ARTIGO: Voluntariado 2.0: digital, tecnológico ou virtual

Por: Instituto Filantropia
17 Abril 2020 - 00h00

Silvia Maria Louzã Naccache (*)

Para quem gosta das novas tecnologias, é dinâmico, criativo e tem vontade de ajudar os outros de forma presencial ou a distância, a oportunidade está em suas mãos: o voluntariado digital ou tecnológico. A proposta é usar a tecnologia para ajudar, realizando atividades, compartilhando conhecimento e solidariedade e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

São pessoas com perfis e motivações diferentes; idades variadas. Mas todos, trabalhando para um objetivo comum, usando a Internet, as novas tecnologias e os recursos que podem, para melhorar a sua qualidade de vida.

Embora a Internet traga muitos benefícios, tais como a comunicação barata e instantânea nos mais diversos lugares, sem barreiras, é preciso entender que para usá-la como uma ferramenta de trabalho tem-se que levar em conta algumas contrapartidas: administração do tempo; a ferramenta pode ser impessoal; exige habilidade de comunicar-se escrevendo e lendo muito; demanda proficiência no idioma; acostumar-se e não intimidar-se com a cultura única da Internet, com as constantes mudanças; o fato de não poder ver as pessoas com quem se trabalha, além das restrições relacionadas à segurança e privacidade.

O voluntariado digital não apenas extrai ou obtém informações a partir da Internet. Ele pode interagir com as pessoas on-line, ser fonte de construção de conteúdo ao colocar informações na Web. Tecnologia ajuda e facilita a mobilização de pessoas e a troca de informações.

Pode ainda integrar ciberespaço com atribuições de voluntários do mundo real e presencial, como fazem vários portais. O Centro de Voluntariado de São Paulo é um deles, conectando pessoas que desejam realizar atividades voluntárias em organizações sociais que oferecem oportunidades de vagas para voluntariado presencial ou a distância.

Como podemos manter e promover o protagonismo, a criatividade e a formação de líderes globais inovadores? A tecnologia aliada ao voluntariado promove tudo isso e muito mais! De todo mundo para todo mundo. Onde o usuário é produtor de conteúdo e o voluntário, o construtor das mudanças que deseja promover para o bem comum.

Cocriar. Confiar. Compartilhar. Comunicar. A tecnologia é ferramenta à disposição de quem deseja fazer a sua parte e contribuir. Qualquer um encontra na Internet informações sobre causas e projetos e pode facilmente se engajar e se envolver naquilo que realmente acredita.

Com o desenvolvimento de novas mídias sociais, a Internet torna-se cada vez mais palco para o infoativismo e a promoção de ações transformadoras. O infoativismo (ou ciberativismo, ou ativismo digital) possibilita a qualquer pessoa com acesso à Internet agir a favor de uma causa social. Um infoativista pode, por exemplo, utilizar as redes sociais onde está presente, como Facebook e Twitter, para divulgar informações sobre causas, movimentos e mobilizações, possibilitando que se tornem conhecidos mundialmente.

Atualmente, toda a comunicação entre gestores e seus voluntários em organizações sociais acontece por meio de mídias sociais ou aplicativos de telefonia móvel. É por meio dessas ferramentas que se convocam os voluntários para as atividades, realiza-se o acompanhamento de cada uma das atividades através de fotos, vídeos e transmissões ao vivo, registrando as horas doadas e monitorando dúvidas ou demandas para as próximas ações.

Muitas vezes, nem é preciso sair de casa para ajudar uma boa causa. Você pode fazer a diferença com apenas um clique. A Internet atua como um “megafone” para chamar a atenção para questões públicas, criando campanhas específicas e concentradas sobre cada assunto.

O voluntariado digital é uma forma de o voluntário colaborar com uma organização sem necessariamente estar presente em sua sede. O voluntariado digital realizado presencialmente ou a distância não pretende substituir o formato tradicional de voluntariado presencial, mas complementá-lo, incluindo pessoas que gostariam de dar sua contribuição, mas têm limitações, como indisponibilidade de tempo para se deslocar de um lugar para outro. Ele possibilita a adesão de pessoas com capacidades e disponibilidades diferentes, capazes de agregar novas competências e conhecimentos ao trabalho da organização. Deve buscar aumentar a quantidade de trabalho voluntário prestado às organizações e trazer pessoas que nunca foram voluntárias.

Realizado de forma presencial ou a distância, usando ou não tecnologia, os voluntários devem ser orientados com a mesma competência gerencial, mas utilizando ferramentas/meios diferentes. Esses meios são a Internet e/ou telefone.

Portanto, é uma questão de adaptação ao método. Uma organização preparada para receber voluntários presenciais pode estar também preparada para receber voluntários digitais e a distância, devendo haver comprometimento e dedicação, sempre com o conhecimento das responsabilidades.

Assim como no voluntariado presencial, é imprescindível que haja uma pessoa responsável pelo gerenciamento desses voluntários, conhecendo todos os aspectos pertinentes. Para coordenar atividades de voluntariado, o coordenador deve obrigatoriamente trabalhar com as ferramentas da Internet e ter o hábito de responder rapidamente os e-mails dos voluntários ou as mensagens das mídias sociais ou de aplicativos.

É de suma importância que as atividades a serem solicitadas para os voluntários estejam descritas de forma clara, incluindo o que se espera desse trabalho e em que prazo. As orientações devem ser encaminhadas no início da atividade, solicitando ao voluntário sua resposta, como forma de comprometê-lo.

O Termo de Adesão deve ser solicitado da mesma forma que o dos voluntários presenciais, devendo este documento ser assinado e enviado por fax, Correios ou e-mail. Neste último caso, deve-se possuir assinatura digital (não é o mesmo que assinatura digitalizada).

O voluntariado digital - e ainda realizado a distância - necessita de muita atenção por parte de seu gestor. Por isso, torna imprescindível o monitoramento para o cumprimento de metas, assim como ações de agradecimento, reconhecimento e valorização do trabalho. É um trabalho que deve ser levado igualmente a sério, pois se assume o compromisso de realizar uma determinada tarefa em um tempo estipulado, executando-a conforme o planejado com a organização.

Alguns exemplos de atividades que o voluntário digital pode realizar, seja presencialmente na organização, ou a distância:

  • Tradução textos em outros idiomas.
  • Pesquisa de notícias na imprensa para a realização de clippings.
  • Assessoria de imprensa.
  • Elaboração de projetos.
  • Pesquisas sobre experiências interessantes e inovadoras sobre determinados temas.
  • Assessoria jurídica.
  • Mobilização de pessoas para uma determinada causa ou campanha.
  • Compartilhamento de informações cidadãs.
  • Pesquisa sobre fontes de recursos para financiar determinados projetos.
  • Mobilização de recursos: digitação de notas fiscais, organização de eventos.

As organizações e causas de todo o mundo estão percebendo a importância de se ter uma presença digital relevante e encontrando cada vez mais portais e ferramentas facilitadoras para um voluntariado atuante e transformador!

A tecnologia está à nossa disposição para promover o voluntariado como dimensão de uma cidadania que se quer participativa, ativa e corresponsável; promover novas redes e comunidades virtuais dedicadas ao voluntariado; oferecer de forma gratuita oportunidades de ação voluntária; estabelecer um método de reconhecimento e celebração com indivíduos, organizações e empresas, envolvidos em ações de voluntariado; divulgar e promover o intercâmbio de boas práticas de voluntariado, solidariedade e cidadania por meio de discussão e intervenção na vida comunitária. Possibilita ainda aumentar a visibilidade das atividades de voluntariado local, regional, nacional e internacionalmente.

A tecnologia é ferramenta para quem deseja ser ferramenta de mudança.

(*) Silvia Maria Louzã Naccache é palestrante e consultora na área de Voluntariado, Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável e Terceiro Setor. Conteudista da  Plataforma Captamos, Rede Filantropia, Escola Aberta do Terceiro Setor e da plataforma Altrus. Articula parcerias com organizações da sociedade civil, governos, escolas, universidades e empresas.

Imagem: Gerd Altmann por Pixabay

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