Ainda há muito espaço para se aumentar o volume de doações no Terceiro Setor brasileiro, uma vez que o investimento atual é considerado relativamente baixo, com um total estimado de US$ 4 bilhões anuais, enquanto o potencial seria de US$ 28 bilhões – sete vezes mais.
Estes e outros números, além de análises detalhadas, podem ser encontrados no estudo "O futuro da filantropia no Brasil: contribuir para a justiça social e ambiental", lançado pelo Instituto Beja, organização de impacto social que visa uma filantropia colaborativa para promover o desenvolvimento humano integral.
Desenvolvida a partir de entrevistas realizadas, entre setembro e dezembro de 2022, com 21 filantropos brasileiros e 21 profissionais ou especialistas atuantes no setor, a pesquisa apresenta um panorama da filantropia no país.
Ela destaca, por exemplo, que a classe média é vista como a mais consciente e empática, enquanto a percepção é de que os mais ricos ainda não contribuem de forma significativa, talvez por receio.
Para aumentar a cultura da filantropia no Brasil, o relatório sugere conquistar espaços em políticas públicas e melhorar o sistema fiscal das doações, além de garantir mais segurança jurídica aos fundos patrimoniais filantrópicos.
O estudo também apontou que a forma como as fundações operam no Brasil está mudando. Entre 20% e 30% são de iniciativas subsidiadas, ou seja, fundações apoiam projetos desenvolvidos por outras instituições. A mudança é impulsionada por fatores como o impacto da pandemia da Covid-19 e o reconhecimento do valor do fortalecimento da sociedade civil.
A divulgação do relatório marcou o início do movimento “Filantropando – Oxigenando boas ações”, idealizado pelo Instituto Beja, que visa promover um ambiente de trocas e discussões sobre a filantropia, alinhando comunicação e estratégias em busca de um aprimoramento do setor.
“Nosso propósito é ajudar a incentivar um tipo diferente de diálogo no país, aumentar a quantidade de doações filantrópicas e melhorar a forma como o orçamento é doado para a justiça social e ambiental”, explica a consultora independente de filantropia estratégica Silvia Bastante de Unverhau, autora do estudo e parceira da Braymont Philanthropy Advisory.
Fonte: Instituto Beja
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