identificar o responsável pela mudança, melhor ainda.

RF: Como você enxerga a importância da internet para a atuação das ONGs?
SFG: É muito útil, pois todos os que participam de uma ONG querem fazer um bem à sociedade, às pessoas, ao meio ambiente, aos animais, o que quer que seja. A conversa com a sociedade é extremamente necessária, para que ela saiba o que você está fazendo. Então hoje, com a internet, a tecnologia ajuda muito a reduzir os custos. A primeira campanha de mobilização social de que se tem notícia foi para abolir a escravidão, e demorou 40 anos. Hoje, com a tecnologia, podemos conseguir 1 milhão de assinaturas em uma semana.

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