AS CORES DE UMA AVENTURA ANUNCIADA

Por: Aurimar Pacheco
04 Julho 2014 - 17h57

Se Júlio Verne visse o canal aberto que exibia aquele desenho animado despretensioso, talvez não se impressionasse com mais uma cena padrão silkscreen que desfilava na tela 29 polegadas, sem full HD ou conversor digital.

as cores de uma aventura anunciada
No caso de Gulliver, nem haveria luz elétrica para fazer funcionar essa experiência apropriada para seu mundo de representações e desafios com gigantes e pequeninos habitantes de sua ilha oceânica.
Mas ocorre que quem estava ali no sofá de crepe azul escuro, gasto no tempo e pelo prazer do uso em sessões repetidas, era Jorge, porque a mãe era Conceição, e agora Jorginho, maneira como a avó, a mãe que lhe restava, chamava-o carinhosamente.
Tem 1 metro e 34 centímetros de estatura esguia, inacreditáveis oito anos de idade cronológica, pele clara, cabelos quase ruivos, dentes ainda provisórios, pernas penduradas e miniatura de super-herói nas mãos. Jorginho acompanhava as soluções dos personagens na tela com o juízo na íris dos olhos e os movimentos de seu boneco marionete.
Na última terça-feira de abril, pouco mais de três da tarde, acompanhou com o interesse em riste o voo de seu herói deslizando pelas paredes de prédios altos, subterrâneos urbanos, autoestradas movimentadas e desfiladeiros íngremes, perseguindo um desafeto difícil de capturar. Aquilo lhe pareceu deslumbrante e simples. A sensação de vitória, meta alcançada e justiça feita contagiou Jorginho.
Cumprida a missão, o justiceiro sumiu por trás do letreiro final do programa, mas a mesma musiquinha que ajudava a esconder aquele valente da visão do garoto soou forte noite adentro, no seu senso infantil para interagir com o mundo ao redor.
Na manhã seguinte, enquanto sua avó enchia a garrafa de suco Ki Gosto Bom, Jorginho anunciou com voz decidida: Vó, vou viver uma aventura! O som da TV ligada impediu que a frase fosse parar no coração e no preocupômetro de Dona Risoleta.
Ao deixar Jorginho na porta do colégio, aquela mãe-avó não imaginava o que lhe reservava as próximas horas. Passava das dez quando alguém da secretaria da Escola Municipal Conde de Rabicó ligou para o seu celular. A frase perguntava o improvável: Dona Risoleta, o Jorginho já chegou aí em casa?! Não. Ele não tinha chegado.
Dez quadras dali, Jorginho perambulava pela avenida principal. O boneco protegido na mão esquerda, os olhos ocupados pela visão inédita de tanta coisa para ser examinada, comprada, vista pela primeira vez. O comércio local ainda não tinha sido observado com tanta liberdade. Tinha vassoura, capa de chuva, bolsa de mulher, fogão quatro bocas, carregador de celular, controle remoto de TV e roupa pendurada. Camisetas, vestidos, cuecas, meias. Relógios de pulso e parede. Brinquedo. Puxa vida, como tinha brinquedo! Dava para brincar só de olhar. Jorginho por um instante olhou para seu boneco inseparável e trocou confidências sobre quais daqueles brinquedos mereciam a companhia de ambos. Estranhamente, sentiu-se dentro da tela da TV.
Sem a palavra “inusitado” no vocabulário, Jorginho foi perdendo a noção da novidade e a primeira pedra fora do lugar na calçada lhe arremessou no ar. Assim, Jorginho chocou-se com o chão e, com um medo repentino, escondeu-se ali no topete desfeito de seu cabelo quase moicano. Choro e arranhão no joelho, miniatura de herói rolando no meio fio.
Não tardou chamar a atenção dos adultos mais apurados, que chamaram a polícia; esta veio logo e levou o menino à Fundação mais próxima, que lhes sugeria o nome de ajuda para aquela situação de menino sozinho na rua, de uniforme e super-herói imobilizado pela axila direita.
A assistente social faz perguntas para descobrir endereço. Antes de ali estar, na sala de atendimento, o sargento PM Humberto não tinha entendido os sons feitos com a boca e os dedos de Jorginho no banco de trás da viatura. Muito à vontade e com o todo o banco para si, Jorginho pôs para trabalhar aquele super-herói sujo de terra.
Fazia ecoar movimentos e ruídos infantis, movendo o boneco que mais parecia um trapezista sem circo. Com a desintenção das crianças felizes, Jorginho tinha acabado de humanizar um camburão da PM. Amenizara pela fantasia lúdica a rotina bruta de uma equipe de policiais que já não podem mais esperar por algo assim. Tinha recuperado a fantasia que aquele banco pode ter tido quando fabricado, quem sabe esperançoso de ser um sofá em uma sala de TV.
Para a assistente social, Jorginho foi taxativo quando perguntado sobre o que fazia na rua sozinho. “Estava vivendo uma aventura!”, disse, sem pestanejar. Quando a pergunta quis saber sobre sua saída da escola sem ser visto, Jorginho recorreu ao que já ouvira muitas vezes. “Disse que estava esperando a psicóloga”. Estava explicado seu estratagema.
Escola ouvida, endereço descoberto, PM dispensada, avó serenada, Jorginho no Celta da instituição de volta para casa. Chega e nem espera lhe abrirem a porta do carro. Sai seguro e tenaz. Entra em casa, TV ligada, avó com sorriso e lágrimas, relógio marcava 17h28 na parede. Boneco paralisado na mão esquerda, depois lançado no sofá, que o acolheu generoso. Em meio aos abraços da avó, Jorginho fitou seus olhos e arrematou: não falei que iria viver uma aventura?!. Dessa vez ela ouviu.

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