Os últimos meses de 2018 ficarão registrados em minha mente e coração, no mínimo, como um espaço de tempo em que vi e senti, de forma mais nítida que nunca, matizes e nuances do povo brasileiro outrora não vistos, especialmente por alguns fatores: eu nunca tinha visto tanta gente falando de assuntos relacionados à política e às eleições; eu nunca tinha visto tanta gente, pretensamente, especialista em quase tudo; eu nunca tinha visto tanta produção e propagação de mentiras de forma tão despudorada; e eu nunca tinha visto tanta agressividade espalhada, em manifestações explícitas de desejo de aniquilamento do outro.
Confesso que me bateu uma vontade lascada de mergulhar, diretamente, nesse terreno. Mas — creio que você há de me entender — a energia dispensada à compreensão, defesa, provocações, justificativas, ataques, sumiços, frustrações etc., foi tão grande nos últimos meses, que prefiro pensar em soluções para o que vi nessa foto sem filtro do povo brasileiro, verniz arranhado com carne viva e dentes à mostra.
Antes, apenas uma ressalva: penso ser ruim torcer para o país dar errado, apenas para se ter a vã glória de se dizer “eu avisei”. Isso, contudo, não significa que se deve assistir aos próximos capítulos da cena política passivamente. Muito pelo contrário: a participação ativa, vigilante e coerente com o que se acredita e deseja para o país tem muito mais sentido e valor ao término das eleições. Que tenhamos sempre a possibilidade de defender o que acreditamos, rechaçando o que não queremos. Qualquer outro cenário é inaceitável.
Depois de falar da dor, lanço-me ao que julgo um ótimo tratamento para que os nós de nós, ao longo do tempo, possam se converter, em escala progressiva, em laços sociais. Aqui dou as mãos ao voluntariado, uma manifestação da vontade individual de participação no processo de promoção de valores humanos positivos. E, claro, por trás disso, há a questão do propósito que nos motiva à ação. Cada vez mais, creio que o voluntariado, ou ainda, mais claramente, o protagonismo ético, pode, sim, contribuir para o fortalecimento do encontro e nutrição de nossos propósitos — entendendo como protagonismo ético o comportamento que busca vontade de agir, pela clareza das causas, para além dos programas sociais nos quais nos envolvemos de forma mais pontual.
Em todos os programas socioculturais promovidos pelo Canto Cidadão (ONG que ajudei a fundar, em 2002, e sigo dirigindo), nossa missão é a promoção de bons encontros, especialmente por meio da arte, em hospitais e escolas públicos. Cremos que valorizando a vida do voluntário e do beneficiário, eles possam contribuir para o acolhimento e a sensação de pertencimento dos envolvidos. Somos cada vez mais devotos da escuta ativa, a vontade lúcida e competente de construir pontes para a interação sincera com as pessoas beneficiadas. Este é o grande tesouro do nosso trabalho: a construção de laços invisíveis, mas sensíveis e perceptíveis, de gente que se importa com a história do outro.
Acredito que pela arte, criamos a permissão de sair da realidade um instante rumo à descompressão, ou ainda, de permanecer na realidade com um estímulo que traz mais cor, beleza, lembrança das potências humanas que afirmam a vida. Como bem disse a pensadora estadunidense, Stella Adler, “às vezes a vida bate e estraçalha a alma da gente; daí vem a arte e nos lembra que temos uma”. Neste momento, somos um povo machucado. A percepção de vitoriosos ou derrotados é frágil sem o cuidado coletivo, pois todos parecem perder quando a gente não se acha, como sociedade. Nossa cura, processo longo e incerto, pede, agora, respeito ao lugar do outro, compromisso com a verdade e mais atitude protagonista e ética de cada um, para além dos apetites individuais e esperanças em salvadores de pátrias, que nunca resolveram muita coisa em lugar algum.
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