Sobre aquecimento global, todos já ouviram falar. Devem ter percebido que esse tema mais preocupa do que modifica alguma coisa no cotidiano.
Paradoxalmente, a sociedade a mais interessada na reversão da situação parece ainda passiva diante do problema no dia a dia.
Naturalmente, existe uma parcela grande de responsabilidade da iniciativa privada e do poder público no equacionamento dessa questão. Mas é verdade também que esses setores são motivados por prioridades, que são ou deveriam ser ditadas pela voz dos cidadãos. Enquanto o aquecimento global não estiver na ordem do dia, especialmente das populações dos grandes centros urbanos, gerando polêmica, determinando escolhas de consumo e norteando a opinião pública a respeito da reputação das empresas, decerto a questão não encabeçará o topo da lista de transformações que almejamos para o mundo.
Na edição passada, e nesta mesma seção, no artigo Do Verde à Verdade, abordamos a pesquisa da publicação Uma Nova Era de Sustentabilidade: Estudo Pacto GlobalAccenture 2010, que revelou a opinião de 766 presidentes de empresas, estabelecidas em 100 países, de diversos setores da economia. A análise aponta como primeira ação necessária para preparar o negócio para uma nova era de sustentabilidade a questão da informação aos consumidores.
Felizmente, as possibilidades de acesso às informações estão surgindo. O GHG Protocol é uma delas, constituindo-se atualmente, no Brasil e no mundo, na mais eficaz ferramenta de cálculo capaz de quantificar, relatar e gerenciar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), os principais vilões do aquecimento global.
Há várias metodologias para fazer essa conta, que não é lá das mais fáceis. A mais utilizada no mundo hoje é a do GHG Protocol, ferramenta que possibilita acesso à informação de emissão de carbono de empresas que, voluntariamente, se dispõem a submeter seus processos para avaliação de emissão de GEE.
O GHG Protocol foi desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI), em parceria com o World Business Council for Sustainable Development (WBSCD), e chegou ao Brasil pelas mãos do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), oferecendo uma estrutura modular e flexível para a contabilização de GEE.
A ferramenta veio ao encontro da necessidade das empresas devido à recente tomada de consciência sobre a real dimensão das mudanças climáticas perceptíveis em todo o mundo. Permite às organizações criarem uma estratégia consistente para o gerenciamento de suas emissões de gases de efeito estufa. Ela já se encontra adaptada à realidade brasileira e é útil para todos os setores da economia.
A metodologia do GHG Protocol é compatível com as normas ISO e as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Além disso, as informações geradas podem ser aplicadas aos relatórios e questionários de iniciativas, como o Carbon Disclosure Project, o Índice Bovespa de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e a Global Reporting Initiative (GRI).
Apesar de a integralidade ser um princípio-chave para a contabilização e a publicação de um relatório no Programa Brasileiro GHG Protocol, para se voluntariar a participar do programa não é preciso, necessariamente, submeter o relatório de sua operação na íntegra. As empresas podem optar por apresentar um relatório de GEE apenas de um subgrupo de suas operações, fontes e/ou gases.
Para diferenciar os níveis de adesão à ferramenta, sendo parcial ou integral, o GHG Protocol confere um reconhecimento em três níveis para as empresas. Aquelas que submetem sua operação parcialmente são reconhecidas com o nível “bronze”. As que submetem toda a sua operação são qualificadas como “prata”. E aquelas que, além de cumprir todos os requisitos para o enquadramento na categoria “prata” ainda disponibilizam seus relatórios para serem verificados por uma terceira parte independente, de acordo com as regras do Programa Brasileiro GHG Protocol, têm reconhecidos seus inventários como “ouro”.
As empresas têm se mostrado receptivas à participação, uma vez que recebem treinamento em metodologias de cálculo, publicação e divulgação. Dessa forma, contribuem para a formulação de políticas públicas, encontram vantagem competitiva em razão da sustentabilidade de seu negócio, melhoram o relacionamento com os públicos de interesse, passam a se adequar a padrões e relatórios internacionais de sustentabilidade e podem ingressar no mercado de crédito de carbono, além da própria preservação do registro histórico dos dados sobre GEE para eventuais regulações a serem adotadas no futuro.
É importante salientar que as empresas participantes do GHG Protocol não são apenas aquelas que têm a “cara limpa” para mostrar, ainda que, em princípio, somente as organizações que se sentem seguras têm mostrado seus quadros.
Cabe à sociedade dar a devida importância a esse tipo de informação, de tal modo que se torne uma tendência mandatória para as empresas na conquista de mercados, na reafirmação de sua reputação e na cooptação da confiança dos consumidores, cada vez mais informados, conscientes e ativos. Desejase, dessa forma, que o GHG Protocol estabeleça uma cultura de inventários corporativos no país por se tratar de uma ferramenta neutra em políticas e programas e, mais importante, baseada em um amplo processo de consulta pública.
Como horizonte dessa nova cultura acerca da informação sobre os impactos das atividades do mercado no clima, espera-se que esses dados sejam cruzados de maneira a gerar um quadro complexo sobre as operações. E que, assim sendo, possamos ter uma visão ampla da situação ao nosso redor, sabendo onde, quando e como atuar, e de que forma começar. Mais do que números, ansiamos saber como os impactos ambientais retratados se dinamizam com o entorno. A partir disso, “o pensar globalmente e o agir localmente” será colocado em prática, quando cada cidadão passar a exercer seu papel político e social, seja no âmbito municipal, estadual ou federal.
O processo de implantação do programa no Brasil vem acontecendo desde 2008. Em junho de 2010, foi realizado o evento anual do Programa Brasileiro GHG Protocol. Na oportunidade, foram divulgados 35 novos inventários corporativos de GEE e foi lançado o primeiro Registro Público de Emissões no Brasil. Dar prosseguimento a essa ideia é estabelecer uma cultura de consulta e discussão a respeito dos relatórios produzidos.
Sua empresa também pode se integrar ao Programa Brasileiro GHG Protocol e fazer parte do seleto grupo de organizações que estão dando um passo à frente na economia do baixo carbono.
Imagine como seria maravilhoso acessar uma infinidade de informações e capacitações - SUPER ATUALIZADAS - com TUDO - eu disse TUDO! - o que você precisa saber para melhorar a gestão da sua ONG?
Imaginou? Então... esse cenário já é realidade na Rede Filantropia. Aqui você encontra materiais sobre:
(certificações, prestação de contas, atendimento às normas contábeis, dentre outros)
(remuneração de dirigentes, imunidade tributária, revisão estatutária, dentre outros)
(principais fontes, ferramentas possíveis, geração de renda própria, dentre outros)
(Gestão de voluntários, programas de voluntariado empresarial, dentre outros)
(Softwares de gestão, CRM, armazenamento em nuvem, captação de recursos via internet, redes sociais, dentre outros)
(Legislação trabalhista, formas de contratação em ONGs etc.)
Isso tudo fica disponível pra você nos seguintes formatos:
Saiba mais e faça parte da principal rede do Terceiro Setor do Brasil: