Talvez você nunca saiba. Nem ao menos poderá imaginar o que se passa agora na linha do horizonte de sua vida. Parece tão natural. Carnal. Não tem importância aparente, e provavelmente nunca terá. De certo sequer será reconhecido. Por mais que escrito, dito e repetido. É incrível. Não crível. Insigne. Tem a crosta de uma verdade oculta, afirmação nas sombras, assertiva envolta nas brumas de Avalon, no fog londrino, na neblina fosca de uma estrada vicinal. Para o mundo é um espanto, prodígio, escândalo, estupefato fato. Para você isso não faz sentido, não tem eco, ibope, não vale um play, start up, é um placebo de # (hashtag), é a foto que não vai para o Instagram.
Se fosse TV você trocaria de canal, na via pública atravessaria a rua, do MPB mudaria para o funk, no restaurante pediria cheese salada. Na missa, faria comunhão durante o ofertório. Isso é o tipo de coisa em que se troca o ouro pelo nada, cruzeiro no Mediterrâneo pela vista de pessoas no Ibirapuera. Na farmácia, vitaminas do complexo B pelo chá de ervas da chácara. Não adianta estourar na escala Richter, jogar Polly on Roller Skates, Ipad, barra de chocolate importada, zelo com os acessórios, carinho na mão. Não adianta olhar fixo, trejeito de boca, frase de efeito, sorriso de ato falho. Essa conversa complicada não se explica, nem vinga, desatina, não dá química, não resolve. É um monte de palavras para entender com dicionário, empilhar na prateleira das inutilidades, do que apenas merece um ahahahah! no comentário do WhatsApp. A lista inteira de emoticons com paralisia facial. É como me sinto na sua linha de tempo. Compartilhado no Facebook, esquecido dos anos oitenta. Nem um Waze para localizar teu coração. Descurtindo. Queria muito você pra mim. Fugir dessa versão poker de ser virtual pra você.
Ah, quer saber? Esquece!
