Líderes Nas Organizações E Nos Programas De Voluntariado

Por: Silvia Naccache
19 Novembro 2017 - 00h00

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Crescemos ouvindo a expressão "uma imagem vale mais do que mil palavras". Precisa ou não, a expressão apresenta uma clara ideia de valor: um elemento (uma imagem) faz enorme diferença em um contexto e merece ser considerado mais importante, mais valioso do que os outros elementos (pelo menos mil palavras).

Essa ideia se fez presente em minha trajetória. Quase sem perceber, eu a identificava em muitos contextos: uma pilastra é mais importante do que outras tantas para sustentar determinada construção, uma frase é mais importante do que outras tantas em um texto, e por aí vai. Mas isso não quer dizer que as outras pilastras pudessem ser retiradas da construção, ou que as outras frases pudessem ser eliminadas do texto. Ao contrário, sua importância é inegável quando se considera o conjunto, o todo. Mas aquela pilastra e aquela frase específicas se destacam, têm um papel essencial, sendo, portanto, mais importantes que as demais. Sua ausência seria sentida e, provavelmente, levaria a construção à ruína e provocaria perda de sentido no texto.

Quando iniciei meus estudos e trabalhos nos temas de liderança e trabalho em equipe, surgiu uma inquietação: será que a mesma ideia se aplicaria às pessoas? Algumas valem mais do que outras?

Não há resposta fácil para tal pergunta. No tempo do politicamente correto, seria mais tranquilo dizer que todos são igualmente importantes. Contudo, assumo que essa resposta não me dá sossego algum. Minha experiência de vida demonstra que não é bem assim.

Se uma pessoa é tão importante quanto outra em termos gerais (como direito à vida e à saúde, por exemplo), em termos específicos a realidade pode ser bem diferente. Determinadas pessoas são, em certos contextos, tão especiais, tão importantes, que sua presença ali merece ser considerada mais valiosa. Sua ausência seria sentida com intensidade, de modo que ela poderia gerar mudanças drásticas no contexto, como o fim de um projeto, a quebra de uma empresa, o fim daquela realidade conhecida. Nesse sentido, aquela pessoa incorpora um valor maior que as outras, ela se diferencia em importância, possui destaque e, como consequência, "vale" mais do que as outras.

Aqui, a ideia de valer mais não se dirige ao valor financeiro (embora possa incluí-lo), mas à capacidade de gerar e agregar valor ao todo – valor humano, intelectual, social etc. Líderes são essas pessoas; são especiais, sua presença se faz importante e valiosa, eles geram e agregam valor à equipe. O contexto muda para melhor, com impactos positivos em todos ao redor; surgem coisas diferentes, que não se encontram com facilidade em qualquer lugar.

Atualmente temos muitos chefes, coordenadores, gerentes, sócios e diretores, porém temos poucos líderes. Parte da crise que enfrentamos enquanto sociedade, não só no Brasil, mas em termos globais, resulta dessa situação.

Chefes conseguem apenas "cumprir tabela" e realizar o indispensável, ficando restritos ao básico, sem inovação ou energia para novas ideias ou grandes realizações. Não envolvem e mobilizam os talentos das equipes que comandam; ficam presos à rotina, à mesmice. Não há transformação em quem realiza nem metas e objetivos são atingidos.

A demanda por líderes acontece em todas as organizações, sejam elas públicas ou privadas, de pequeno, médio ou grande portes; e também em organizações da sociedade civil.

No Terceiro Setor, considerando-se seu crescimento, sua magnitude de atuação, seu ganho em importância econômica e sua capacidade de gerar impacto na realidade social brasileira, a presença de líderes dedicados e capacitados é fundamental.

Dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a participação do Terceiro Setor no Produto Interno Bruto (PIB) já se aproxima de 1,5%, o equivalente a R$ 32 bilhões anuais.

Nessa realidade, o espaço para bons chefes diminuiu (e o espaço para chefes ruins precisa estar bloqueado!). Diante de desafios e importância tão evidentes, líderes são mais do que necessários, são vitais para sustentar o vigor desse setor.

Na gestão dos programas de voluntariado não é diferente. A liderança tem o poder de transformar o que parece uma mera tarefa rotineira, insossa e sem graça, e um grupo de pessoas desmotivas e descomprometidas em uma ação com propósito e valor. O líder do trabalho voluntário realiza junto, mostra que sempre existe uma maneira de fazer melhor, tem resiliência para se reinventar, criatividade para sair da zona de conforto e disposição para trazer a tecnologia e a inovação para facilitar seu dia a dia. Ele que consolidar a vocação transformadora do voluntariado por meio da mobilização de voluntários para práticas contínuas e permanentes; quebra paradigmas que relacionam voluntariado a sacrifício e demonstra que se trata de uma ação solidária, cidadã, que transforma a vida de quem realiza e de quem recebe.

O líder do programa de voluntariado promove ainda atividades que geram resultados efetivos, capazes de serem medidos e compartilhados. Cabe também a esse líder reconhecer e valorizar o trabalho dos voluntários.

Será que algumas pessoas valem mais do que outras? A resposta, no que se refere aos líderes e chefes, é evidente: sim, um líder vale mais do que mil chefes.

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