Alianças intersetoriais um desafio para as organizações

Por: Luciana Rocha de Mendonça
01 Janeiro 2004 - 00h00
O conceito de alianças estratégicas intersetoriais refere-se a todas as formas de colaboração ou trabalho conjunto que as empresas, ou suas fundações e institutos, mantêm com organizações da sociedade civil e do governo para realizar práticas de atuação social. Com tal maneira de cooperação entre instituições de diferentes setores, não se pretende substituir o papel do Estado na própria responsabilidade de elaborar políticas sociais, tampouco atribuir às organizações da sociedade civil o papel de operadoras dos serviços públicos.

A premissa que sustenta esse conceito é de que as alianças podem se constituir em modelo eficaz de atuação social, à medida que promovem a sinergia entre as competências de cada entidade envolvida. Assim, ao ampliar a participação de pessoas e instituições na busca de soluções para os problemas sociais, tais alianças criam espaços de fortalecimento da cidadania.

Conhecer o funcionamento dessas alianças é, portanto, essencial para aperfeiçoar práticas e desvendar caminhos inovadores de empreendedorismo social. Com tal intenção, foi realizada pelo CEATS (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor) a pesquisa Alianças Estratégicas Intersetoriais para Atuação Social, entre os anos de 2001 e 2002.

A internacionalização econômica, materializada pela intensificação da integração dos mercados mundiais, tem impactado os ambientes econômico, social e político. Paralelamente, verifica-se crescimento expressivo da participação das organizações da sociedade civil (OSCs) no Brasil. De acordo com uma pesquisa de Leilah Landim, em 1995, existem cerca de 250 mil instituições.

A redefinição dos papéis sociais do Estado, mercado, Terceiro Setor e da própria participação comunitária tem propiciado o desenvolvimento de novas formas de executar as ações sociais, especialmente por meio de alianças intersetoriais. A complementaridade entre os três setores, e não a substituição de um pelo outro, leva a melhores resultados, tanto para as organizações envolvidas quanto para a sociedade.

Averiguou-se a busca pela complementaridade nas empresas que responderam ao questionário da pesquisa: 85% delas desenvolvem projetos em parceria. Em 80,2% dos casos, as alianças ocorrem com entidades do Terceiro Setor, enquanto 55,5% das empresas estabelecem parcerias com órgãos governamentais e 47,3% com outras empresas. Já 28,2% estabelecem alianças com os três setores simultaneamente – número expressivo, se forem consideradas as dificuldades inerentes a um relacionamento entre organizações de diferenciadas origens.

Papéis dos parceiros

Para as empresas, instituições sociais e de governo, a concessão de recursos – financeiros e materiais – é feita primordialmente pela empresa, ao passo que as organizações parceiras são, em geral, as executoras do projeto. Tal divisão das atividades parece perpetuar os papéis tradicionais, quando a atuação social das empresas limitava-se quase exclusivamente às doações financeiras.

A partir da última década do século 20, novas formas de participação da empresa vêm se intensificando: os recursos passaram a não ser somente materiais ou financeiros, mas também humanos, considerando-se principalmente o trabalho voluntário, que levou às entidades do Terceiro Setor, além do apoio paliativo, os conhecimentos em gestão e contribuiu para que as mesmas percebessem a necessidade de profissionalização de suas atividades, ao facilitar a compreensão da importância da prestação de contas sobre capital recebido e da mensuração dos resultados.

Atualmente, as empresas já conseguem perceber que, apesar dos pedidos por suporte financeiro ainda serem freqüentes, também têm como contribuir com outros recursos igualmente escassos nas instituições de Terceiro Setor e que fazem parte da expertise da empresa.

É importante notar que o fato da empresa apoiar financeiramente não é intrinsecamente ruim, pois o capital é necessário à sobrevivência da entidade social. Porém, para que o auxílio monetário não gere dependência, é fundamental que ele se encaixe em um plano de ação transformador, que inclua atividades de troca de conhecimentos e know-how administrativo, que são, normalmente, pontos fracos das OSCs.

Facilitadores e complicadores da gestão das alianças

Os facilitadores primordiais citados pelas empresas e/ou pelas organizações do governo e do Terceiro Setor foram: tomada de decisões e realização de ações conjuntas; estabelecimento do compromisso entre as partes; otimização de competências; comunicação; transparência e confiabilidade.

No entanto, ainda há dificuldades a serem vencidas no relacionamento entre as entidades com e sem fins lucrativos. Para as empresas, os mais relevantes obstáculos se referem à falta de competência gerencial das instituições do setor social; à dificuldade de comunicação e a alguns conflitos culturais entre as partes. A falta de preparação para o gerenciamento pode tornar-se fator de aproximação, quando ambas estão dispostas a fortalecer a aliança, já que a empresa pode levar à organização os conhecimentos de gestão. Isso exige, contudo, uma atitude pró-ativa de ambas as partes.

Em relação às organizações governamentais, os principais impedimentos, apontados tanto por empresas quanto por instituições do Terceiro Setor, estão na burocracia e lentidão, que dificultam a tomada de decisão conjunta.

As organizações sociais, por sua vez, colocam como uma barreira no relacionamento com as empresas a preocupação destas com a própria imagem, pois, muitas vezes, isso faz com que algumas ações sejam feitas somente visando à repercussão e não aos resultados sociais. Os problemas fundamentais surgem, porém, das diferenças culturais e de lógica de trabalho existente entre elas e as empresas, o que reflete em dificuldades operacionais e de comunicação.

Diversidade

A ausência de planejamento parece gerar um dos principais desafios que enfrentam as alianças intersetoriais no Brasil: a carência de monitoramento e de avaliação dos resultados e impactos dos projetos sociais, comprovada pelas organizações e empresas entrevistadas pela pesquisa. A maior parte das alianças estudadas se limita a relatórios de prestação de contas dos recursos financeiros investidos e à utilização de indicadores pouco estruturados de avaliação.

A diversidade de iniciativas e estágios é a característica primordial das alianças intersetoriais, que, estabelecidas das mais variadas formas, implicam diferentes níveis de integração entre as organizações aliadas e os resultados dos projetos. Não é possível determinar um modelo único para o estabelecimento de uma aliança intersetorial para atuação social, seja em relação aos resultados efetivos ou aos papéis que cada um dos envolvidos deve assumir. No entanto, é importante que sejam definidas com clareza as expectativas, os propósitos e a compatibilidade da cooperação. Quanto mais claro estiver o papel de cada ator nesse processo, maior a potencialização dos resultados sociais da colaboração. Conseqüentemente, tanto a sociedade quanto cada colaborador ganharão com isso. Diante da complexidade dos atuais problemas, as organizações dos diferentes setores já começaram a perceber que são necessários esforços sinérgicos de troca e de multiplicação de experiências para se alcançar verdadeiras mudanças sociais.

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