A prática profissional efetiva

Por: Maria Iannarelli
04 Julho 2014 - 17h11

Passo a passo para fortalecer a cultura organizacional

A utilização de instrumentais com qualidade técnica e embasamento teórico estimula a profissionalização do trabalho no Terceiro Setor, seja a execução feita por equipes voluntárias e/ou remuneradas. Esta é uma tendência, na medida em que parcerias entre os diversos segmentos da sociedade requerem objetivos, metas, métodos e indicadores factíveis, lógicos e sustentáveis.
O alinhamento conceitual é essencial para a organização do trabalho nas instituições, pois serve como referência para toda a equipe, facilitando o relacionamento interpessoal, a valorização de todos e o sentimento de participar da construção coletiva, como elo importante para o resultado final que se pretende.
É possível enumerar alguns conceitos úteis para reflexão:

 

1) Fortalecimento da Cultura Organizacional

Atividade permanente

A atividade permanente é aquela considerada por muitos como a rotina do dia a dia. Muitas vezes, é tida como algo menos importante, maçante etc. Ocorre que a valorização, avaliação e enriquecimento desta prática é o referencial para alterações significativas dos processos de trabalho. O autor Aldo Pellegrini comenta: “Permanente não é o que não se move, e sim o que não cessa”.

Processo de trabalho

A valorização da atividade permanente e o constante aprimoramento da prática leva ao conceito de processo como algo vivo, significativo e pulsante. O entendimento do conceito de processo como uma força viva que se movimenta por meio das ações de todos da equipe é o que sedimenta a instituição, reforça os laços e cria vínculos saudáveis entre as pessoas.

Vínculos

Laços que se estabelecem ao longo da convivência, por meio de comunicação horizontal, transparência, empatia e valores intrínsecos ao bom relacionamento social e interpessoal. Vale a pena lembrar que vínculos podem ser mais ou menos sólidos na medida em que as pessoas passam a discutir ideias, e não pessoas.

Foco nas ideias

Muitas das dificuldades de comunicação envolvem as questões interpessoais, nas quais a crítica a uma ideia ou processo de trabalho é considerada um insulto à pessoa. Vivemos em uma cultura que valoriza demais as aparências; é comum fazer comentários para pessoas que não resolverão o assunto, perdendo a oportunidade de se colocar na hora certa. A assertividade é uma boa ferramenta para trazer o foco nas ideias.

Assertividade

A assertividade é a capacidade de falar para a pessoa certa, na hora certa, o que se entende necessário. E será sempre o ponto de vista de cada um. Não há verdade absoluta, portanto, a opinião deve ser ouvida para ser entendida e acatada, ou então discutida. Esta capacidade denota o grau de discernimento que a pessoa tem, e pode variar de assunto/situação, de acordo com a sua vivência. Denota o grau de independência e empoderamento da pessoa ou do grupo.

Empoderamento

Capacidade que a pessoa tem de se posicionar como sujeito/protagonista da sua história. Envolve a busca pelo autoconhecimento, identificação de limites e clareza das ideias a serem debatidas. Sempre são antecedidas pelo conhecimento aprofundando do tema e/ou situação a ser trabalhada. A palavra-chave é estudo. O aprimoramento desta etapa envolve a identificação das causas pelas quais lutar, ou seja, o bom combate.

Bom combate

O discernimento trazido pela prática do autoconhecimento nos leva a definir quais são os problemas e quais são as contrariedades. Desta forma, passamos a decidir em quais esferas devemos interferir e quais devemos observar; quais interferem em nossas ações e convicções e quais se tratam de uma forma de entendimento diferenciado, que não alterará em nada nosso dia-a-dia. O desapego é um forte aliado para esta prática.

Desapego

O desapego envolve também a nossa dificuldade em deixar velhos hábitos para tentar aprender novas técnicas, novos sabores, quebrar paradigmas gastos e amarrotados. O desapego presume a capacidade de se reinventar a cada dia. Este reinventar requer muita coragem e amor próprio.

2) ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO

Visita domiciliar

Uma das características observadas na prática profissional atualmente refere-se à visita domiciliar como ferramenta para identificação dos aspectos sociais, econômicos e de convivência familiar. Forte aliada para elaboração de projetos, serve como referência para a constatação de situações de risco pessoal e social, podendo embasar relatórios sociais e jurídicos para garantia de direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade. Importante planejar a visita identificando o foco da ação. Realizar a visita sem foco pode não acrescentar nada à avaliação que se pretenda.

Perguntas a serem consideradas:

Por que vou realizar esta visita?
Considero o espaço domiciliar, quer seja muito desorganizado ou não, como espaço sagrado para o qual fui convidado e/ou convocado ou ainda, estimulado a conhecer?
Realizarei a visita sozinho ou com outro profissional? Será uma visita agendada ou não?
O que pretendo observar?
Tenho competência técnica e pessoal para observar a linguagem verbal e não verbal do grupo familiar para ser efetiva a minha visita?
Ou me sinto autorizado a ser invasivo e vasculhar o ambiente para “garantir” minha percepção?

Escuta sensível

Termo utilizado para estimular a prática da “Escuta e da Observação”, que envolve a capacidade de absorver o “não dito”, aquilo que está mais nas entrelinhas, nos olhares e toques do que propriamente no falar.
Alguns autores têm se dedicado a estudar esta estratégia, principalmente na área da saúde e do atendimento a cuidados paliativos, podendo ser ampliada para a nossa prática em visitas domiciliares e atendimentos a famílias e comunidades.

Elaboração de relatórios técnicos

Algumas etapas são essenciais para elaborar um relatório técnico consistente. A primeira delas é conhecer bem a realidade e/ou situação que irá ser detalhada. A visita domiciliar e a contextualização da situação são auxiliares eficazes para este fim. A identificação do objeto do documento é a primeira informação que deve conter os dados básicos, seja do usuário do serviço, família e/ou resultado que será apresentado.
O objetivo do documento precisa estar claro, conciso e lógico. O histórico contém um breve resumo dos fatos antecedentes, que servirão de norteador para que o leitor contextualize os fatos que serão trazidos. É bom lembrar que os possíveis leitores serão tanto aqueles que já conhecem fatos anteriores como pessoas que lerão pela primeira vez. Caso seja pertinente, é importante demonstrar a metodologia utilizada para obter as informações contidas no documento. Neste caso, é importante relatar as providências e/ou encaminhamentos realizados para resolutividade das questões que estavam pendentes. As considerações finais trazem a opinião técnica do profissional e/ou equipe responsável, justificativa da mesma e outras observações pertinentes. São considerações finais daquela situação, naquele momento, não necessariamente definitivas.
Embora existam inúmeras outras estratégias de atuação, estes três itens são essenciais para:
Tomada de decisão jurídicas, organizacionais e corporativas.

Manutenção de parcerias.

Credibilidade da instituição, identificando a transparência dos processos de trabalho.

E, principalmente, para servir de referência aos trabalhadores sociais sobre a nossa responsabilidade na identificação da veracidade sobre quebra de direitos individuais e/ou coletivos.
Manter certa Inquietação é saudável
É essencial manter a inquietação e apurar os fatos e, sempre que possível, na área de risco indicada, para termos a consciência tranquila de ter feito o “melhor possível”. A rede de suporte social é sustentada pelas ações permanentes e aparentemente simples que só aparecerão como problema se não funcionarem. Embora conhecendo apenas o que a imprensa noticiou sobre fato recente, no caso do menino que solicitou o afastamento da família de origem e não pôde ser atendido, vindo a falecer, fica a pergunta: os procedimentos de rotina foram contemplados?

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