Construções sustentáveis: conforto e respeito ao meio ambiente - Parte 1

Por: Fernando Credidio
01 Janeiro 2008 - 00h00
Máximo aproveitamento dos recursos naturais, racionalização do uso da energia, utilização de tecnologias que permitam economia de água, redução do impacto ambiental do empreendimento durante a obra e no período de operação. Essas são as principais características que resumem uma nova tendência em edifícios residenciais e corporativos. São as construções sustentáveis ou, popularmente chamadas, green buildings (prédios verdes), uma opção que se insere cada vez mais nas novas demandas da sociedade.

A construção é uma das atividades humanas que mais afetam o meio ambiente, sendo responsável pelo consumo de 40% dos recursos naturais, 34% do consumo de água e 55% do consumo de madeira. Além do uso racional desses recursos naturais, o setor tem de se preocupar, também, com os resíduos gerados pelas obras, que depois são jogados em áreas inadequadas, poluindo as cidades. Nada menos do que 67% da massa total de resíduos sólidos urbanos são provenientes dos canteiros de obras.

Segundo especialistas do setor, existem dois grandes desafios a serem vencidos. O primeiro consiste na redução da emissão de gases de efeito estufa emitidos na produção dos materiais utilizados na construção civil, a exemplo do cimento. O segundo desafio está relacionado à diminuição do consumo de energia elétrica e água na operação futura do edifício. Portanto, não se deve pensar apenas na construção por si só.

Ainda assim, é possível construir mediante o emprego de materiais e tecnologias que melhorem a condição de vida do morador e não agridam tanto o meio ambiente. De acordo com a Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica (Anab), a construção deve ser sustentável em todos os seus aspectos, tanto no projeto como na obra, em seu uso efetivo e até em seu desmonte. Em cada etapa, deve ser considerada a economia de recursos, a redução do impacto ambiental, o uso eficiente de fontes de energia e, em especial, o conforto, o bem-estar, a segurança e a saúde de seus usuários.

Prerrogativas

Alguns empreendimentos anunciados como ecológicos oferecem apenas itens básicos, como árvores no jardim. A construção sustentável é bem mais do que isto. Ela tem de atender as necessidades dos usuários, reduzindo, ao mesmo tempo, o uso de recursos naturais e a emissão de poluentes, sendo a mais amigável possível com o meio ambiente.

Para que um empreendimento seja considerado sustentável, é necessária uma conjunção de fatores, como a otimização de tudo aquilo que já existe nesse aspecto e que tenha tido um impacto positivo, além de um criterioso planejamento do sistema de transportes, de comunicação, energia empregada, reutilização de água, políticas públicas etc.

Tais medidas, contudo, não isentam as construtoras de outras responsabilidades, como a de implementar programas de educação ambiental – tanto na implantação das obras quanto depois da entrega –, oferecendo oportunidades de trabalho para a população do entorno, além de gerar empregos diretos e indiretos durante as obras e depois do edifício habitado.

Sustentabilidade sem altos custos

Alguns empresários afirmam que a construção de empreendimentos sustentáveis encarece a obra. Essa questão é relativa, uma vez que, quando o projeto é desenhado desde o início para ser uma obra sustentável, o custo final não é superior ao de uma obra convencional. Isto porque, mesmo que haja mais investimento em alguns produtos ou em tecnologia sustentável, esse custo é absorvido pela economia que a obra terá em médio e longo prazos em termos de água, energia etc. Desse modo, ainda que o investimento inicial seja maior, percebe-se o quanto se economiza no decorrer do tempo.

Segundo o professor Vanderley John, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, é possível construir com menor impacto ambiental e maiores ganhos sociais sem aumento dos custos. Isto se explica porque a sustentabilidade possui três vetores: ambiental, social e econômico, que devem estar balanceados. Somente soluções economicamente viáveis, socialmente justas e de baixo impacto ambiental podem ser consideradas. Assim, é perfeitamente possível fazer construções sustentáveis sem aumentar o custo das obras, reduzindo o impacto ambiental de maneira significativa e melhorando o desempenho social.

Certificações verdes

Do mesmo modo como ocorre em outras áreas, os empreendimentos sustentáveis também são passíveis de avaliação e certificação, que induzem melhorias no desempenho ambiental do setor da construção civil.

As certificações green building, nos países desenvolvidos, divergem e privilegiam aspectos diversos da construção. O Brasil tem seguido os passos dos EUA, que valorizam a racionalização de recursos com economia de água e energia. Nesse sentido, foi criado, recentemente, o Comitê Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) – uma associação civil sem fins lucrativos que tem por objetivo social contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável por meio da geração e disseminação de conhecimento e da mobilização da cadeia produtiva da construção civil de seus clientes e consumidores –, que pretende definir um padrão nacional para certificação.

Dentre os “selos” e certificações reconhecidas pelo mercado, um merece ser destacado: o U.S. Green Building Council (USGBC), dos EUA, é uma organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, que tem o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental de edifícios e adota o sistema Leadership in Energy and Environmental Design (LEED).

O LEED envolve pré-requisitos obrigatórios, que não valem pontos, e um sistema de pontuação cumulativa, que permite às edificações obterem diferentes classificações. Segundo Newton Figueiredo, presidente do Grupo Sustentax, empresa especializada no planejamento, implantação e operação de edificações sustentáveis, o processo é dividido em fases. A primeira é o registro da edificação no USGBC. A segunda é a pré-certificação, concedida com base no desempenho dos itens previstos em projeto.

A certificação real ocorre somente após a conclusão da obra, quando todos os sistemas são rigorosamente auditados, para verificar se os pré-requisitos e a pontuação obtida em projeto foram de fato cumpridos. Após essa etapa, a edificação certificada terá o direito de usar o selo LEED pelo período de dois anos. Ao final desse prazo, para conservar a certificação, o edifício deve ser reavaliado, em termos de operação sustentável dos sistemas, a cada dois anos. Se não houver interesse na renovação, perde-se o direito de usar o selo.

As vantagens de se obter a certificação são muitas. Os ocupantes de prédios verdes certificados têm produtividade adicional de 2% a 16%, assim divididos: 7% devido à iluminação adequada; 3% devido ao controle individual de temperatura; 2% pelo controle da ventilação; 1% em razão do controle térmico e, por fim, 15% a menos de absenteísmo – termo usado para designar as ausências dos trabalhadores no processo de trabalho, seja por falta ou atraso, devido a algum motivo interveniente.

Como se depreende, os “prédios verdes” são uma realidade. Com o aumento da demanda, já se nota uma forte tendência de queda nos preços dos materiais. Assim sendo, não restam dúvidas de que o padrão green building será adotado, em pouco tempo, em todos os empreendimentos. Para o bem do planeta e da humanidade.


Em cada etapa, deve ser considerada a economia de recursos, a redução do impacto ambiental, o uso eficiente de fontes de energia e, em especial, o conforto, o bem-estar, a segurança e a saúde de seus usuários

Fernando Credidio. Conferencista, facilitador de cursos em organizações, professor, articulista e consultor em comunicação organizacional e marketing para o Terceiro Setor, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.

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