Existe Dinheiro Para O Terceiro Setor Em Meio à Crise?

Por: Tahiana D’egmont
03 Fevereiro 2016 - 00h55

A economia brasileira está em transformação desde a crise mundial de 2008, e temos visto grandes e constantes mudanças no modo de lidar com o dinheiro no país, principalmente nos últimos meses.

Ainda que poucas pessoas saibam ao certo a dimensão e os efeitos da crise econômica no Brasil, não há dúvida de que a mesma afeta todo e qualquer setor da sociedade, especialmente o Terceiro Setor, que, de alguma maneira, luta para cumprir os papéis que deveriam ser exercidos, ao menos em parte, pelo Governo.

Com a crise, crescem as necessidades das organizações sem fi ns lucrativos e, ao mesmo tempo, cada vez menos fundos chegam até elas. Enquanto o financiamento para as organizações e projetos sociais acusa os primeiros sinais de aperto, em diversas empresas, que são possíveis doadoras corporativas, a preocupação com a área socioambiental começa a ceder espaço para a preocupação com a própria sobrevivência financeira.

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Em um ambiente em que os fundos já eram escassos, devido ao aumento do número de organizações e a disputa por contribuidores (que vem como consequência), sobreviver a esse pesadelo econômico se tornou um grande desafio. Por isso, as organizações procuram, cada vez mais, novas perspectivas de arrecadação de fundos e formas de reduzir o impacto negativo. E o financiamento coletivo vem se mostrando a melhor alternativa para arrecadar fundos para qualquer tipo de projeto, além de mostrar grandes vantagens para o Terceiro Setor.

Financiamento coletivo – também chamado de crowdfunding – é um formato de arrecadação de fundos através de diversas fontes, sendo elas pessoas físicas (principalmente) ou jurídicas. É quando várias pessoas se identificam com o seu projeto e resolvem contribuir financeiramente para que ele possa ser viabilizado. Baseado na economia colaborativa, tem como fundamento a premissa de que, juntos, todos podem conquistar seus objetivos, algo já bem alinhado com as práticas do Terceiro Setor.

Hoje, existem milhares plataformas de crowdfunding no mundo, e o processo de arrecadação, realizado virtualmente, consiste em promover o engajamento entre criadores de campanhas (que buscam recursos financeiros) e pessoas dispostas a colaborar com projetos e causas em que acreditam.

O modelo de economia colaborativa é explorado há bastante tempo no exterior. O formato já surgiu como uma maneira de estimular a sociedade a participar de projetos filantrópicos, sociais e culturais. No Brasil, começou a ganhar espaço com ações que visavam arrecadação de fundos para a realização de projetos culturais e, com o tempo, as entidades do Terceiro Setor começaram a compreender o potencial do financiamento coletivo como uma forma de arrecadar fundos para o fomento de atividades sociais.

Em 2013, o mercado mundial de crowdfunding representou U$ 6 bilhões, enquanto em 2014 a indústria do financiamento coletivo arrecadou US$ 16.2 bilhões no mundo todo - um aumento de 167% em relação ao ano anterior. As projeções indicam que o mercado vai chegar a pelo menos US$ 90 bilhões até 2025 e o Brasil tem potencial para representar pelo menos 10% desse valor.

Recordes De Arrecadação Do Terceiro Setor

2015 foi o ano em que o Terceiro Setor realmente passou a conhecer o financiamento coletivo e todas as suas vantagens. Foi, também, o ano em que recordes de arrecadação foram batidos.

O recorde latino-americano de arrecadação de fundos agora pertence à campanha “Santuário Animal”, que arrecadou mais de R$ 1 milhão em prol dos animais que habitam o Rancho dos Gnomos, através da Kickante, plataforma líder nesse tipo de arrecadação no Brasil. A ASERG - Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos lutou pela arrecadação de fundos para comprar um novo terreno para abrigar os animais resgatados e com R$10 reais o contribuidor ajudava a comprar 1m².

A campanha, que teve tíquete médio de R$65, atingiu milhões de pessoas ao redor do Brasil e do mundo. Com muito apelo emocional e uma forte assessoria de imprensa, o projeto foi exibido em programas de televisão em rede nacional, como o CQC, apoiado por instituições como ONG Ampara Animal, Instituto Luisa Mell e Grupo Porta do Fundos, além de inúmeras celebridades como Neymar, Glória Pires e até mesmo a cantora britânica Joss Stone.

Entretanto, não são só as campanhas com enorme alcance e visibilidade que superam suas expectativas e conseguem, de fato, capital para defender sua causa. O Projeto WimBelemDon há quase 15 anos ensina tênis e complementação escolar para mais de 100 crianças e adolescentes em vulnerabilidade social do bairro Belém Novo, zona sul de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Porém, sua sede era alugada e corriam sérios riscos de perdê- la, por isso, criaram a campanha de financiamento coletivo “Fixando Raízes WimBelemDon”.

Definiram uma meta inicial de R$50 mil - o mínimo necessário para a entrada da compra do terreno -, e se surpreenderam com a repercussão da campanha, que acabou arrecadando mais de R$403 mil. Com tíquete médio de R$315, as recompensas variavam de ter o nome na lista de apoiadores do projeto até livros autografados dos tenistas renomados Guga Kuerten e Fernando Meligeni, raquetes e uniformes de jogadores nacionais e internacionais e sua empresa como mantenedora do projeto.

Analisando os resultados, percebemos o crescimento exponencial anual do financiamento coletivo para o Terceiro Setor. A campanha #Torcida MSF, realizada pelo Médicos sem Fronteiras, que arrecadou R$140 mil, era um recorde filantrópico até o ano passado – 14% do recorde atual.

A tendência é que cada vez mais ONGs utilizem o crowdfunding para viabilizar projetos sociais – já que não exige o período de maturação de 2 anos que o Governo impõe -, e também que as plataformas inovem para se adaptar cada vez mais às necessidades do Terceiro Setor.

Vantagens Do Financiamento Para A Arrecadação De Fundos

As plataformas já oferecem alguns diferenciais para o Terceiro Setor que ajudam a potencializar a arrecadação de fundos. Geralmente, quando se capta fundos para uma causa nos métodos tradicionais, é preciso contratar uma equipe para gerenciar a campanha. Já no crowdfunding, a plataforma realiza todos os papéis: recebe e registra as contribuições por você; contabiliza a quantidade já arrecadada e estima quanto ainda falta para alcançar o objetivo financeiro; algumas oferecem dicas e estratégias de divulgação; e, por fim, o site também registra os dados dos apoiadores da causa para o seu controle e para, eventualmente, ao final das arrecadações, retribuir quem doou com recompensas simbólicas.

Além disso, o grande aumento de campanhas de financiamento coletivo de ONGs em 2014 foi devido ao surgimento da opção de Campanha Flexível trazida pela plataforma da Kickante. Antes, no Brasil, só havia a opção tradicional de Campanha Tudo ou Nada - a ONG só recebe o valor arrecadado se bater ou ultrapassar a meta – e, com a opção de Campanha Flexível, a ONG leva o que arrecadar, independentemente de atingir a meta.

Outra vantagem do financiamento coletivo para projetos sociais é que as ONGs podem receber doações das mais diversas cidades do Brasil e do mundo – algumas plataformas já aceitam doação do exterior. Doadores que não saberiam da instituição ou do projeto social se não fosse o financiamento coletivo. Isto contrasta com a teoria de que doadores e Instituições precisam estar perto ou que as Instituições só devem arrecadar doações pela comunidade ou de pessoas próximas. Aliás, esta dispersão geográfica talvez seja uma das características mais marcantes do financiamento coletivo. Quando o contribuidor se identifica com o projeto social realizado pela ONG, ele contribui, ajudando a transformar a vida de diversas pessoas.

O Terceiro Setor é um mercado que, mesmo com a crise, continua em pleno crescimento no Brasil. Por isso, as novidades não param de aparecer. Uma delas é o Clube de Contribuição Mensal, no qual as ONGs podem arrecadar doações continuamente para seus projetos sociais. Esta é uma opção que pode ser realizada após uma campanha de financiamento coletivo normal, pois já houve uma divulgação prévia da ONG, do projeto social e de suas necessidades, e seus contribuidores se tornam recorrentes.

Outra novidade lançada recentemente é o Kick Solidário. Neste caso, o contribuidor se torna um voluntário digital e pode criar uma campanha de crowdfunding para arrecadar fundos para uma ONG que goste. A plataforma já possui o cadastro prévio de dezenas de organizações e todas as doações vão diretamente para a instituição escolhida.

Para os próximos anos, a projeção é que ainda mais organizações e projetos sociais como um todo passem por um processo de experimentação com o financiamento coletivo, montando seus planos anuais de arrecadação já contando com essa incrível forma de arrecadação de fundos.

 

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