A nomenclatura clássica que tradicionalmente é encontrada para distinguir os setores é:
As fronteiras entre os setores acima, em várias partes do mundo, tendem a ficar crescentemente nebulosas. O governo confia às ONGs tarefas na área de educação e saúde. Algumas empresas criam suas próprias fundações e abraçam diretamente diversas causas sociais. Organizações sem fins lucrativos enveredam por ações geradoras de renda, a fim de obterem recursos necessários para o cumprimento de seus projetos.
Existem instituições do Terceiro Setor que desenvolvem padarias, oficinas de artesanato, hospitais de bonecas e outros. Cada organização está buscando seus objetivos e usando de criatividade e inventividade. No caso do Terceiro Setor, é perfeitamente válido que as entidades se beneficiem de ações e atividades diversas para atingir o objetivo de sua missão. Isso deve ser sempre feito dentro da ética e legalmente, nunca denegrindo o nome das organizações e, sim preservando-o e valorizando-o. Afinal, os dirigentes de uma entidade sempre mudam, diferentemente da entidade, que permanece a mesma. Esta é que precisa ser bem fortalecida, buscando sua sustentabilidade.
É comum observar, principalmente em ONGs de diversos países da América Latina, a relativa facilidade em elaborar projetos, em termos de conceito e justificativa social. Muitas vezes, elas têm uma relação próxima ao mundo acadêmico. A maioria peca, porém, na construção lógica de um “plano de negócios”. Igualmente carecem de conceitos mais profissionais de gestão – essa é uma das maiores necessidades que podem ser facilmente observadas nas organizações, principalmente nas menores. Há muita boa vontade, mas para o êxito, é preciso muito mais que isso, é necessário eficiência.
Nesses itens, as organizações do Terceiro Setor têm muito mais a aprender com as práticas do Segundo Setor; por isso a expressão “Setor Dois e Meio” é o que se recomenda como ideal, para que seja considerado por muitas instituições.
Esta mescla entre o Segundo e o Terceiro Setores é como misturarmos as funções do cérebro, ou usarmos, em conjunto, seus dois lados. Cientistas descobriram que o lado esquerdo é o responsável pelo raciocínio lógico e analítico, ligado a considerações objetivas e desapaixonadas. Já o lado direito permite um raciocínio não-linear, espontâneo e intuitivo mais relacionado com o artístico, emocional e subjetivo. O que se coloca, então, é que devem-se usar, harmonicamente, os dois lados do cérebro. Possivelmente, a maioria das pessoas ligadas ao Terceiro Setor privilegia o emocional e o subjetivo. Por isso, é proposto que as organizações tragam para suas atividades outros componentes ligados ao lado esquerdo do cérebro, ou seja, ao raciocínio lógico, para se tornarem mais profissionais.
Mais especificamente, é importante continuar utilizando elementos normalmente ligados ao Terceiro Setor. Alguns exemplos:
O que pode ser útil e necessário para as ONGs e normalmente se encontra com excelência no Segundo Setor?
Profissionalismo: lembrar que continuamente deve-se buscar fazer melhor e observar o que outros fazem bem.
A paixão sem objetividade beira o irracional, e a técnica sem coração é fria, não motivando as pessoas. Por isso, deve-se buscar o equilíbrio entre a razão e a emoção. Os dirigentes das instituições precisam analisar sua posição em relação a isso e identificar os recursos de que necessitam para crescer em seu desenvolvimento.
Quando confrontadas, é comum que as entidades questionem como poderão obter os recursos acima mencionados, principalmente se não dispõem de músculo financeiro para contratações. Nada surpreendente, pois a grande maioria das ONGs no Brasil possui nenhum ou um funcionário remunerado. Novamente, é recomendada a consideração de possibilidades que fortalecem mais ainda a simbiose entre o Terceiro e o Segundo Setores. A sugestão é que a organização faça uma auto-análise de sua situação e determine o que lhe falta ou em que precisa melhorar.
Esta análise pode identificar carências em gestão, profissionalização, apoio legal, fiscal, marketing, voluntariado, administração de pessoal etc. A organização deve se aproximar de alguma empresa que já seja parceira, esteja geograficamente próxima ou que já tenha apoiado causas sociais e dialogue com a mesma buscando uma “troca”. A empresa proveria tempo de funcionários com conhecimentos no item desejado pela ONG e receberia da instituição uma parceria que enriqueceria suas ações de responsabilidade social empresarial.
Utilizar elementos do Segundo e Terceiro Setores, equilibradamente, funciona como o Setor Dois e Meio. Isso certamente aumentará a qualidade do que se faz, e será possível impactar com eficiência os mundos externo e interno. Assim, as oportunidades de captar pessoas e valores só aumentam.
Utilizar elementos do Segundo e Terceiro Setores, equilibradamente, funciona como o “Setor Dois e Meio”. Isso certamente aumentará a qualidade do que se faz, e será possível impactar com eficiência os mundos externo e interno |
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