A forma mais comum de disseminar o tema da integridade nas organizações é o conjunto de métodos e disciplinas utilizados para fazer cumprir regras externas (leis, normas) e diretrizes internas (procedimentos, regimento, política interna, regulamentos) de uma organização, conhecido como procedimentos de compliance.
Essa estratégia é indispensável para criar um ambiente em que o comportamento correto é incentivado e o comportamento inadequado punido, servindo de balizadores de conduta para os públicos de relacionamento da organização.
Porém, para garantir uma conduta ética numa organização, é preciso ir muito além dos procedimentos de compliance. Eles não são fins em si mesmos, mas meios para a construção de algo muito maior e mais efetivo: uma cultura de integridade que leve cada pessoa a refletir sobre a ética contida em cada escolha cotidiana, em qualquer dimensão da vida.
Cada vez mais as organizações enfrentam desafios de integridade em seus negócios nos quais o simples estabelecimento de procedimentos se mostra pouco eficaz. Nenhum conteúdo de código de conduta é capaz de transformar a forma de gerir negócios de uma organização ou de criar, sozinho, uma cultura pautada em valores éticos.
Na maioria das vezes as organizações são incapazes de alcançar soluções efetivas sobre suas questões éticas, porque são incapazes de escutar. A escuta requer abertura. Os padrões de escuta, no tratamento de problemas éticos nas organizações, são táticos, e não relacionais. Ouve-se o que se deseja ouvir. Selecionam-se as visões dos outros, deixando passar apenas aquilo que se pode usar para formar o próprio ponto de vista.
Diante dessa realidade, observa-se nas organizações uma sensação cada vez maior de impotência e uma confiança crescente no uso do controle. O primeiro aspecto reflete a consciência de que os desafios da ética nas organizações estão cada vez mais complexos e difíceis de lidar. O segundo reflete uma resposta desesperada a essa consciência.
Mas onde emerge o papel do voluntariado empresarial como um indutor de integridade nas organizações nesse contexto?
Poucos espaços são tão ricos para essa abertura necessária para lidar com questões éticas nas organizações como são os programas de voluntariado. São espaços de aprendizados significativos no campo da valorização e promoção da conduta ética das pessoas que participam de suas atividades. Eles sobrevivem, desenvolvem e têm resultados apenas quando apresentam essa postura em torno da qual as pessoas encontram espaço para se expressar, dialogar e construir conjuntamente soluções para os desafios que enfrentam.
Programas de voluntariado empresarial também são um convite da organização para compartilhar com as pessoas os seus valores éticos a fim de se articular para agir na realidade em que está inserida.
Nesse sentido, os programas de voluntariado empresarial possuem pelo menos três oportunidades importantes como indutores da discussão de temas de integridade nas organizações:
O voluntariado empresarial representa um espaço aberto valioso para discutir temas relacionados à integridade nas organizações. E é cada vez maior o número de organizações que acredita que o progresso com relação aos graves problemas éticos vividos pela sociedade atualmente virá apenas com a abertura das mentes, corações e vontades das pessoas.
