Ele era o presidente de uma das maiores agências de publicidade, e eu, um jovem consultor administrativo. Eu tinha sido indicado por um de seus funcionários, que tinha visto meu trabalho e achado que eu tinha algo a oferecer. Eu estava nervoso. Nesse estágio da minha carreira, não era sempre que eu tinha a oportunidade de falar com o presidente de uma companhia.
A reunião estava marcada para as dez da manhã e deveria durar uma hora. Cheguei cedo. Às dez em ponto fui levado a uma sala grande e arejada, com móveis estofados de um amarelo vivo. As mangas de sua camisa estavam dobradas e a expressão de seu rosto era severa.
– Você tem apenas vinte minutos – falou rudemente.
Fiquei sentado ali, sem dizer uma palavra.
– Eu disse que você tem apenas vinte minutos. Novamente, nem uma palavra.
– Seu tempo está se esgotando. Por que não diz nada?
– Os vinte minutos são meus – respondi. – Posso fazer o que quiser com eles.
Ele deu uma gargalhada. Depois disso, conversamos por uma hora e meia. Consegui o emprego.
Do livro: Espírito de Cooperação no Trabalho.1
É comum nos "apertarmos" em alguma situação – seja no trabalho, seja em um relacionamento amoroso ou até mesmo na rua, sob alguma acusação infundada. Sei que isso parece difícil, mas o melhor a fazer nessa hora é respirar e, calmamente, pensar no que você NÃO FARIA nesse momento. Talvez essa seja a solução – ou, quiçá, uma pista do caminho que você deve seguir.
O nervosismo faz parte de nosso complexo sistema de auto defesa. É uma reação psicossomática controlada por uma região cerebral chamada hipotálamo. Se a reação é involuntária, a boa notícia é que, em no máximo 90 segundos, não há mais reação fisiológica, e é o nosso consciente que passa a controlar a situação – isto é, você pode determinar como pretende terminar tal situação, seja ela qual for.
Essa é uma teoria inspirada em uma neurocientista americana que adoro – Jill Boyle Taylor. E, depois que li sua pesquisa, passei a adotar a técnica de "deixar passar" a raiva, o medo, a ansiedade (acreditem: para mim, leva bem menos de 90 segundos). A partir daí, o comando é integralmente meu!
Não sei se a história do jovem consultor é real ou ficção – não importa. O que precisamos fazer é nos reinventar em situações inusitadas. Fazer aquilo que não seria comum, pois só com a criatividade e com a abertura a mudanças poderemos ter resultados diferentes do que estamos tendo no dia a dia.
Daí lhe pergunto: seu chefe está lhe dando só "20 minutos"? Seu cliente está lhe pressionando? E o gerente do banco?
Faça o melhor que lhe vier à cabeça – só não deixe o nervosismo tomar conta. Só assim seu cérebro terá condições de criar soluções!
Abraços sustentáveis,
Marcio Zeppelini
1 CANFIELD, J.; HANSEN, M. V.; ROGERSON, M.; RUTTE, M.; CLAUSS, T. Espírito de Cooperação no Trabalho. São Paulo: Cultrix, 1996.