“Empresa procura profissional para atuar em responsabilidade social. É necessário curso superior, pós-graduação ou especialização, experiência na área de Terceiro Setor e fluência em um segundo idioma. Ter freqüentado instituições educacionais no exterior e desenvolvido ações em comunidades carentes são importantes diferenciais para o processo de seleção.”
O texto acima poderia servir para qualquer anúncio de vaga, seja de empresas ou organizações sociais. As exigências não estão fora da realidade, para os mais desavisados; apenas vêm acompanhando uma tendência verificada há alguns anos – a profissionalização do Terceiro Setor no Brasil, que chega até aqui com um considerável atraso em relação a outros países, como os Estados Unidos.
Chama a atenção, principalmente nas grandes corporações e ONGs, a criação de setores especializados em responsabilidade social e voltados a estreitar os laços com a comunidade. É justamente onde a demanda por mão-de-obra especializada e dotada de conhecimentos adquiridos fora do país cresce exponencialmente.
“Hoje, no momento do recrutamento, damos preferência a quem tem envolvimento no Terceiro Setor. As empresas estão valorizando as chamadas competências, pois são elas que agregarão, no futuro, valor a produtos e serviços”, explica Wagner Brunini, diretor de desenvolvimento humano da Serasa. A empresa levou tão a sério o tema que criou a área de Cidadania Empresarial, que possui seis profissionais e interage com mais de 80 ONGs no país, mobilizando um time de cerca de mil voluntários.
Entretanto, para estudar no exterior e obter competências como as mencionadas, trilha-se um caminho estreito. As barreiras entre o desejo de estudar no exterior e a formação em um das centenas de cursos disponíveis são o valor necessário a ser investido na empreitada – que ultrapassa facilmente os R$ 10 mil –, e a adaptação cultural ao país – há cursos na Índia e em alguns países africanos ou mesmo nas nações escandinavas (veja tabela).
Decerto, estudar fora é muito vantajoso, porque amplia os horizontes do profissional, dando uma visão global da estrutura e do funcionamento do campo onde pretende se inserir. Não é diferente no Terceiro Setor, que já abriga cerca de 300 mil fundações e associações sem fins lucrativos no país, que geram empregos para mais de 1,5 milhão de pessoas, segundo a Associação Brasileira de ONGs (Abong).
A jornalista Janine Saponara, diretora da Lead Comunicação Organizacional, agência especializada em assessoria de comunicação para o Terceiro Setor, é um exemplo bem acabado disso. Mesmo com o apoio de uma bolsa de estudos, teve de investir US$ 12 mil para cursar o Emerging Leaders for Innovation Across Sectors (Elias), ou Líderes Emergentes para Inovação entre os Setores, no Massachussets Institute of Technology (MIT), sediado em Cambridge, Boston (EUA).
O curso, com 15 meses de duração, foi uma oportunidade única de aprender a interagir com pessoas de 16 países, que ficavam juntos por períodos de 15 dias e retornavam aos países de origem por 45 dias. Após esse período, viajavam novamente, cada vez para um país diferente, como China, Indonésia, Japão e países da África e da Europa.
“O curso foi dirigido pelo professor Peter Senge, uma das sumidades do mundo em desenvolvimento organizacional, que nos preparou para ter sucesso nos relacionamentos profissionais. Uso tudo o que aprendi nos contatos com os clientes da minha empresa”, explica Janine.
De acordo com ela, desde sua volta ao país, descobriu novas maneiras de relacionar-se com os públicos envolvidos no Terceiro Setor. “Meu próprio comportamento mudou, pois aprendi a julgar menos as ações alheias e as pessoas. As duas principais lições aprendidas foram suspending voice of judgment (suspender o julgamento) e ‘observe, observe e observe’, ou seja, ouça mais do que fale”.
Há casos de profissionais que saem do Brasil e não voltam, como a advogada Denise Hirao, que atualmente coordena o Programa da América Latina da International Women’s Health Coalition. Ela decidiu ir para o exterior porque julgou não haver, no Brasil, um curso que atendesse as suas expectativas. Fez mestrado em Direito com ênfase em Direito Internacional dos Direitos Humanos, na Universidade de Notre Dame (Indiana, EUA), durante um ano.
Denise teve a sorte de contar com uma bolsa integral cedida pela Fundação Fulbright, que também cobria suas despesas pessoais. Muitos profissionais conseguem ser bolsistas, mas precisam sempre passar por um detalhado processo seletivo, que varia de instituição para instituição. A advogada conta que não encontrou problemas com a adaptação cultural, uma vez que o intenso convívio com estrangeiros de todos os continentes, facilitou sua vida.
A caminhada em busca do aperfeiçoamento profissional levou à Europa Jorge Carlos Silveira Duarte, psicólogo com especialização em Recursos Humanos e Desenvolvimento Local pela OIT e com MBA em Gestão e Empreendedorismo Social pela FIA/USP. Gestor da área de Desenvolvimento Social do Senac, ele atua no fomento de redes com foco no desenvolvimento local.
Em Turim, na Itália, cursou por duas semanas Desenvolvimento Local. Nesse período, visitou projetos de desenvolvimento social na região de Pinerolo, norte da Itália, e em Sevilla, na Espanha. Ao todo, calcula ter investido R$ 10 mil entre passagens, estadias e aulas.
“Durante o curso, foi importante aprender que em locais onde há maior organização da sociedade há mais desenvolvimento. Como o meu trabalho é fomentar e articular redes para o desenvolvimento local, a experiência no exterior continua inspirando-me a acreditar em pactos entre sociedade civil, empresas e poder público para os próximos 10 ou 15 anos, e não depender mais da visão míope-partidária, que tem apenas projetos de poder”, argumenta.
Duarte destaca que uma das diferenças mais marcantes desse convívio no exterior foi ver como é importante o apoio do poder público e da iniciativa privada a projetos sociais. “Na maioria dos países europeus, quando as pessoas, as entidades e os empreendedores se organizam e desenvolvem bons projetos, há patrocínio ou financiamento da União Européia. No Brasil, estamos desconectados dessa realidade”, diz.
Evidente que mesmo com todo o investimento necessário, o retorno profissional e pessoal não tem preço. Além disso, o aprendizado conseguido durante o curso é a melhor maneira de ajudar a construir um mundo cada vez melhor.
Entidade | Local / Contatos | Cursos / Área de Treinamento | Investimento (*) |
Organização Internacional do Trabalho (OIT) | Turim (Itália) www.ilo.org +39 011 693 6616-6655 | Desenvolvimento Local; Diálogo Social; Proteção Social; Administração de Desenvolvimento, entre outros | 10 mil reais |
Fundación Centro de Investigación de Economia y Sociedad (Universidade de Barcelona) | Barcelona (Espanha) www.ub.es +34 93 433-5490 | Master em Responsabilidade Social Corporativa (a distância); Master em Economia Social (a distância) | Não disponível |
Uganda Management Institute | Kampala (Uganda) www.umi.ac.ug +256 41 425-9722 | Postgraduate Diploma in Resource Mobilisation and Management | Não disponível |
SP Jain Institute of Management and Research | Mumbai (Índia) www.spjimr.org [email protected] +465 2623-0396 | Certificate Programme in Resource Mobilisation & Management | Não disponível |
Universidade de Genebra | Genebra (Suíça) www.unige.ch +41 78 879-9058 [email protected] | The Fundraising Certificate on Executive Education | 10 mil francos |
Bharatiya Vidya Bhavan’s | Delhi (Índia) Nova Deli (Índia) [email protected] +91 11 2307-0911 | Certificate Course in Resource Mobilisation and Communication | 12 mil rúpias |
Universiti Tunku Abdul Rahman | Kuala Lampur (Malásia) www.utar.edu.my +60 3 7957-2818 [email protected] | Course in Fundraising and Communication | Não disponível |
Strathmore University | Nairobi (Quênia) www.strathmore.edu +254 20 606-155 [email protected] | Certificate Course In Resource Mobilisation & Communication | Não disponível |
Links
www.bvbdelhi.org
www.grupcies.com
www.lead.com.br
www.oitbrasil.org.br
www.serasa.com.br
www.spjimr.org
www.sp.senac.br/redesocial
www.strathmore.edu
www.umi.ac.ug
www.unige.ch
www.utar.edu.my
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