Os caminhos do lixo

Por: Fernando Credidio
01 Julho 2009 - 00h00

O lixo faz parte do nosso dia-a-dia. É uma realidade de proporção mundial. Contudo, apesar de a mídia conferir bastante destaque ao tema, quase não se comenta sobre a destinação dada a ele. Por isso, resolvi abordar esse assunto de forma didática, ainda que resumidamente.

Desde a pré-história, quando os homens viviam em cavernas, pequenos acampamentos ou aldeias, o lixo já era um problema. Atualmente, ele não é mais formado apenas por restos de alimentos e outras matérias naturais. Muito do que se joga fora é feito de material poluente ou que não se decompõe facilmente. Em cada caso, é preciso muita tecnologia para tratar o lixo de forma correta.

Diariamente, uma grande quantidade de lixo decorrente das atividades domésticas, comerciais, industriais e dos serviços de saúde é produzida nos centros urbanos. Às sobras e aos restos de materiais que constituem esse lixo, soma-se aquele proveniente da varrição pública. Portanto, dar tratamento e destinação adequada às milhares de toneladas coletadas é uma tarefa árdua que requer planejamento, aplicação de tecnologias avançadas, controle e fiscalização constantes.

A exemplo de nossas residências, as cidades precisam estar limpas todos os dias. Esse serviço é chamado de limpeza urbana e, com a ajuda de um verdadeiro exército, o trabalho inicia-se pela coleta, passando pelo tratamento e terminando no lugar apropriado onde o lixo deve ser depositado.

O lixo é dividido em tipos e cada um deles precisa de tratamento especial

Chamamos de lixo tudo aquilo que não aproveitamos, seja em casa, no comércio, nas indústrias ou nos hospitais. E, ainda, aquilo que vem da natureza, como folhas, areia, terra e galhos.

De acordo com a sua origem e com os riscos que pode causar à saúde e ao meio ambiente, o lixo é dividido em resíduos urbanos e resíduos especiais. Os primeiros vêm das nossas casas, da varrição das ruas e do comércio, recebendo também o nome de lixo doméstico. É formado por restos de alimentos, papéis, vidros, folhas, trapos, madeiras, latas e tudo o que jogamos fora.

Por sua vez, os resíduos especiais são aqueles gerados nas indústrias, hospitais, clínicas e nos demais serviços de saúde. Como esse tipo de lixo coloca em risco a saúde das pessoas e o meio ambiente, precisa de cuidados especiais ao ser recolhido, transportado, incinerado e depositado, já em cinzas, nos aterros sanitários. Esses resíduos são formados por materiais radioativos, alimentos e medicamentos com data vencida, sobras de matadouros, produtos químicos corrosivos, reativos, tóxicos e inflamáveis, além de restos de embalagens de inseticidas e outros venenos.

Como funciona a limpeza urbana?

O serviço de limpeza urbana começa quando os caminhões recolhem o lixo nas portas das nossas residências, ao mesmo tempo em que os varredores estão executando sua tarefa nas ruas e praças das cidades.

Após recolhido, o lixo percorre um longo caminho. O doméstico é levado para lugares chamados estações de transbordo. Lá, os caminhões despejam o material em grandes carretas. Das estações de transbordo, uma pequena parte do lixo é enviada para as usinas de compostagem. A maior parte vai para os aterros sanitários.

Usinas de compostagem

Uma usina de compostagem é uma espécie de fábrica que usa o lixo como matéria-prima. Nessas usinas, os resíduos são separados em três tipos:

• Materiais orgânicos: são os restos de alimentos, folhas de árvores etc. Esse material é triturado, misturado e peneirado, e vai para um local dentro da usina onde ocorre a compostagem. A compostagem (ou transformação em adubo) acontece quando algumas bactérias que vivem no lixo entram em ação, criando um tipo de adubo natural que é usado nas plantações;

• Materiais recicláveis: são as partes do lixo que podem ser reaproveitadas. Vidro, papel, plástico, latas e outros metais são separados e utilizados pelas indústrias que reciclam esses materiais, ou seja, transformam-nos em produtos novos;

• Rejeito: é a parte que não pode ser aproveitada, como pedras, areia, pedaços de couro, borracha e plástico sujo. Esses rejeitos são enviados para os aterros sanitários específicos, chamados aterros de inertes.

Aterros sanitários

O aterro sanitário é uma forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo que utiliza técnicas de engenharia civil e sanitária para espalhar, compactar e cobrir com terra, diariamente, esses resíduos, com o objetivo de proporcionar seu confinamento seguro, evitando riscos e danos à saúde pública e minimizando os impactos no ambiente.

Sua construção deve impermeabilizar o solo para que o chorume (líquido escuro e com alta carga poluidora, resultado da fermentação e decomposição biológica da parte orgânica do lixo e outros resíduos) não atinja os lençóis freáticos. É necessário também drenar o chorume retirado do aterro, bem como os gases, principalmente o carbônico, o metano e o sulfídrico.

Os aterros sanitários são cuidados e controlados durante cerca de vinte anos após deixarem de funcionar. Além disso, depois de ser um aterro, o local pode se transformar em bosque, parque ou área de lazer.

Resíduos especiais e lixo industrial / comercial

A coleta dos resíduos especiais é feita por meio de caminhões que levam o lixo para os incineradores, lugares próprios para queimá-lo. Esses fornos conseguem queimar centenas de toneladas de lixo por dia e sua temperatura pode chegar perto dos 1.000oC. As cinzas também são transportadas para os aterros sanitários.

Coleta seletiva

Todo o lixo doméstico que não é separado vai para a coleta comum, podendo ser separado, depois, nas usinas de compostagem. Muitas vezes, como estão muito sujos, os materiais vão para os aterros sanitários. Se apenas o necessário for parar nos aterros, eles podem funcionar por muito mais tempo.

Embora não seja mote deste artigo, convém lembrar que, quando o papel é reciclado, evitamos cortar árvores. Quando o vidro é reciclado, deixamos de extrair areia. Quando o plástico é reciclado, poupamos petróleo, e assim por diante.

A coleta e o tratamento do lixo custam dinheiro, e todos nós pagamos por esse serviço. Quando o lixo reciclável é vendido às indústrias, o valor arrecadado pode ser usado para diminuir os custos do próprio lixo. E toda a população ganha com isso. Por isso, separar o lixo reciclável é, antes de tudo, um ato de cidadania e uma prova de respeito à natureza e ao próximo.

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