Cultura De Doação: Mudando Uma Geração

Por: João Paulo Vergueiro, Marcelo Estraviz
10 Novembro 2014 - 00h00

Na década de 1990, o meio ambiente entrou na agenda da sociedade civil. Desde antes da Eco-92, as escolas começaram a falar aos alunos sobre a importância da preservação da natureza, as famílias passaram a instigar as crianças a fazer a separação do lixo e as prefeituras começaram programas de reciclagem de lixo com a população. Levou uma geração, mas hoje a preservação ambiental faz parte da cultura da sociedade.
O mesmo aconteceu com o cigarro. De aceito por todos, tornou-se um mal generalizado, sendo restringido pelo governo e cada vez mais rejeitado pelas pessoas. De socialmente aceito, não fumar passou a fazer parte da cultura brasileira.
Agora é a hora de fazer o mesmo com a doação. Já evoluímos muito nos últimos anos, principalmente com a doação de horas, o voluntariado. Mas ainda há muito a ser feito para que doar seja cultural, para que faça parte da vida das pessoas.
Queremos que as famílias conversem sobre doação durante suas refeições, escolham juntas as organizações que vão receber a sua doação. Queremos que as escolas ensinem às crianças a importância de contribuir de forma cidadã para o desenvolvimento da sociedade civil, engajando-se no apoio às organizações. Queremos que as empresas incentivem ações de voluntariado e estimulem seus funcionários a doar, inclusive aumentando o valor da doação com recursos da própria empresa. E queremos que a imprensa incorpore de vez a pauta da importância das organizações para o desenvolvimento da sociedade civil e promova a doação dos indivíduos.
Enfim, queremos mudar a cultura dos brasileiros e disseminar a importância da doação como algo normal para todos, da infância à aposentadoria. Para tanto, criamos no Brasil o #diadedoar. O #diadedoar é uma campanha que promove a cultura de doação e aproxima organizações e doadores. Neste ano, no dia 02 de dezembro, o Brasil inteiro estará envolvido em ações de promoção de doação de dinheiro, tempo, livros, sangue... Para isso, é importante que você desde já se organize para a atividade que pretende fazer.
No Brasil e em vários países, a primeira terça-feira de dezembro será um dia de celebração e participação das pessoas. Lá fora esse evento se chama #givingtuesday. Os países da América Latina o denominaram de #undiaparadar, e nós, aqui, de #diadedoar. Todos fazem parte de uma mesma família, cujo logotipo é um coração com fitas entrelaçadas. Nós, aqui no Brasil, inspirados nas fitas do Senhor do Bonfim, queremos celebrar as boas energias que o ato de doar traz.
Divulgue em sua escola ou universidade, sugerindo alguma ação que mobilize os alunos e os professores. Organize com outros funcionários de sua empresa algum mutirão que possa ocorrer no dia. Se você trabalha em uma organização, planeje alguma campanha específica para o dia 02 de dezembro. O fato é que milhares de iniciativas vão ocorrer no mesmo dia, o que estimulará ainda mais as pessoas a participarem de alguma ação.
Em 2013, o #diadedoar foi lançado de forma singela na Feira ONG Brasil. Sem muito barulho, diversas organizações não governamentais divulgaram campanhas específicas para conseguirem doações naquele dia. Da Fundação Abrinq à plataforma Juntos.com.vc, do Greenpeace ao sistema Doare, dezenas de pessoas se engajaram e estimularam outros dentro da feira, e isso acabou alastrando-se para fora dela. Em Curitiba, o Banco de Sangue realizou uma atividade durante todo o dia em que as pessoas tiravam fotos com os dizeres “Eu já Doei”, “DDD – Dia de doar”, “Doe sangue”. Em Maceió, um shopping estimulou todas as lojas e seus clientes a doarem para uma organização do bairro. Uma fotógrafa doou seus serviços a um casal que não poderia pagar pelas fotos do casamento. Uma organização doou rosas para cada doador naquele dia.
Agora, em 2014, esperamos que centenas de organizações participem com suas atividades especiais e que milhares de pessoas possam contribuir plantando uma semente para a cultura de doação. Sabemos que o efeito de doar em um dia é simbólico. Não se espera que isso altere as estatísticas de uma nação. Mas sabemos também que, para aqueles que experimentarão pela primeira vez o prazer de doar e a alegria de participar de uma ação solidária como essa, 2014 será o primeiro ano de uma revolução. Nós estamos nos transformando em um país cheio de doadores.
Você deve estar lendo este artigo e imaginando que somos muito otimistas. Pois vamos dar alguns números a você, para que falemos da realidade e assim passemos a lidar com o Brasil verdadeiro, um Brasil doador.
Segundo o World Giving Index, uma pesquisa mundial que faz levantamentos sobre os atos de doar de dezenas de países, somos 35 milhões de doadores (5 vezes mais do que a Espanha, por exemplo). Segundo outra pesquisa da ChildFund, doamos o equivalente a 5 bilhões de reais por ano (mais que o dobro do que os institutos e fundações empresariais investem no social).
Em geral, a imagem que passamos é a de que doamos pouco, ou que os indivíduos não alteram a realidade com suas esmolas e pequenas contribuições. Contudo, os números mostram o contrário. Qualquer pequeno estímulo ou campanha que trabalhe com os atuais doadores gera um efeito dominó capaz de dobrar o número de doações. Um pequeno gesto e alcançamos 10 bilhões de reais por ano (4 vezes mais do que as empresas). Qualquer campanha como a do dia de doar e dobramos o número de doadores: de 35 para 70 milhões. 70 milhões é muita gente! Faz uma revolução, não faz?
Ok, você quer mais números. Greenpeace tem 55 mil doadores mensais no Brasil. Médicos sem fronteiras tem 165 mil doadores mensais no Brasil, e estes doam para fora. O dinheiro vai para as equipes de médicos que estão na África. Sem nenhum juízo de valor, vale perceber que 165 mil pessoas estão dando dinheiro para uma organização que envia recursos para fora. Estamos exportando doações.
Há 30 anos éramos um país de terceiro mundo que recebia recursos de fora para atividades das mais variadas. Em uma geração passamos de necessitados a doadores. De importadores de doações, somos exportadores de doações.
E você ainda não acredita no que estamos falando? Pois bem, cadastre sua ideia (que ela seja criativa o suficiente): www.diadedoar.org.br. Surpreenda-nos! Ou você quer esperar mais uma geração?

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