Entre as muitas áreas em que o voluntariado pode se manifestar, uma é a educação, ajudando na formação de uma consciência de cidadania e promovendo a qualidade do ensino de nossos alunos, o que, todos sabemos, é de importância fundamental para o Brasil. Essa combinação entre voluntariado e educação (o voluntariado educativo) é recente e só aconteceu quando as partes, cada uma com sua história, tiveram seus caminhos cruzados, surgindo uma feliz sintonia.
Para começar a história do voluntariado educativo no Brasil, foi necessário, primeiro, o amadurecimento do voluntariado, que durante séculos passou por momentos distintos. Atuante somente nos sintomas, sem procurar a causa dos problemas, esse voluntariado é definido pela benemerência, sendo praticado principalmente por mulheres e instituições religiosas. Para muitos brasileiros, essa ainda é a defi nição de voluntariado.
Ao longo do século 20, o trabalho voluntário brasileiro sofreu um notável e rápido desenvolvimento. A sociedade civil passou a ser cada vez mais atuante e a buscar soluções duradouras para as dificuldades. No fi nal da década de 1950, apareceram movimentos sociais de reivindicação de melhorias urbanas e sociais, um voluntariado combativo, engajado. Nas décadas de 1980 e 1990, cresceu a quantidade de organizações sociais atuantes em áreas como meio ambiente, saúde e educação. A idéia é, ao mesmo tempo, buscar soluções para os problemas e cobrar o Estado para que ele cumpra o papel de formular políticas públicas. Do outro lado dessa relação está a educação, a presença da escola, que aos poucos foi se aproximando da comunidade em que estava inserida.
Resultado do encontro entre um voluntariado sustentável e de uma escola aberta, o voluntariado educativo se manifesta quando, em um projeto socioeducativo, ocorre a intersecção entre a intenção pedagógica e a intenção solidária. Busca-se a incorporação de valores e conteúdos por meio de ações protagonizadas pelos estudantes, sempre de modo pertinente à proposta políticopedagógica da escola, complementando o trabalho do professor em sala de aula, trazendo elementos que enriqueçam o tratamento de temas transversais. O voluntariado educativo é uma proposta eficaz também para se dar significado aos conteúdos curriculares e à vivência de valores. As atividades sociais, por sua vez, devem ser planejadas para não deslocar a escola de sua principal função: promover a aprendizagem, preparar o aluno para a vida e para o trabalho. Não existem, porém, fórmulas mágicas e universais para o êxito de projetos de voluntariado educativo. Cada instituição de ensino pode e deve olhar ao seu redor, diagnosticar problemas, definir metas, estabelecer o plano de ação, agir e celebrar os resultados obtidos. Precisa também se lembrar das parcerias, que estendem o alcance do grupo realizador e agregam forças a ele – o conhecimento de pais de alunos, os recursos de entidades particulares, os meios do poder público e as palavras da mídia local são fortes instrumentos para aumentar ainda mais o potencial dos projetos.
Além de agregar valores à educação, o voluntariado educativo contribui para um sentimento de realização pessoal, responsabilidade e solidariedade por parte de quem o exerce, o que é benéfico para o conjunto dos indivíduos, fortalecendo o capital social. Muitas culturas e religiões corroboram essa idéia, cada uma a seu modo, enfatizando que, ao ajudar o próximo, você também ajuda a si mesmo.