Passo a passo para fortalecer a cultura organizacional
A utilização de instrumentais com qualidade técnica e embasamento teórico estimula a profissionalização do trabalho no Terceiro Setor, seja a execução feita por equipes voluntárias e/ou remuneradas. Esta é uma tendência, na medida em que parcerias entre os diversos segmentos da sociedade requerem objetivos, metas, métodos e indicadores factíveis, lógicos e sustentáveis.
O alinhamento conceitual é essencial para a organização do trabalho nas instituições, pois serve como referência para toda a equipe, facilitando o relacionamento interpessoal, a valorização de todos e o sentimento de participar da construção coletiva, como elo importante para o resultado final que se pretende.
É possível enumerar alguns conceitos úteis para reflexão:
A atividade permanente é aquela considerada por muitos como a rotina do dia a dia. Muitas vezes, é tida como algo menos importante, maçante etc. Ocorre que a valorização, avaliação e enriquecimento desta prática é o referencial para alterações significativas dos processos de trabalho. O autor Aldo Pellegrini comenta: “Permanente não é o que não se move, e sim o que não cessa”.
A valorização da atividade permanente e o constante aprimoramento da prática leva ao conceito de processo como algo vivo, significativo e pulsante. O entendimento do conceito de processo como uma força viva que se movimenta por meio das ações de todos da equipe é o que sedimenta a instituição, reforça os laços e cria vínculos saudáveis entre as pessoas.
Laços que se estabelecem ao longo da convivência, por meio de comunicação horizontal, transparência, empatia e valores intrínsecos ao bom relacionamento social e interpessoal. Vale a pena lembrar que vínculos podem ser mais ou menos sólidos na medida em que as pessoas passam a discutir ideias, e não pessoas.
Muitas das dificuldades de comunicação envolvem as questões interpessoais, nas quais a crítica a uma ideia ou processo de trabalho é considerada um insulto à pessoa. Vivemos em uma cultura que valoriza demais as aparências; é comum fazer comentários para pessoas que não resolverão o assunto, perdendo a oportunidade de se colocar na hora certa. A assertividade é uma boa ferramenta para trazer o foco nas ideias.
A assertividade é a capacidade de falar para a pessoa certa, na hora certa, o que se entende necessário. E será sempre o ponto de vista de cada um. Não há verdade absoluta, portanto, a opinião deve ser ouvida para ser entendida e acatada, ou então discutida. Esta capacidade denota o grau de discernimento que a pessoa tem, e pode variar de assunto/situação, de acordo com a sua vivência. Denota o grau de independência e empoderamento da pessoa ou do grupo.
Capacidade que a pessoa tem de se posicionar como sujeito/protagonista da sua história. Envolve a busca pelo autoconhecimento, identificação de limites e clareza das ideias a serem debatidas. Sempre são antecedidas pelo conhecimento aprofundando do tema e/ou situação a ser trabalhada. A palavra-chave é estudo. O aprimoramento desta etapa envolve a identificação das causas pelas quais lutar, ou seja, o bom combate.
O discernimento trazido pela prática do autoconhecimento nos leva a definir quais são os problemas e quais são as contrariedades. Desta forma, passamos a decidir em quais esferas devemos interferir e quais devemos observar; quais interferem em nossas ações e convicções e quais se tratam de uma forma de entendimento diferenciado, que não alterará em nada nosso dia-a-dia. O desapego é um forte aliado para esta prática.
O desapego envolve também a nossa dificuldade em deixar velhos hábitos para tentar aprender novas técnicas, novos sabores, quebrar paradigmas gastos e amarrotados. O desapego presume a capacidade de se reinventar a cada dia. Este reinventar requer muita coragem e amor próprio.
Uma das características observadas na prática profissional atualmente refere-se à visita domiciliar como ferramenta para identificação dos aspectos sociais, econômicos e de convivência familiar. Forte aliada para elaboração de projetos, serve como referência para a constatação de situações de risco pessoal e social, podendo embasar relatórios sociais e jurídicos para garantia de direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade. Importante planejar a visita identificando o foco da ação. Realizar a visita sem foco pode não acrescentar nada à avaliação que se pretenda.
Por que vou realizar esta visita?
Considero o espaço domiciliar, quer seja muito desorganizado ou não, como espaço sagrado para o qual fui convidado e/ou convocado ou ainda, estimulado a conhecer?
Realizarei a visita sozinho ou com outro profissional? Será uma visita agendada ou não?
O que pretendo observar?
Tenho competência técnica e pessoal para observar a linguagem verbal e não verbal do grupo familiar para ser efetiva a minha visita?
Ou me sinto autorizado a ser invasivo e vasculhar o ambiente para “garantir” minha percepção?
Termo utilizado para estimular a prática da “Escuta e da Observação”, que envolve a capacidade de absorver o “não dito”, aquilo que está mais nas entrelinhas, nos olhares e toques do que propriamente no falar.
Alguns autores têm se dedicado a estudar esta estratégia, principalmente na área da saúde e do atendimento a cuidados paliativos, podendo ser ampliada para a nossa prática em visitas domiciliares e atendimentos a famílias e comunidades.
Algumas etapas são essenciais para elaborar um relatório técnico consistente. A primeira delas é conhecer bem a realidade e/ou situação que irá ser detalhada. A visita domiciliar e a contextualização da situação são auxiliares eficazes para este fim. A identificação do objeto do documento é a primeira informação que deve conter os dados básicos, seja do usuário do serviço, família e/ou resultado que será apresentado.
O objetivo do documento precisa estar claro, conciso e lógico. O histórico contém um breve resumo dos fatos antecedentes, que servirão de norteador para que o leitor contextualize os fatos que serão trazidos. É bom lembrar que os possíveis leitores serão tanto aqueles que já conhecem fatos anteriores como pessoas que lerão pela primeira vez. Caso seja pertinente, é importante demonstrar a metodologia utilizada para obter as informações contidas no documento. Neste caso, é importante relatar as providências e/ou encaminhamentos realizados para resolutividade das questões que estavam pendentes. As considerações finais trazem a opinião técnica do profissional e/ou equipe responsável, justificativa da mesma e outras observações pertinentes. São considerações finais daquela situação, naquele momento, não necessariamente definitivas.
Embora existam inúmeras outras estratégias de atuação, estes três itens são essenciais para:
Tomada de decisão jurídicas, organizacionais e corporativas.
Credibilidade da instituição, identificando a transparência dos processos de trabalho.
E, principalmente, para servir de referência aos trabalhadores sociais sobre a nossa responsabilidade na identificação da veracidade sobre quebra de direitos individuais e/ou coletivos.
Manter certa Inquietação é saudável
É essencial manter a inquietação e apurar os fatos e, sempre que possível, na área de risco indicada, para termos a consciência tranquila de ter feito o “melhor possível”. A rede de suporte social é sustentada pelas ações permanentes e aparentemente simples que só aparecerão como problema se não funcionarem. Embora conhecendo apenas o que a imprensa noticiou sobre fato recente, no caso do menino que solicitou o afastamento da família de origem e não pôde ser atendido, vindo a falecer, fica a pergunta: os procedimentos de rotina foram contemplados?
Imagine como seria maravilhoso acessar uma infinidade de informações e capacitações - SUPER ATUALIZADAS - com TUDO - eu disse TUDO! - o que você precisa saber para melhorar a gestão da sua ONG?
Imaginou? Então... esse cenário já é realidade na Rede Filantropia. Aqui você encontra materiais sobre:
(certificações, prestação de contas, atendimento às normas contábeis, dentre outros)
(remuneração de dirigentes, imunidade tributária, revisão estatutária, dentre outros)
(principais fontes, ferramentas possíveis, geração de renda própria, dentre outros)
(Gestão de voluntários, programas de voluntariado empresarial, dentre outros)
(Softwares de gestão, CRM, armazenamento em nuvem, captação de recursos via internet, redes sociais, dentre outros)
(Legislação trabalhista, formas de contratação em ONGs etc.)
Isso tudo fica disponível pra você nos seguintes formatos:
Saiba mais e faça parte da principal rede do Terceiro Setor do Brasil: