Antes que o mundo acabe!

Por: Fernando Credidio
01 Julho 2007 - 00h00
As mudanças climáticas são, hoje, a maior ameaça ambiental para a Terra. Devido à elevação da temperatura no planeta, a natureza vem reagindo violentamente. Escassez de água, áreas que estão virando deserto, extinção de espécies, chuvas torrenciais, furacões, inundações e avanço do mar sobre as cidades costeiras são alguns exemplos. Esses fenômenos têm levado governos, empresas e sociedade a buscar medidas que possam frear o ritmo do aquecimento, que tem como principal causa a emissão de gases poluentes, como o gás carbônico.
Esses gases são emitidos pela queima de combustíveis fósseis, a exemplo do carvão e do petróleo, tornando a atmosfera mais densa, impedindo a saída de parte da energia solar que entra na Terra e elevando, assim, as temperaturas. Para conter a emissão dos gases, são necessárias políticas na redução do consumo de energia, uso de tecnologias capazes de capturá-los ou armazená-los e, ainda, a adoção de fontes limpas de energia.
Devido às mudanças climáticas, a humanidade passará por uma divisão sem precedentes. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês) – estabelecido em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que estuda, discute e orienta a implementação da Convenção do Clima e do Protocolo de Kyoto –,
as conseqüências mais graves do aquecimento global previstas para as próximas décadas atingirão, principalmente, América do Sul, Ásia e África. Estados Unidos, Europa e Austrália são os que menos sofrerão.
De acordo com os pesquisadores do IPCC, a escassez de água em regiões do planeta já secas e pobres – como o sertão nordestino –, e o excesso dela em áreas sujeitas a inundações – como os superpopulosos deltas de rios asiáticos –, colocará em risco milhões de pessoas até 2080. As regiões mais impactadas serão aquelas onde as pessoas forem menos capazes de se adaptar à mudança climática.

Efeitos devastadores
O aquecimento global segue uma lógica cruel e desumana: os mais pobres pagarão caro pelos erros e pela inércia dos mais ricos. De acordo com a conclusão de uma análise produzida por economistas e cientistas norte-americanos da Universidade de Yale, do Banco Mundial e do Instituto de Pesquisas sobre Energia Elétrica, metade das nações mais miseráveis do mundo sofrerá os principais danos provocados pelo superaquecimento do clima. Ironicamente, as pessoas mais vulneráveis vivem em países que podem se gabar de pouco ter contribuído para a emissão de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa.
Por sua vez, a ONU adverte que secas, enchentes e supertempestades aumentarão ainda mais a desigualdade entre países ricos e pobres. O relatório do IPCC alerta para os efeitos do aquecimento global sobre a saúde humana, com o aumento dos casos de doenças tropicais, das enfermidades provocadas pela falta de água tratada ou pela seca. Também afirma que os países do hemisfério Sul serão os principais afetados pela combinação das mudanças climáticas com a presença humana. Ainda de acordo com o documento, 250 milhões de pessoas poderão ser expostas à falta de água na África até 2020. No Nordeste do Brasil, a recarga de águas subterrâneas pode cair 70% até os anos 2050.
Ao contrário do que muitos imaginam, os Estados Unidos, considerados os principais vilões desse cenário, não são os únicos em dívida com a Terra. O jurista, diplomata e ex-ministro Rubens Ricupero lembra, em artigo recente, que o Brasil, apesar do etanol e de equação energética mais limpa, é réu de culpa tríplice: pelas queimadas na Amazônia, quarta ou quinta maior fonte de gases causadores de efeito estufa; pela destruição das matas ciliares e desrespeito dos 20% da reserva legal de Mata Atlântica em muitos canaviais; e, finalmente, por não coibir o sistema desumano que obriga 200 mil colhedores de cana à exaustão, chegando às vezes à morte, a fim de alcançar paga condigna. “Nessa injustiça do tamanho do planeta, o Brasil é vilão e vítima”, define Ricupero.
A luta contra o aquecimento global não será tão cara quanto se imaginava há algum tempo, se os governos se empenharem no sentido de impedir uma elevação significativa da temperatura média do planeta. Contudo, caso medidas urgentes não sejam tomadas, salvar o planeta da crise climática terá um preço elevado: cerca de 2% do PIB mundial. Esse número foi divulgado em Bancoc, Tailândia, na terceira e última parte da apresentação do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC. Ainda não se sabe quanto o custo pode representar em dólares. O valor do PIB mundial é de US$ 44,6 trilhões (medido em 2005), mas não é possível estimar quanto será em 2030, ano de referência com que o IPCC trabalhou. Hoje, 2% desse valor representam cerca de US$ 892 bilhões, mais de 80% do PIB do Brasil.

Desafios e oportunidades

Em razão das mudanças climáticas, está surgindo um novo tipo de viagem: o turismo do aquecimento global, conforme nota publicada pelo jornal O Globo, no início de maio. Seu lema é: visite algumas partes do mundo antes que elas desapareçam por completo. O Oceano Ártico, que está ameaçado de perder sua cobertura de gelo no verão até 2020, é um dos alvos. Uma companhia inglesa prepara cruzeiros em navios quebra-gelos para a área.
A luta contra o aquecimento global não será tão cara quanto se imaginava há algum tempo, se os governos se empenharem no sentido de impedir uma elevação significativa da temperatura média do planeta

O gelo marinho que cobre o oceano Ártico – que derrete no verão e congela de novo no inverno – registrou neste ano sua segunda menor extensão em toda a história, afirmam cientistas americanos. Os pesquisadores dizem que este é o terceiro ano consecutivo em que o gelo marinho deixa de se recuperar totalmente. A perda se deve a temperaturas acima da média atribuídas ao aquecimento global – o inverno de 2007 foi o mais quente da história no hemisfério Norte.
Outras maravilhas da natureza ameaçadas de destruição por causa do aumento global da temperatura serão alvos, fatalmente, desse tipo de turismo. Entre elas, estão a Floresta Amazônica, a Grande Barreira de Coral da Austrália, o deserto de Chihuahua (entre EUA e México), as florestas de Valdivia (Chile e Argentina), o Rio Yangtsé (China) e as matas costeiras e a vida marinha do leste da África. A verdade é que, da China à Amazônia, são vários os ecossistemas em risco devido ao aquecimento global. A ironia que esse tipo de turismo traz é que se muitas pessoas visitarem os lugares ameaçados pelas mudanças climáticas, queimando combustíveis fósseis a cada viagem, elas vão garantir o surgimento de muitos outros. Portanto, esse não é o caminho a ser seguido.
Como todas as iniciativas para conter o aquecimento global até agora têm se mostrado insuficientes para reverter o agravamento da situação, é preciso que haja uma ampliação nesse movimento para que a Terra tenha um futuro mais promissor. Portanto, a sociedade terá de repensar seu comportamento, mudando práticas nocivas à sustentabilidade do planeta e, sobretudo, adquirindo – novos – hábitos saudáveis, uma vez que, nesse processo, ninguém está sem responsabilidades, pois todos nós somos capazes de mudar a nossa realidade.

Fernando Credidio. Palestrante, articulista, gestor e consultor organizacional em Terceiro Setor, sustentabilidade e responsabilidade social empresarial.

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