Negócios que transformam vidas

Por: Luciano Guimarães
01 Novembro 2010 - 00h00

Ainda sem definição consensual sobre seu próprio conceito (e até mesmo a existência de certa discussão no meio empresarial acerca de seu funcionamento), o negócio social e inclusivo vem se desenvolvendo no Brasil e chama a atenção de ONGs e empresas tradicionais, como Natura, Walmart, Lojas Renner e Tok&Stok pelo seu poder de modificar a vida de pessoas que, em geral, estão à margem da economia de mercado.

Os negócios sociais são iniciativas economicamente rentáveis que, por meio da sua atividade principal (core business), buscam soluções para problemas sociais, utilizando mecanismos de mercado. Essa visão esclarecedora e objetiva é da Artemisia, organização pioneira em negócios sociais no Brasil e uma das mais respeitadas no setor.

Segundo a Artemisia, os negócios sociais têm três objetivos principais: promover a inclusão social por meio da oferta de oportunidades de trabalho que melhoram a renda e a qualidade de vida de pessoas mais pobres – incluídas também as com deficiência, populações marginalizadas ou de comunidades alternativas; oferecer produtos e serviços de qualidade e a preços acessíveis, que melhoram diretamente a qualidade de vida das pessoas mais pobres, como habitação, alimentação, saúde, água potável, saneamento, energia, telefonia celular, computadores, serviços financeiros, jurídicos, seguros etc; e, por fim, oferecer produtos e serviços que melhoram a produtividade dos mais pobres, contribuindo indiretamente para o aumento de suas rendas – acesso a crédito produtivo, venda de tecnologias e equipamentos de baixo custo etc.

Outra boa definição sobre o tema é a de Leonardo Letelier, presidente-executivo (CEO) da sitawi, entidade sem fins lucrativos que, por meio de um Fundo Social, primeiro do país para esse tipo de público, já investiu mais de R$ 1 milhão em organizações e empresas comprometidas com causas sociais e ambientais.

“O negócio social se localiza entre os extremos de negócio e de organizações sociais ‘tradicionais’, mas existe em meio a organizações com fins lucrativos e impacto social e organizações sociais com operações de negócios”, define.
A sitawi tem a missão de desenvolver infraestrutura financeira para o setor social, e essa ação é realizada dando acesso a crédito para quem tem operações de negócio com impacto social, mas não possui acesso a crédito adequado – muitas vezes, os problemas são prazo, carência ou garantia, e não somente a taxa de juros.

“Desde o início dos empréstimos, não houve inadimplência nem reestruturação, e temos uma demanda já identificada de mais de R$ 1 milhão para o próximo ano. Por isso, estamos aumentando nosso Fundo Social para R$ 2,5 milhões com o apoio de pessoas e organizações no Brasil, já que o fundo é formado exclusivamente por doações e 100% dos recursos são utilizados para empréstimos sociais”, explica Letelier.

O gestor da sitawi explica que antes de liberar os empréstimos sociais, que variam de R$ 100 mil a R$ 400 mil, com juros de aproximadamente 1% ao mês, todas as propostas são minuciosamente estudadas. Junto com o empréstimo, está incluída uma ferramenta de suma importância para o bom uso dos recursos – o aconselhamento estratégico.
A análise das organizações baseia-se em saber se as mesmas: têm impacto social; possuem uma operação de negócios (existente) viável; têm liderança ética e equipe de gestão da operação de negócio; e não possuem acesso ao capital em condições adequadas.

Casos de sucesso

Os negócios inclusivos são uma realidade que vem mudando a vida de muitas pessoas. A mais famosa delas é a do bengali Muhammad Yunus, que criou o Grameen Bank, que empresta sem garantias nem papéis e tem nas mulheres seu principal público (97% dos 6,6 milhões de beneficiários). A taxa de recuperação é de 98,85%.

Laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 2006, Yunus foi o primeiro a cunhar a expressão microcrédito, recurso destinado a pessoas pobres e não a pequenos produtores. Segundo Yunus, o Grameencredit (crédito do Banco Grameen) baseia-se na premissa de que os pobres têm habilidades profissionais não utilizadas ou subutilizadas.

Para o engenheiro eletricista Cláudio Boechat, professor da Fundação Dom Cabral e pesquisador nas áreas de responsabilidade corporativa e gerenciamento de projetos, “os exemplos são muitos e podem ser encontrados em vários lugares do mundo, como a distribuição de automóveis mais baratos nos mercados da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina, a fabricação de casas populares de baixo custo a partir de processos industriais integrados, ou ainda empresas de produção de celulose que estão incluindo mão de obra de assentados rurais ou mesmo pequenos proprietários no seu processo de plantação”.

No Brasil também há diversos cases de sucesso, como o da Solidarium, empresa social ligada à Aliança Empreendedora que cria canais de distribuição para pequenos empreendedores que possuem dificuldade em conciliar criação, produção e comercialização.

Com um empréstimo de R$ 150 mil obtido da sitawi (já quitado), foi possível adquirir matéria-prima e, assim, atender à grande demanda gerada pelo Walmart, maior rede de varejo do mundo. Hoje, a Solidarium beneficia 35 grupos produtivos e 280 empreendedores integrantes desses grupos e atende ainda outros clientes de grande porte.

Certamente, as empresas sociais e os negócios inclusivos crescerão à medida que o conceito de responsabilidade social for realmente absorvido pelas empresas tradicionais e houver maior conscientização da sociedade quanto à importância de ações beneficentes para a transformação positiva na vida de milhões de pessoas.

 

Negócios estimulados por empréstimos sociais liberados pela sitawi
Nome: Aliança Empreendedora – Solidarium (Curitiba-PR)
O negócio:
a Solidarium, empresa social ligada à Aliança Empreendedora, cria canais de distribuição para pequenos empreendedores que possuem dificuldade em conciliar criação, produção e comercialização. Beneficia 35 grupos produtivos e 280 empreendedores integrantes desses grupos.
Clientes: Walmart, Tok&Stok, Lojas Renner, entre outros.
Valor: R$ 150 mil (já quitado).
Nome: Instituto Palmas (Fortaleza-CE)
O negócio:
criado pelos moradores do Conjunto Palmeira, o Banco Palmas é um banco comunitário que oferece microcrédito, capacitação para o empreendedorismo, acompanhamento técnico, articulação de parcerias e canais de comercialização dos produtos. Já suscitou empréstimos no valor de R$ 3 milhões, gerando 1.800 postos de trabalho no Conjunto Palmeira.
Valor: R$ 225 mil (concedidos desde dezembro de 2009. Em dia com os pagamentos).
Nome: Tekoha (São Paulo-SP)
O negócio:
cria canais de comercialização ética e justa para produtos feitos à mão, conectando comunidades e consumidores numa grande rede. Trabalha com 28 grupos espalhados por todo o Brasil e atinge diretamente 1.200 pessoas.
Clientes: Natura, entre outros.
Valor: R$ 100 mil.
Nome: Caspiedade (São Paulo-SP)
O negócio:
gerencia dois restaurantes populares para o Estado de São Paulo, que servem aproximadamente 1.500 refeições por dia, além de ensinar e produzir artesanatos com casca de ovo, fomentando o empreendedorismo na comunidade. Atende cerca de 1.500 famílias.
Valor: R$ 230 mil (concedidos em novembro de 2009. Em dia com os pagamentos).


 

 

 

 

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