Educação para a sustentabilidade

Por: Fernando Credidio
01 Janeiro 2009 - 00h00

Um dos principais desafios do século 21 é tornar o desenvolvimento compatível com a conservação do meio ambiente e a manutenção de condições viáveis para as gerações futuras. Portanto, é necessário mobilizar diversos segmentos da sociedade em torno de um desafio comum: a busca pela sustentabilidade. Esse caminho é uma travessia longa, complexa e infindável, que exige um grau inédito de conscientização e colaboração planetária.

Consciência é algo muito relacionado a tempo. Indivíduo consciente é o que se entende como resultado de uma história e se compreende em função de um futuro, que ainda se realizará. O mesmo ocorre com a espécie, a humanidade e a civilização. Somos o resultado de muitas histórias. Portanto, temos um compromisso com o futuro, com as gerações por vir, com os nossos netos, com os filhos dos nossos netos e com o ambiente do qual fazemos parte, em um horizonte-tempo de décadas, séculos, milênios... o tempo da natureza.

Conhecer e estudar o “inimigo” são os primeiros passos para enfrentar os problemas que afetam o planeta e a vida das pessoas. Os inimigos da sustentabilidade são ignorantes e não têm nenhum compromisso. Dessa forma, se não utilizarmos o conhecimento adquirido, estaremos em perigo. Temos de fazer o possível para mover o mundo adiante, multiplicando exemplos e estimulando a transformação de conhecimento em ação.

Nesse aspecto, a educação é a ferramenta mais importante da qual dispomos. Por isso, é essencial que as universidades se comprometam com as questões envolvendo a cidadania. Uma das maneiras de isso ser feito é por meio da inclusão do tema sustentabilidade em suas grades curriculares.

Alguns defendem a obrigatoriedade da inclusão de disciplinas focadas em sustentabilidade nos cursos superiores. Entretanto, tal iniciativa, apesar de necessária, não é suficiente, porque não basta a inclusão de uma disciplina. É interessante a posição do professor Norman de Paula Arruda Filho, superintendente do Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV), quando afirma que tão importante quanto a inclusão de disciplinas que abordem a sustentabilidade é a necessidade de sensibilizar professores, coordenadores e alunos sobre essa nova visão, tornando-a um processo de aprendizagem.

Ademais, é fundamental formar uma geração que pense de maneira diferente, pois nos encontramos diante de um analfabetismo de líderes, pois muitos que estão no poder, hoje, pouco conhecem a respeito do tema. Prova dessa afirmação é que empresários renomados, com pós-graduação, MBA e outras titulações relevantes causam, constantemente, muitos desastres ao meio ambiente, fato comprovador de que os cursos universitários não garantem profissionais competentes para atuar com uma visão sustentável sobre a empresa.

Por isso é impossível continuar formando empresários e líderes no velho modelo. Os desafios de hoje exigem um novo tipo de formação. Portanto, além da educação que auxilia jovens a crescerem com o compromisso socioambiental, é necessário, igualmente, o desenvolvimento de programas que reeduquem empresários, para que estes tenham uma visão voltada para a busca de uma sociedade mais justa e sustentável.

Modelo a ser seguido

Como bem explicou Jane Nelson, diretora do Centro de Iniciativa para Responsabilidade Social Empresarial da Universidade de Harvard em recente entrevista, a prática da interdisciplinaridade não vem sendo efetivada, e muitas instituições optam por engessar a educação para a sustentabilidade em uma disciplina separada, quando ela deveria estar em todas. Essa questão é muito debatida entre educadores ambientais. Muitos são a favor da criação da disciplina, pois dessa forma ela seria ministrada por um professor responsável, teria uma grade temática a ser seguida. Na forma interdisciplinar, a educação corre o risco de não ser efetivada, pois, por ser de responsabilidade de todos, ao mesmo tempo, é de responsabilidade de ninguém.

Contudo, independentemente do modelo a ser adotado, é importante que o assunto seja discutido e debatido incansavelmente, mas não apenas nas universidades. O tema sustentabilidade deve permear todo o nível de ensino, desde o mais básico até a pós-graduação, onde poderiam ser desenvolvidas pesquisas sobre o tema.

Naturalmente, os desafios são muitos, como, por exemplo, a preparação de professores que devem participar de atividades para sensibilizar os demais, bem como alunos e a própria direção das instituições, para a necessidade de uma mudança de postura em relação aos costumes e hábitos. Além disso, esses profissionais devem ter conhecimento e experiência comprovados na área. Por isso a educação ambiental não é uma tarefa fácil; todo educador deve mudar, passando a enxergar o mundo de forma diferente. Esse é o maior desafio que a educação ambiental tem pela frente.

Em se tratando do mercado de trabalho, as principais habilidades exigidas de um líder, hoje, é que este entenda e assuma os “4 Cs”, que são: compreensão, cidadania, comunidade e concorrência. Sendo assim, as universidades devem ser mais criativas, introduzindo essas questões como forma de aprendizado.

O fato é que o ensino da sustentabilidade promoverá uma inovação em processos e na criação de sistemas de trabalho mais responsáveis, ampliando o próprio papel das escolas ao associarem o tema, definitivamente, ao mundo dos negócios. É fundamental que isso ocorra, uma vez que sustentabilidade é a chave para a construção do futuro.

O que não se discute é que a educação para a sustentabilidade é fundamental para se alcançar uma sociedade justa e responsável. Portanto, é preciso que as instituições de ensino prestem atenção e debatam o tema cada vez mais, porque é impossível imaginar que o mundo vá “se consertar” sozinho.

É verdade que não há como mudar, nesse momento, o paradigma excludente e predatório de uso e abuso dos recursos naturais extremamente consumista que se apresenta. Ainda assim, por meio da educação para a sustentabilidade, podemos garantir que as gerações futuras possam agir reciclando comportamentos, a fim de solucionarem os problemas que assolam o planeta. Não é só uma questão de conscientização, mas de formação de cidadãos que pensem e ajam diferentemente. Cidadãos que saibam o que e como fazer, pois o ambiente depende de uma mobilização geral para o futuro.

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