Certa vez, uma jovem foi confessar seus pecados. Não que ela fosse má, mas costumava falar dos vizinhos, deduzindo histórias sobre eles. Essas histórias passavam de boca em boca e acabavam fazendo mal – sem nenhum proveito para ninguém.
O padre, então, lhe disse:
– Minha filha, você age mal falando dos outros; tenho que lhe passar uma penitência. Você deverá comprar uma galinha no mercado e depois caminhar para fora da cidade. Enquanto for andando, deverá arrancar as penas e ir espalhando-as. Não pare até ter depenado completamente a ave. Quando tiver feito isso, volte e me conte.
Ela pensou com seus botões que era mesmo uma penitência muito singular! Mas não objetou. Comprou a galinha, saiu caminhando e arrancando as penas, como ele lhe dissera. Depois, voltou e reportou a São Filipe.
– Minha filha – disse o Santo –, você completou a primeira parte da penitência. Agora vem o resto.
– Sim, o que é, padre?
– Você deverá voltar pelo mesmo caminho e catar todas as penas.
– Mas, padre, é impossível! A esta hora, o vento já as espalhou em todas as direções. Posso até conseguir algumas, mas não todas!
– É verdade, minha filha. E não é isso mesmo que acontece com as palavras tolas que você deixa sair? Não é verdade que você inventa histórias que vão sendo espalhadas por aí, de boca em boca, até ficarem fora do seu alcance? Será que você conseguiria segui-las e cancelá-las, se desejasse?
– Não, padre.
– Então, minha filha, quando você sentir vontade de dizer coisas indelicadas sobre seus vizinhos, feche os lábios. Não espalhe essas penas, pequenas e maldosas, pelo seu caminho.
Tem um amigo que pergunta, sempre debochado: "você sabe por que a tartaruga vive mais de 100 anos?" E logo responde: "Porque ela cuida só da vida dela..."
Brincadeiras à parte, nossa vida é curta demais para termos que controlar os passos de outros - passos estes que não nos competem, já que cada um dita seu próprio caminho. E se a trajetória é nossa, a direção e o tamanho do passo só compete a nós.
Há ainda mais uma questão: não temos em mãos 100% das informações que levaram Siclano ou Beltrano a tomar aquela decisão. Então, não temos o direito de julgá-los.
Caso tenha algo positivo a acrescentar, fale diretamente com o envolvido. Não saia espalhando por aí "ah...se eu fosse ele, agiria diferente".
Pronto. Falei!
Abraços inspirados, Beijos com +Atitude.
Marcio Zeppelini
Palestrante de Atitude
Se a trajetória é nossa, a direção e o
tamanho do passo só compete a nós.
Marcio Zeppelini