A humanização na saúde é uma jornada contínua que busca transformar a experiência de todos envolvidos no cuidado: pacientes, profissionais, gestores, familiares e cuidadores. Ao colocar o ser humano no centro do atendimento, essa abordagem se destaca como um dos maiores desafios da saúde contemporânea.
A Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (PNH) foi criada em 2003 pelo Ministério da Saúde e estabelece um marco fundamental para a saúde pública brasileira, orientando a implementação de práticas mais humanizadas em todos os níveis de atenção. A PNH encontra suas raízes em experiências exitosas de humanização em diversos serviços de saúde do país, que demonstravam a importância de valorizar as pessoas envolvidas no processo de cuidar e ser cuidado.
Tem como objetivo principal transformar o modelo assistencial, buscando uma relação mais horizontal entre profissionais de saúde e usuários, com foco na escuta qualificada, no acolhimento e na participação social, baseada em princípios como a acolhida qualificada, a valorização da diversidade, a participação social, a construção de vínculos e a produção de saúde.
Nesses 20 anos, a PNH tem formado uma rede que se mobiliza e promove impactos positivos, como a melhoria da qualidade da atenção, a redução de conflitos e a maior satisfação de todos os envolvidos. A jornada da humanização transcende ações isoladas ou locais específicos, sendo uma atitude constante, contínua e de todos.
A humanização é um processo colaborativo que envolve todos os atores do sistema de saúde. Pacientes, profissionais, gestores e cuidadores trazem perspectivas e experiências únicas que enriquecem o debate e a construção de soluções. Não ficam de fora as associações defensoras dos direitos de pacientes, que contribuem ativamente para a elaboração de políticas públicas, a avaliação de serviços e a promoção da educação em saúde. Neste cenário, não se pode esquecer do importante papel dos grupos de voluntariado que oferecem apoio emocional, social e prático, complementando o trabalho dos profissionais e proporcionando um suporte para pessoas em situações vulneráveis.
Uma jornada humanizada coloca as pessoas no centro do cuidado e das interações, buscando atender às suas necessidades de maneira integral e respeitosa.
Os principais elementos para uma jornada humanizada são:
• Empatia e acolhimento: A escuta, compreensão e oferta de um ambiente receptivo são a base de uma relação de confiança.
• Comunicação efetiva: A comunicação clara e transparente, que leva em consideração a compreensão do paciente, é essencial.
• Autonomia do paciente: A valorização da participação do paciente nas decisões sobre seu tratamento promove a adesão e a satisfação.
• Interdisciplinaridade: A integração de diferentes áreas do conhecimento garante um cuidado mais completo e individualizado.
• Gestão participativa: A participação de todos os profissionais na gestão das unidades de saúde promove um senso de pertencimento e colaboração.
• Respeito à Diversidade: Atendimento às diferentes necessidades, respeito à individualidade do paciente e promoção da equidade.
• Voluntariado: O voluntariado complementa o trabalho dos profissionais, oferecendo apoio emocional e social aos pacientes.
A humanização traz benefícios para todos os envolvidos:
• Para os pacientes, melhora a qualidade de vida, reduz o sofrimento e aumenta a satisfação com o atendimento.
• Para os profissionais, aumenta a motivação e a satisfação profissional, além de contribuir para a construção de equipes mais coesas.
• Para as organizações da saúde, contribui para a redução de custos com reinternações e tratamentos desnecessários, além de melhorar a reputação da instituição.
O paciente deve ser visto como um sujeito ativo no processo de cuidado, com direito a tomar decisões sobre seu próprio tratamento. A experiência do paciente abrange todos os momentos de contato com o serviço de saúde e deve ser marcada pelo acolhimento, respeito e segurança. Promoção do desenvolvimento de protocolos específicos para diferentes situações, como o atendimento a pacientes com doenças crônicas, pacientes em fim de vida e pacientes pertencentes a populações historicamente vulnerabilizadas. Cada paciente deve ser tratado de forma única, considerando-se suas necessidades e particularidades. Não se pode esquecer que todo suporte e apoio emocional é essencial, tanto para os pacientes quanto para os familiares.
A tecnologia pode ser uma grande aliada na humanização, facilitando a comunicação, agilizando processos e personalizando o tratamento. No entanto, é fundamental lembrar que a tecnologia não substitui o contato humano, mas o complementa. É preciso criar materiais informativos para pacientes e familiares sobre diferentes procedimentos e doenças. Com a tecnologia é possível criar formações e capacitações para profissionais de saúde, facilitando o convívio nas diversas situações, incluindo pacientes com demandas específicas ou em momentos de extrema vulnerabilidade. Treinamentos para um atendimento humanizado precisam incluir a importância da escuta ativa, empatia e comunicação não violenta. A tecnologia pode também potencializar e promover o engajamento por meio das redes sociais, com conteúdos interativos e acessíveis que incentivam o cuidado humanizado e o protagonismo do paciente. Além disso, as plataformas online podem ser usadas para criar comunidades de apoio e diálogo, fortalecendo vínculos e promovendo a inclusão em conteúdo educativo seguro e de qualidade.
O acolhimento deve perpassar por todos os momentos do paciente com o serviço de saúde e é crucial para a construção de vínculos de confiança. A escuta ativa e a empatia são elementos essenciais para proporcionar uma experiência positiva ao paciente. Os espaços físicos devem ser acolhedores, adequados e confortáveis, proporcionando um ambiente receptivo para pacientes e familiares. A comunicação eficaz, clara e empática é fundamental para estabelecer um bom relacionamento entre profissionais, voluntários, pacientes, familiares e cuidadores.
A humanização exige a integração de diferentes perspectivas. A tecnologia, o acolhimento e a participação de todos os atores são fundamentais para construir um cuidado mais humanizado. É uma jornada que ainda enfrenta desafios, como a falta de recursos e a resistência a mudanças. No entanto, com o compromisso de todos os envolvidos, sem esquecer da enorme contribuição também das associações de pacientes e grupos de voluntários, é possível superar esses obstáculos e construir um sistema de saúde mais humano e afável.
Ao trabalharmos juntos, podemos promover a saúde integral das pessoas e construir uma sociedade mais justa e igualitária.
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