O mundo é das mulheres

Por: Felipe Mello, Roberto Ravagnani
01 Maio 2009 - 00h00

Homens e mulheres vêm experimentando caminhos evolutivos diferentes. Embora convivendo desde a sua origem, apresentam características distintas, especialmente quando são observadas as questões comportamentais. Percorrendo a história de forma veloz e singela, fica nítido o aperfeiçoamento da mulher em termos relacionais. Afinal, enquanto ela ficava com a prole, ele saía em busca de alimentos com longos períodos de silencioso isolamento.

Depois de inúmeras gerações, cá estamos, no século 21, com a mulher se mostrando mais preparada para entender, e acolher, gente. Claro que toda generalização é burra, mas um olhar atento demonstra o estágio mais avançado de desenvolvimento das habilidades emocionais delas. Em casa, no trabalho ou na sociedade, as mulheres se mostram mais prontas para exercer competências essenciais neste momento da história, tais como resiliência e solidariedade.

Capacidade de superação

Resiliência é um termo primeiramente utilizado pela física, demonstrando a capacidade de um material voltar ao seu estado normal após ser submetido a alguma sorte de pressão. As ciências humanas utilizam esse termo para qualificar a capacidade de um indivíduo possuir uma conduta sã em um ambiente insano, ou seja, a capacidade de sobrepor-se e construir-se positivamente frente às adversidades.

Ao longo da história, as mulheres vêm demonstrando a sua capacidade de superação. Exemplo óbvio são as épocas de guerras, que infelizmente vêm permeando toda a história humana. Nessas oportunidades, legiões de homens foram e não voltaram, deixando a elas a tarefa de erguer a geração seguinte.

O poder da comoção

O verbo comover é visto, regularmente, de forma distorcida. O seu sentido mais potente é o de mover-se junto (“co-mover”). E essa postura de vida é alimentada pela capacidade de se colocar no lugar do outro e se solidarizar.

O voluntariado é a expressão prática da solidariedade, atividade que desde 1532 (primeiro registro na Santa Casa de Misericórdia de Santos/SP) vem cumprindo papel fundamental para a redução das injustiças no Brasil. Se o país já é injusto com o exercício do voluntariado, fique à vontade para pensar em um caos ainda maior se ele não existisse.

Na prática voluntária, quem é o personagem protagonista? Sim, a mulher. Raro é o programa social que não tem em sua liderança uma mulher. Um exemplo é o caso dos Doutores Cidadãos, voluntários que desde 1999 utilizam a figura do palhaço para levar alegria e cidadania a mais de 40 hospitais na Grande São Paulo. Neste grupo, 74,5% dos mais de mil voluntários treinados são mulheres. Fato adicional: muitos homens chegaram ao grupo em função de alguma conhecida já estar atuando.

Cuidando das cuidadoras

Seja a partir deste texto ou em função da observação cotidiana, o papel social das mulheres na travessia rumo ao futuro é inquestionável. Cabe às instituições perceber a imensa contribuição emocional, profissional e social que as habilidades e competências que brotam naturalmente nelas podem realizar.

Entretanto, a saúde das mulheres não anda bem, colocando em xeque este papel protagonista. As causas dessa degradação estão associadas a diversas questões, sendo que a busca incessante pela equidade nas funções parece não estar sendo conduzida de forma saudável. Alguns argumentos: nos últimos cinco anos, mais de 1,2 milhão de mulheres deram entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) em função de complicações resultantes de abortos ilegais. Outra prova vem do coração, que está sofrendo muito mais – inclusive no sentido literal – nos dias atuais: entre 1997 e 2007, o número de internações de mulheres por infarto agudo do miocárdio subiu 46%, com taxa de mortalidade chegando a quase 17% (levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Cardiologia nos hospitais conveniados do SUS).

Um alerta adicional: a combinação de tabagismo com uso da pílula anticoncepcional aumenta o risco de um evento cardiovascular em até 39 vezes. Como último argumento, cabe citar que a maioria das internações de mulheres no mesmo SUS se deve à violência doméstica. Em tempos de Dia das Mães, sugiro reflexão sobre o valor existente na capacidade explícita de gerar vida que a mulher possui, seja em seu ventre ou na forma de olhar e agir no mundo. Mais cuidado com as cuidadoras (especialmente por parte delas mesmas) deve ocupar posição central na estratégia de reinvenção da espécie humana.

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