Como “paulistano da gema”, sou suspeito para falar bem da aniversariante a cidade de São Paulo. Minha omissão, contudo, seria entendida como traição e para ela, que sempre me acolheu, pura ingratidão. Toda cidade tida como metrópole sofre com a velocidade do próprio crescimento, pois é vista pelos imigrantes como o garimpo da riqueza, cujo preço é a insegurança, a impessoalidade, a vulneração à qualidade de vida, a submissão à dinastia dos abastados, a concorrência desleal, e muito mais.São Paulo não é diferente: contabiliza população próxima de 17 milhões de habitantes totalmente heterogêneos, mesclados de paulista, fluminense, mineiro (50%), baiano (17,56%), pernambucano, alagoense, cearense, sergipano, piauiense (somados, 15%) e tantos outros. Na soma dos imigrantes estrangeiros, a metrópole acolhe especialmente: portugueses desde que foi fundada; italianos, a partir de 1871; japoneses desde 1908; espanhóis, que aqui chegaram a partir de 1920 (um censo ainda apurou que 78% de todos os imigrantes espanhóis estão radicados na capital paulista); alemães, principalmente na época do nazismo (1930); além de libaneses, sírios e diversos outros.Nossa cidade, antigamente conhecida como “terra da garoa”, tornou-se uma das maiores cosmopolitas de enorme riqueza cultural, tecnológica, intelectual e industrial. Por isso abriga por ano cerca de 45 mil eventos e reina na gastronomia do pão de queijo ao feijão de corda, do churrasco ao chimarrão, da pizza ao macarrão, da vaca atolada ao vatapá. Emudece as outras metrópoles do mundo quando o assunto é boemia, diversidade musical do forró ao carnaval, da música eletrônica à gafieira, dos shows ao teatro nesse ponto, diga-se de passagem, a capital paulista já deu bye-bye a Nova York, pois temos em cartaz 136 peças teatrais contra 106 da pérola americana.Enfim, São Paulo é uma grande mãe, que só chegou onde está, entretanto, com ajuda de seus filhos, inclusive dos adotivos. Que seja reafirmada a voz de Mário de Andrade: continue a escorrer vida, terra da garoa!Parabéns São Paulo!