Adaptando-se a novas realidades

Por: Revista Filantropia
30 Dezembro 1899 - 00h00

O esporte adaptado, que se desenvolveu e hoje tem um papel importante para a inclusão de pessoas com deficiência, surgiu no começo do século 20, iniciando suas atividades competitivas para portadores de deficiência auditiva em modalidades de competição coletiva. Em meados de 1920, as pessoas com deficiência visual ingressaram nas atividades esportivas, principalmente no atletismo e na natação. Para pessoas de mobilidade reduzida, as competições adaptadas começaram no final da Segunda Guerra Mundial, entre 1944 e 1952, quando os soldados e as vítimas voltavam para casa com seus corpos mutilados e outros tipos de deficiências.
As primeiras competições oficiais aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos. Na Inglaterra, a iniciativa foi do médico alemão Ludwig Guttmann, que atuava em um pequeno vilarejo no sudoeste de Aylesbury, no condado de Buckinghamshire, região metropolitana de Londres. Seus pacientes com lesão medular e amputações de membros inferiores foram os pioneiros em jogos esportivos. Já nos Estados Unidos, a iniciativa veio da Paralyzed Veterans of America (PVA), onde nasceram as primeiras equipes oficiais de basquete em cadeira de rodas e as primeiras competições oficiais de atletismo e natação.
Assim, em 1948 foram realizados os primeiros jogos oficiais para deficientes físicos (Jogos Esportivos de Stoke Mandeville). Apenas 14 homens e 2 mulheres participaram deste evento, paralelamente aos Jogos Olímpicos, que aconteceram em Londres. Dez anos depois, em 1958, a Itália se preparava para sediar os XVII Jogos da Olimpíada de Verão, e o diretor do Centro de Lesionados Medulares da cidade de Ostia, Antônio Maglia, sugeriu que os jogos de Mandeville de 1960 fossem realizados em Roma logo após o término das Olimpíadas. Foi aí que se iniciaram oficialmente os Jogos Paraolímpicos que, em sua primeira edição, contou com a participação de cerca de 400 atletas de 23 países e um público de 5 mil pessoas.

O esporte adaptado no Brasil

No Brasil, o movimento surgiu em 1958 com o atleta Sérgio Seraphin Del Grande, portador de paraplegia (perda dos movimentos dos membros inferiores) após regressar de um tratamento de reabilitação nos Estados Unidos e fundar o Clube dos Paraplégicos de São Paulo (CPSP). Outro atleta que contribuiu para a difusão da modalidade no Brasil foi Robson Sampaio de Almeida que, no mesmo ano, fundou o Clube dos Otimistas, entidade voltada para a prática de basquetebol em cadeira de rodas. No ano seguinte, as duas instituições realizaram o primeiro campeonato de basquetebol em cadeira de rodas formado por equipes brasileiras.
O Brasil atualmente é um grande incentivador da prática. A primeira participação do país em Paraolimpíadas ocorreu em 1972, na Alemanha, na quarta edição do evento, disputando apenas uma modalidade esportiva: a bocha. Na edição seguinte, no Canadá, o Brasil conquistou as primeiras medalhas nesta mesma modalidade. Com o passar do tempo e o desenvolvimento do esporte no país, a participação brasileira foi aumentando e trazendo resultados positivos. Nos Jogos Paraolímpicos de 2008, em Pequim, o país ganhou 47 medalhas, sendo 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze.
Para disseminar esta prática e promover a inclusão de pessoas com deficiência, muitas instituições sociais também atuam com este foco. Entre elas, estão o Caminhar – Centro Avançado de Recuperação da Lesão Medular, localizado no Núcleo Bandeirante, em Brasília, e o Instituto Novo Ser, localizado no bairro de Freguesia, no Rio de Janeiro. Ambas as instituições promovem o esporte adaptado como meio de inclusão social.
Seja qual for a atividade física ou modalidade esportiva, o cadeirante enfrenta grandes dificuldades. “Ainda hoje, pouco se fala sobre o esporte adaptado. Falta uma participação governamental maior em incentivar e divulgar a prática de atividade física e, principalmente, a presença de centros gratuitos de desporto adaptado no Brasil”, ressalta a sócia-fundadora e diretora de planejamento e treinamento do Caminhar, Karen Sakayo, que também é cadeirante e pratica parabadminton (modalidade adaptada do badminton, jogo semelhante ao tênis trocando a bolinha por peteca).
No dia a dia, as dificuldades vão muito além da prática esportiva. “São várias as dificuldades, como a aquisição de equipamentos, muitas vezes importados, a falta de transporte público adaptado, além da falta de acesso, inclusive nas instalações esportivas. Para quem possui uma deficiência severa, como a tetraplegia, a distrofia muscular, a paralisia cerebral, entre outras, essas dificuldades se tornam ainda maiores. Essas pessoas não estão aptas para a prática da grande maioria dos esportes adaptados”, afirma Ricardo Gonzalez, cadeirante desde 1997, coordenador do Instituto Novo Ser e presidente da Associação Brasileira de Futebol em Cadeira de Rodas (ABFC).
A prática esportiva em geral traz diversos benefícios à saúde do portador de necessidades especiais. “Ao estar numa cadeira de rodas ficamos vulneráveis a outras complicações de saúde e, ao praticarmos a atividade física, melhoramos nossas condições de saúde e ganhamos condicionamento físico. Isso nos dá agilidade para atividades diárias. O desporto adaptado nos proporciona momentos únicos de vivência com outras pessoas com necessidades especiais, que constroem um ambiente rico em motivação e exemplo de vida. Além disso, vejo no esporte a melhor terapia, pois não enxergamos nossas limitações, e sim nossas habilidades”, explica Karen.
Para Ricardo, não só a integração social por meio do esporte é benéfica para o portador. “Alguns benefícios importantes são a melhoria da qualidade de vida e da autoestima dos atletas, bem como de seus familiares e amigos, a prevenção de doenças, a melhoria da capacidade respiratória, o aumento da força muscular, do equilíbrio e da coordenação motora. Também gera um estímulo à autonomia e à prática da cidadania e, principalmente, a socialização”.

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