Promessas para idiotas

Por: Felipe Mello, Roberto Ravagnani
01 Setembro 2010 - 00h00

Sidarta, de Hermann Hesse, descreve a jornada cumprida pelo protagonista que dá nome à obra. Seu processo de iluminação o conduz a atitudes libertárias, uma delas representada por uma frase provocativa: dada uma situação, Sidarta diz a um interlocutor: “o gesto da sua mão me interessa mais que as suas opiniões”.
Períodos eleitorais me causam estranhezas. Talvez porque a eleição seja a materialização de uma escolha, supostamente parida após um processo digestivo do eleitor, a partir de elementos que engole espontânea ou forçosamente.

As próximas linhas não serão dedicadas ao momento atual de eleições de representantes políticos, até porque a Justiça Eleitoral poderia reagir caso eu decidisse publicar minhassinceras opiniões. Um pouco de Sócrates para temperar o cozimento, quando ele diz que mais que parir corpos, precisamos aprender a parir espíritos. Quem elege apenas com o corpo perpetua a tragédia; quem elege com o corpo e o espírito amplia as chances de transcendência e cumprimentodo seu destino.

Perdão pelas referências políticas. O cidadão pretensamente inconformado que mora em mim exigiu esse pedágio antes da entrega ao tema desejado: atitudes cotidianas a partir de escolhas lúcidas. Como dizem, “peguei o gancho” – aliás, que gancho é esse sobre o qual todos falam? – da eleição para chegar às eleições menos espalhafatosas, porém mais determinantes, que diariamente somos convidados a fazer. A ética do dia a dia, o saber comum que nutre mais que intoxica, a ação mais protagonista que desgovernada. Algo que os gregos chamavam de phronesis, que para Aristóteles era a sabedoria na prática. O tema é recorrente entre grandes pensadores, possivelmente porque o foco nas grandes decisões regionais ou nacionais se transforma em algo muitovago quando não há lucidez no microcosmo das relações mais próximas.

Immanuel Kant falou sobre o esclarecimento, a lucidez. De forma assertiva, acreditava que a maioridade existencial só poderia ser alcançada pelo indivíduo que se tornasse um cuidador, saindo do papel de vítima e avançando em sua caminhada,apropriando-se dos seus passos e oferecendo a si e ao mundo o melhor que ele pode ser a partir do que ele é.

A observação do cotidiano revela que anda faltando paixão na vida das pessoas. Não a paixão no sentido atual, que quase se transformou em antítese do amor, sendo aquelaruim e este nobre. Basta conferir que a origem da palavra é pathos em grego e passio em latim. Atualmente, patologia é o estudo das doenças, evidenciando a decadência do conceito.

Indivíduos que não estão apaixonados por nada escolhem praticamente como soluçam ou suspiram, sem compreendera extensão das escolhas. Ainda, tornam-se presas fáceis aos interesses alheios.

Fico com Madre Tereza de Calcutá e sua proposta de “amor em ação”. Faz lembrar o phronesis defendido por Aristóteles, embora, com todo o respeito ao seu papel histórico, prefira a Tereza, que tinha a ambição de fazer bem feito ao que estava por perto, sem a pretensão de explicar ou conquistar o mundo. Aliás, decisões pequenas e coerentes que respeitam a vida caminham muito mais no sentido de explicar e corrigir o mundo do que a erudição cientificista, que não consegue mais dar conta do sentido da existência. Para decidir, entretanto, há de se ter sentimento. Sentir a vida, o entorno, estabelecendo um diálogo contínuo e honesto
entre o de dentro e o de fora. A anestesia está para o protagonismo assim como o Coringa está para o Batman. Até a etimologia coloca lenha no debate, pois anestesia significa“sem sentimento”. Viktor Frankl se abraça a Nietzsche em seu livro Em busca do sentido, após passar cinco anos em Auschwitz, campo de concentração nazista, lembrando que “o modo de ser depende das decisões, e não das condições”. Nietzsche havia dito que “quem tem pelo que viver, aguenta qualquer como”. Relação nítida, clamor pela causa, paixão.
A palavra idiota significava, em sua origem grega, idiotes,a pessoa que não ocupava cargos públicos, estando dedicado a questões particulares, como família e trabalho. Mais um conceito que se alterou com os anos, sendo a principalalteração o fato de muitas pessoas serem duplamente idiotas, ou seja, não participarem da vida pública e também seguirem anestesiadas em sua vida individual, alheias, alienadas
às eleições essenciais traduzidas em oportunidades de transformação das atitudes e, por consequência, dos locais por onde transitam. Repito: tornam-se presas fáceis aos interesses alheios.

Chegou ao fim a era dos super-heróis, que detonam os inimigos com golpes mirabolantes e irreais. Essas promessas só persistem em programas eleitoreiros em busca de incautos. Arsenal importante mesmo na era atual é a lucidez do cidadão comum, que escolhe não ser idiota e decide ser o melhor que se pode ser, em sua vida privada ou pública. Bem antes de exigir voto consciente, parece fazer mais sentido trabalhar pela consciência em ação. Caso contrário, continuará o espetáculo das carroças puxando os bois.

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