ESG: as três letras que diferenciam as entidades do Terceiro Setor

Por: Alexandre Chiaratti
03 Novembro 2022 - 00h00

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As entidades do Terceiro Setor (independentemente de certificação) são verdadeiras protagonistas à frente da nossa sociedade, que atuam em questões importantes não apenas nas grandes capitais mas também nos locais mais isolados do nosso Brasil. Contribuem nas mais diversas áreas, por exemplo, levando educação de qualidade, promovendo a saúde e atendendo em sua rede de hospitais mais de 60% da população brasileira. Na assistência social, são muitas atuações, que vão desde o atendimento a idosos, crianças e adolescentes até mesmo à promoção do mercado de trabalho. Não tenho a intenção de mencionar todas as ações, mas vale descrever a não menos importante participação relacionada ao meio ambiente, que contribui desde para a agricultura familiar, orientando o pequeno produtor, até o monitoramento de espécies silvestres e áreas de preservação ambiental. São muitas entidades atuando nas mais diversas áreas e fazendo a diferença na vida de muitos brasileiros.

Neste breve momento de leitura, vou descrever um pouco da minha vivência (de mais de 20 anos) com as entidades que atendo, por meio da Audisa, em todo o território nacional e nas mais diversas áreas de atuação no Terceiro Setor.

A cada dia, observo que a sociedade está, além de mais exigente, muito mais consciente e utilizando de formas mais criteriosas para exercer o seu poder de escolha.

Vocês já pensaram por que um investidor social ou um doador seleciona a entidade A e não a sua (ambas atuando com atividades similares, na mesma região e com o mesmo tempo de mercado)? Por que existem entidades recebendo vultosos recursos e outras passando por extremas dificuldades?

Existem inúmeros pontos importantes e exemplos que tenho acompanhado, e poderia descrever centenas de páginas sobre eles, mas no momento vou focar nos que estão em maior evidência e podem mudar o rumo da sua entidade (para melhor, com certeza!).

  • MEIO AMBIENTE: Seus reflexos no nosso planeta (altas temperaturas, controle irregular do lixo, efeito estufa, desequilíbrio ambiental) e as consequências nas nossas vidas. Em inglês, a palavra utilizada é environment.
  • SOCIAL: A importância desta área para as entidades, valorizando o ser humano e os relacionamentos com os seus parceiros: fornecedores, clientes (internos e externos) e a sociedade. Em inglês, social.
  • GOVERNANÇA: Profissionalismo e, principalmente, a administração eficiente e eficaz, levando em consideração a ética e a transparência. Em inglês, governance.

As palavras meio ambiente (environment), social (social) e governança (governance) formam uma sigla que vem ganhando espaço no Terceiro Setor e diferenciando as entidades de forma positiva, a conhecida ESG (do inglês environmental social governance). Conceitos vistos, vou dizer como as três letras podem ajudar a sua entidade:

Na letra G, menciono governança e vejo que as entidades com sistemas de controles internos mais adequados, com procedimentos de gestão bem definidos, que se preocupam com a contínua profissionalização, buscando melhorar seus processos, produtos/atendimento, qualificando as pessoas, acompanhando as mudanças com visão abrangente para a inovação e aperfeiçoamento de equipes apresentam enorme vantagem sobre as demais — que, além de não se profissionalizarem, ainda estão pensando que basta realizar uma boa ação.

Presencio mensalmente doadores (no Brasil e do exterior) direcionarem seus investimentos e/ou doarem recursos para as entidades que demonstram ter sistemas de governança ativos, que apresentam a sua contabilidade em conformidade com as normas técnicas e legais, facilitando a visualização das origens (de onde vem o dinheiro) e aplicações (como foi usado o dinheiro) dos recursos.

Entidades que apresentam ações mais transparentes e preferencialmente analisadas por auditores independentes (com visão independente, opinando sobre o que constatam) levam vantagem sobre as demais. Lembro que a auditoria independente é vista como um dos pilares da governança, que ajuda a entidade a se ajustar e a se repensar constantemente, favorecendo o acompanhamento das mudanças e fortalecendo a sua imagem e segurança.

Na letra S, a parte social nas entidades costuma ser bem estruturada, com inúmeros programas e projetos desenvolvidos em conformidade com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e trabalhos incríveis. Entretanto, o que elas também precisam levar em consideração são as questões internas (da entidade) relacionadas à gestão de recursos humanos, ao respeito às diversidades, à inclusão social, a melhores condições de trabalho e à igualdade de direitos e oportunidades, com politicas claras e definidas.

Trata-se do próprio relacionamento entres as pessoas na entidade, assim como com as comunidades atendidas. Qual é a imagem que a sua entidade apresenta para a sociedade?

Todos são critérios importantes que os investidores sociais/ doadores levam em consideração nas suas escolhas. (Existe alguma denúncia ou processos envolvendo essa entidade — trabalhista, moral, ético, entre outros? Ou algo que possa comprometer a imagem dela e consequentemente a do investidor social/ doador, que pode ter a sua imagem atrelada a ela no momento do investimento/doação?) Muito mais que o atendimento da sua missão, eles conseguem perceber o tamanho da questão social que deve ter sempre início dentro da entidade, com boas práticas e exemplos que levam em consideração o respeito e o humanismo amplo

A letra E refere-se à área ambiental. Vejo que as entidades mais preocupadas com a racionalização de recursos que impactam o meio ambiente, buscando recursos renováveis e utilizando melhor os recursos naturais (sem desperdício), controlando os efeitos poluentes e a geração de resíduos, são mais do que bem-vistas pelos investidores sociais, são as que eles procuram. Esse é um dos fatores decisivos na escolha. Também preciso mencionar que as pessoas sentem orgulho em trabalhar em um local assim, que visa reduzir o impacto ambiental e proteger o meio ambiente. Elas passam a ser ainda mais produtivas em um ambiente agradável e consciente. Multiplicam para o mercado as palavras e boas ações da entidade em que atuam.

Entendo que ter essas três letras, ESG, efetivamente funcionando em uma entidade está longe de ser fácil, e não é algo que se faça de uma hora para a outra, mas é um caminho que exige o primeiro passo (conscientização/ repensar) e alguns investimentos (em pessoas assim como financeiros), além de muita ação e comprometimento da liderança, aliada ao convencimento e ao envolvimento de todos.

Com base em tudo que acompanho e que procurei passar de forma resumida para vocês neste texto, estou convicto que as entidades que tiverem as três letras (gestão profissional, transparente e com total respeito às questões sociais e ambientais) ativas (em funcionamento) vão se destacar das demais, que ainda não perceberam que a sociedade está mais exigente e consciente. E esse destaque terá reflexos positivos, que vão desde a melhora na imagem até a situação financeira, permitindo que elas tenham condições ainda melhores de realizar, de forma plena, a sua missão.

Agora que já sabe como diferenciar de forma positiva a sua entidade e, com isso, ainda torná-la a preferida dos investidores sociais/ doadores, está com você seguir em frente e iniciar a caminhada com o primeiro passo rumo ao sucesso!

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