Compostagem doméstica: vida a partir do lixo

Por: Fernando Credidio
01 Setembro 2009 - 00h00

Os resíduos sólidos urbanos, vulgarmente denominados lixo doméstico, aumentam dia a dia. Portanto, a destinação que se dá ao lixo é um dos grandes problemas ambientais do mundo contemporâneo, uma vez que a capacidade dos aterros sanitários é finita e os custos desse processo, sejam eles econômicos, sociais ou ambientais, são cada vez mais expressivos. Nesse cenário, a compostagem doméstica surge como uma ótima alternativa.

A decomposição é pelo menos tão antiga quanto o solo. A compostagem sempre aconteceu, pois se trata de um processo natural iniciado com as primeiras plantas da terra e que continua desde então. A prática moderna de compostagem nada mais é do que uma aceleração e intensificação dos processos naturais. É assim a reciclagem, em escala familiar, dos resíduos orgânicos da nossa cozinha, horta ou jardim, realizada por meio dos seres vivos que lá se instalam, tais como minhocas, bolores, micróbios etc. Eles transformam todas as substâncias biodegradáveis em adubo rico em nutrientes, chamado composto.

Por que compostar?

Quando se trata de lixo doméstico, aproximadamente 3/4 dele são compostos por matéria orgânica, que pode ser facilmente compostada. Assim, é possível reduzir substancialmente a quantidade de lixo descartado por meio da compostagem doméstica.

Além da redução do custo de transporte, da deposição nos aterros sanitários e do respectivo impacto ambiental, o composto obtido é bom para as plantas, pois ajuda a melhorar a estrutura do solo, a reter a umidade e a aumentar o teor de matéria orgânica. Ademais, proporciona a liberação lenta dos nutrientes, tratando-se, assim, de um bom fertilizante para o solo de jardins.

De que forma a compostagem ajuda o solo?

O composto contém nutrientes de que as plantas necessitam para se desenvolverem bem, a exemplo do azoto, fósforo e potássio. É também um bom fornecedor de micronutrientes necessários em pequenas quantidades que são, por vezes, negligenciados, tais como boro, cobalto, cobre, iodo, ferro, magnésio e zinco. Quanto mais variados forem os materiais utilizados para fazer o composto, maior será a variedade de nutrientes que ele fornecerá.

Os nutrientes são liberados à medida que as plantas precisam deles. Quando o tempo esquenta, as plantas começam a se desenvolver mais depressa, assim como os micro-organismos, que começam a trabalhar mais rapidamente, liberando mais alimento para elas. No composto, a matéria orgânica adere às partículas do solo (areia, limo e argila) formando pequenos agregados ou grumos. Esses agregados retêm água em suas superfícies, fornecendo-a às plantas quando necessário. Com a formação de agregados, são criados mais espaços para o oxigênio, essencial para o bom crescimento das raízes. Melhora também a capacidade de retenção de água do solo.

O composto pode reter uma quantidade de água igual a 200% do seu peso quando seco, em comparação a 20% em um solo com pouco húmus. Ele atua como matéria inoculante no solo, juntando micro-organismos e outros seres, como minhocas e insetos, que são os construtores do ambiente. O composto também neutraliza diversas toxinas e metais da terra, a exemplo do cádmio e do chumbo. Funciona como tampão de pH, de forma que as plantas dependem menos de determinado pH do solo.

Escolha da composteira

A compostagem doméstica não requer, necessariamente, uma composteira. Contudo, o processo deve ser realizado fora de casa. Varandas, terraços e quintais são bons lugares para isso. É importante que o local seja arejado, receba luz do sol e tenha um terreno firme.

Caso haja um quintal, basta amontoar o material a ser compostado, dando-lhe a forma de uma pilha ou pirâmide, com aproximadamente 2 metros de diâmetro na base e pelo menos 1 metro de altura. Pilhas com dimensões mais reduzidas não aquecem suficientemente para que o processo de decomposição seja adequado. Outra forma de reciclar os resíduos orgânicos é escavar um buraco na terra com cerca de 60 centímetros de diâmetro e de 25 a 40 centímetros de profundidade, e lá colocar os resíduos orgânicos, cobrindo-os, em seguida, com uma camada de terra ou folhas secas.

Pode-se também adquirir ou construir uma composteira. Os recipientes podem ser confeccionados com arame, madeira ou blocos de concreto ou a partir de uma caixa de cartão, madeira ou plástico, furada por baixo, de modo a evitar odores e facilitar a entrada de micro-organismos. As composteiras precisam ser vedadas nas partes laterais, mas devem ter uma abertura superior pela qual se possa mexer no composto. O recipiente deve ter uma tampa para proteger a parte interna da água da chuva.

Escolha do material a compostar

Montado o recipiente, os ingredientes podem ser adicionados.

• Restos de cozinha: resíduos de frutas e vegetais, grãos de café, saquinhos de chá, guardanapos de papel e espigas de milho.

• Restos de quintal: aparas de grama, folhas, agulhas de pinho, ervas daninhas, materiais de madeira e palha.

Para que o composto aja com eficiência, pode-se adicionar ainda jornal, algas marinhas e serragem. Quanto maior for a variedade de materiais na pilha, maiores são as possibilidades de obter um composto bem equilibrado.

Os materiais orgânicos que podem ser compostados classificam-se, de uma forma simplificada, em castanhos e verdes. Os castanhos são aqueles que contêm maior proporção de carbono, ou seja, ramos pequenos, folhas ou relva secas. Os verdes são aqueles que têm maior proporção de azoto, como relva fresca ou cascas de legumes e frutas. Os materiais ricos em carbono fornecem a matéria orgânica e a energia para a compostagem, e os materiais azotados aceleram o processo de compostagem, porque o azoto é necessário para o crescimento. Não se deve juntar carne, peixe, ossos, laticínios e gorduras porque isso pode atrair animais. Excrementos de animais também não devem ser compostados, porque podem conter micro-organismos patogênicos que, eventualmente, sobreviverão ao processo de compostagem.

Os resíduos de jardim tratados com pesticidas também não devem ser compostados, tal como plantas com doenças. Outra característica fundamental para o processo de compostagem é a dimensão dos materiais, que deve estar compreendida entre 2 e 8 centímetros. Quanto menor for o tamanho das partículas, mais fácil será o ataque microbiano, porque a superfície específica aumenta, mas, em contrapartida, os riscos de compactação e de falta de oxigênio diminuem.

Os ingredientes devem ser cobertos com bastante terra, adicionando-se água em seguida para que o composto umedeça. O material tem de ser regado e remexido invariavelmente a cada dois dias. Uma boa ideia também é inserir canos perfurados de PVC dentro do composto para fornecer ar.

Minhocas reduzem o tempo da compostagem pela metade. Pode-se semear a compostagem com minhocas de terra ou adquirir minhocas especiais. Os sinais de que o composto está funcionando são: ter cheiro de terra e não cheirar mal; ser quente e produzir bolhas de gás na superfície.

Não há como definir exatamente quando o composto está pronto, já que isso depende do tipo de lixo orgânico utilizado como ingrediente. No entanto, há como saber se é hora de retirar a parte de baixo do composto, que estará completamente decomposta. São sinais de que o composto está pronto: temperatura baixa; se não puder mais reconhecer nenhum dos materiais que usou como ingrediente; tamanho do composto 75% menor do que no início; cor marrom ou preta; textura macia e esfarelada; e cheiro de terra. Se o composto apresentar estes sinais, já está pronto para ser utilizado como adubo em jardins, plantas, árvores ou, ainda, para ser doado ou vendido.

O que não deve ser feito

• Não colocar carne de qualquer espécie, nem ossos;

• Não colocar alimentos salgados, doces ou com óleo;

• Não colocar fezes de animais;

• Não abafar;

• Não colocar material sem afofar e sempre cobrir com material já decomposto.

• Não colocar material demais que não dê espaço para misturar e cobrir.

Na próxima edição, o passo-a-passo e as variáveis que deverão ser controladas no processo de compostagem doméstica.

Fontes
Portal do Governo do Rio de Janeiro
Prefeitura Municipal de Alcobaça.

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