A casa que não tinha medo de lobos

Por: Felipe Mello, Roberto Ravagnani
15 Abril 2013 - 20h30

Desde a década de 1940, aquele senhor vivia no Cambuci, tradicional bairro da capital paulistana. Viu muita coisa bonita acontecer por lá. Carnaval de rua, campos de futebol de várzea, grupos musicais nos botecos, crianças soltando pipa e muito mais. Após a morte da esposa há pelo menos dez anos, insistiu em permanecer na mesma casa, resistindo à especulação imobiliária. Vô Moacir. Em sua rotina calma, nutria com carinho três atividades: assistir aos jogos do Corinthians, ler jornais e livros de literatura infantojuvenil e saborear as tardes de sábado com o único neto.
O menino Caio, nove anos, curtia muito as visitas que fazia ao avô. Após os cumprimentos iniciais e o papo institucional na sala, ambos iam para o quintal. Quando chegavam àquele pequeno espaço a céu aberto, ares de jornada mágica temperavam o encontro dos dois. Sentados à sombra das árvores, dialogavam como gente grande, mas com alma de meninos.
– Vovô, qual história o senhor vai me contar hoje?
– Isso depende, Caio. Primeiro me conte como vão as coisas da escola? Você fez todas as lições esta semana?
– Hmmmm. Fiz quase tudo. Mas tenho de escrever uma coisa sobre o Brasil.
– Que tipo de coisa, Caio?
– Ah, vô, tenho de falar sobre o Brasil de antes e o Brasil de hoje. O professor disse que o país está crescendo, ficando mais rico e que nem sempre foi assim. O senhor pode me ajudar?
– O professor disse isso? Interessante. Acho que posso te ajudar um pouquinho. Afinal, eu vivo neste país há mais de 75 anos. Então, atendendo ao pedido do freguês, hoje falarei sobre o Brasil. Mas do nosso jeito, combinado? Você conhece a história dos três porquinhos?
– Sim!
– Muito bem. É um bom começo. Vamos imaginar o Brasil como uma grande casa em construção. Na história dos três porquinhos, cada um queria construir a casa de um jeito. Por aqui também foi assim. Durante muitos anos, nossa casa foi de palha, feita às pressas e com uma certa preguiça. Como era um lugar muito distante, pouca gente vinha visitar. De vez em quando aparecia algum tipo de lobo, soprava, estragava a casa, deixava o porquinho assustado, mas ela era reconstruída da mesma forma, sem muitas melhorias. Isso durou a maior parte da nossa história. Um pouco antes do seu vô nascer, as coisas começaram a mudar. A casa de palha já não servia mais. O número de pessoas que moravam aqui estava crescendo rapidamente. Então, veio a ideia de fazer uma casa de madeira no lugar daquela de palha. A estrutura era um pouco melhor, mas em pouco tempo começou a ficar ameaçada pelo sopro do lobo. A qualidade de vida dentro da casa era ruim. Poucas pessoas tinham direito às melhores partes do espaço, enquanto a maioria se espremia em busca de um cantinho para sobreviver. Quem cuidava da casa dizia que não dava para arrumar algo melhor porque não havia dinheiro. O país era pobre. Subdesenvolvido, diziam muitos. Até que há pouco tempo começamos a ficar mais ricos. Outros países tiveram problemas com sopros de lobos chamados “crises econômicas”. Por aqui foi mais suave. Apenas uma brisa, disseram os especialistas em sopros lupinos. Algumas reformas começaram a ser feitas na casa. As tábuas de madeira foram pintadas, algumas goteiras tampadas, construíram um campinho de futebol, deram uma bronca em que estava querendo atrapalhar o andamento da casa e outras coisinhas mais. Mas, a casa ainda era de madeira, com uma estrutura frágil. Era preciso envolver todos no projeto da casa de concreto, mais sólida e segura. Era preciso convencer os habitantes da importância de todos se empenharem para fortalecê-la. Mas isso continuava muito frágil. Quem gerenciava a casa gostava de dizer que estava tudo indo muito bem, que agora a casa estava nos trilhos, embora não fosse um trem. O que mais se fazia ali dentro era ver televisão. Ah, como eles gostavam daquilo. Mas nem todos achavam que estava tudo muito bem. Alguns até lembravam daquele velho ditado popular: por fora bela viola, por dentro pão bolorento. E quanto mais bonita do lado de fora era a casa, mais atenção do lobo ela atraía...
Naquele momento vô Moacir percebeu que Caio adormecera em algum momento da história. De repente, Caio acordou assustado.
– Eu pensei que o lobo estava soprando, vô! Eu dormi no meio da história. Ele derrubou a casa do Brasil?
Vô Moacir se emocionou com a pergunta. Ele sabia que há tempos os adultos vêm castigando as crianças brasileiras por conta da displicência com que tratam as coisas mais importantes. Teceu cuidadoso uma resposta.
– Não, meu querido. O lobo não derrubou a casa. Essa história ainda não terminou. Ele vai tentar soprar muitas vezes. E eu quero que você prometa que vai fazer a sua parte e ajudar a segurar as nossas paredes.

...

O Brasil já tem o sétimo maior PIB (Produto Interno Bruto) do planeta. No entanto, nosso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) continua na posição de número 85 entre 187 países (dados de 2012). Estamos estagnados no ranking. Crescimento visível, desenvolvimento muito questionável. Que os lobos tenham piedade da letargia dos gestores e habitantes desta casa.

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