À procura da nota 10

Por: Luciano Guimarães
19 Fevereiro 2013 - 23h10

Pesquisas, indicadores e especialistas atestam melhorias na qualidade de projetos e programas desenvolvidos por organizações brasileiras

So what? Now what? – E daí? E agora? Responder a estas duas perguntas – que teoricamente parece algo simples de se fazer – é essencial a fim de que qualquer organização social conheça os resultados mais fidedignos de um projeto ou de uma estratégia.

Do outro lado do balcão, o mesmo vale para os doadores que acreditam e colocam recursos em determinada causa. Trata-se de um trabalho com metodologia correta e conhecimento sobre o tema em questão, pois compreende uma profunda análise de indicadores quantitativos e qualitativos.

É o que a britânica Jane Davidson, autora do livro “Evaluation Methodology Basics: The Nuts and Bolts of Sound Evaluation” e doutora em Psicologia Organizacional, chama de critérios e rubricas. Ao passar pelo Brasil em 2012, a mesma participou do seminário “A relevância da avaliação para o investimento social privado”, promovido pelas Fundações Itaú Social e Roberto Marinho, em parceria com a Avaliação e Estratégia em Desenvolvimento Social (Move) e a Fundação Santillana.

“O sucesso de uma avaliação de projeto está na escolha das perguntas certas a serem feitas, formuladas por meio de uma análise de contexto. Só então é possível elaborar os indicadores e os critérios que servirão de base para tal aferição. Não se trata do que podemos ‘medir’, e sim o que precisamos ‘saber’”, explica a especialista.

A mesma visão é compartilhada pelo administrador público Michel Freller, sócio-fundador da “Criando Consultoria” e membro do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR). De acordo com ele, não é suficiente afirmar: “atendemos X mil crianças ou servimos X milhões de refeições”.

“É fundamental mostrar que vidas foram mudadas e/ou salvas. Também não é necessária uma grande quantidade de indicadores se conseguirmos respostas às nossas perguntas apenas com alguns. A chave é ter uma proposta clara, envolvimento correto de todas as partes envolvidas (stakeholders), fazer perguntas importantes, conhecer o quadro como um todo (big picture), ter respostas claras baseadas em evidência, e não em achismos e intuições”, explica Michel.

Mais positivo

Devido ao cenário atual vivenciado pelo Terceiro Setor brasileiro, a qualidade dos projetos apresentados a possíveis financiadores no momento da captação de recursos melhorou. Não apenas os especialistas analisados pelo Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE) atestam esta assertiva, mas também os próprios associados participantes do Censo GIFE 2011-2012, lançado no final de novembro.

A pesquisa contou com respostas enviadas por 100 dos 144 membros da Rede GIFE, entre empresas, fundações e institutos corporativos, comunitários, familiares e independentes, os quais afirmaram que investiram, em 2012, R$ 2,35 bilhões – um aumento de 8% em relação a 2011.

O incremento dessa visão é chancelado pela pesquisa “Abordagens e práticas da avaliação de iniciativas sociais no Brasil”, conduzida em 2011 e ao longo de 2012 em uma parceria entre o Instituto Fonte, a Fundação Itaú Social, o Instituto Paulo Montenegro e o Ibope Inteligência. Segundo outra pesquisa realizada pela mesma parceria em 2009, “A avaliação de programas e projetos sociais de ONGs no Brasil”, 91% das 363 ONGs pesquisadas declararam que já avaliaram seus projetos – parte delas com avaliadores externos, e ainda 96% delas pretendem avaliar.

“A maioria das organizações sociais faz avaliações periódicas, muitas vezes para a promoção de seus projetos. Os gestores precisam ver este procedimento como essencial para a tomada de decisões e para o próprio redirecionamento de seus projetos”, argumenta a psicóloga Martina Rillo Otero, consultora do Instituto Fonte e coordenadora de tais estudos.
O reforço a esta constatação pode ser observado na “12ª Pesquisa Nacional sobre Responsabilidade Social e Práticas Sustentáveis nas Empresas 2011”, realizada pelo Instituto ADVB de Responsabilidade Socioambiental (IRES), que se baseou em dados enviados por 2.872 empresas participantes – sendo 33% de grande porte; 56%, médio; e 11%, pequeno.

Segundo o levantamento, 87% das empresas declaram que ações de responsabilidade social integram a sua visão estratégica; 79% afirmam que a alta administração participa e se envolve nos programas sociais; para 52%, é necessário aprimorar a gestão social interna com a criação dos Indicadores de Projetos Sociais; e 86% desenvolvem programas sociais voltados à comunidade. Além disso, 41% das companhias têm planos de aumentar os recursos nos projetos sociais externos que vêm sendo desenvolvidos. A mesma pesquisa revelou ainda que o investimento social das empresas está alocado em cinco principais áreas, pela ordem: educação, cultura, esporte, meio ambiente e qualificação profissional. Estes recursos giram, em média, em torno de R$ 1,15 milhão ao ano.

“Cresce aceleradamente a percepção das organizações quanto aos princípios orientadores da visão socialmente responsável corporativa e das práticas sustentáveis. Cada vez mais as empresas aderem a estas iniciativas com inteligência estratégica, estabelecendo com as várias instâncias da sociedade uma fundamental parceria”, concluem Miguel Ignatios, presidente do IRES, e Lívio Giosa, coordenador geral do IRES e responsável pelo estudo.

Avaliações periódicas

Exemplo de organização social preocupada com questões ligadas a avaliações periódicas, a Childhood Brasil apoia projetos, desenvolve programas regionais e nacionais, influencia políticas públicas e, atualmente, executa seis programas próprios e três projetos especiais.
Parte da “World Childhood Foundation (Childhood)”, instituição internacional criada em 1999 pela rainha Silvia, da Suécia, com o objetivo de proteger a infância, a ONG brasileira é responsável pela gestão do Programa Sementeiros, que oferece suportes técnico e financeiro a organizações sociais para a formação de uma rede de experiências e ações contra todas as formas de violência sexual.

“Apesar de terem impacto local, os projetos sementeiros podem germinar em outras regiões devido a suas metodologias inovadoras de intervenção”, afirma Itamar Gonçalves, gerente de programas da entidade.

Um dos cases de maior sucesso e repercussão mundial, o “Programa Água e Clima da WWF Brasil” passou por dois processos de avaliação durante sua realização, entre 2007 e 2011. Foi realizada uma parceria global entre HSBC, WWF e outras organizações conservacionistas com foco nos impactos das mudanças climáticas em bacias hidrográficas da Inglaterra, da Índia, da China e do Brasil.

Durante o período foram feitas uma avaliação de meio termo, em 2009, com ênfase em processos, e outra final, em 2011 e 2012, focando nos impactos gerados. As análises foram conduzidas seguindo os mesmos critérios para todos os países, permitindo a comparação e a troca de experiências.

De acordo com a organização que apresentou os resultados no Seminário “A relevância da avaliação para o investimento social privado”, citado na reportagem: “o processo de avaliação final resultou num conjunto de achados e reflexões que subsidiaram uma série de propostas de gestão que estão em implementação pelo Programa de Água Doce e pela organização como um todo, num momento propício para mudanças internas. Os resultados também contribuíram para apoiar a manutenção da relação com o financiador”.

DICAS DE JANE DAVIDSON

Elementos-chave para uma avaliação consistente:

  • Ter um propósito claro a respeito do que é preciso saber
  • Envolvimento de uma equipe multidisciplinar
  • Perguntas-macro que norteiem cada passo da avaliação
  • Relatórios sucintos e objetivos que facilitem o entendimento do leitor
  • Formulação de ideias que levam à ação

Perguntas que podem auxiliar a nortear uma reavaliação:

  • Qual a importância dos resultados alcançados?
  • O projeto alinhou-se ao investimento e aos esforços colocados?
  • O projeto continua sendo necessário?
  • Onde e para quem o programa funciona melhor?

DICAS DE MARTINA OTERO

Cuidados que se mostram relevantes no contexto brasileiro:

  • Ter clareza do contexto e do ‘para quê’ se está avaliando, buscando abordagens que sejam compatíveis com a expectativa.
  • No caso de contratação de consultoria externa, acompanhar o processo de avaliação, de forma a aumentar a chance de incorporação dos achados no projeto.

Tudo o que você precisa saber sobre Terceiro setor a UM CLIQUE de distância!

Imagine como seria maravilhoso acessar uma infinidade de informações e capacitações - SUPER ATUALIZADAS - com TUDO - eu disse TUDO! - o que você precisa saber para melhorar a gestão da sua ONG?

Imaginou? Então... esse cenário já é realidade na Rede Filantropia. Aqui você encontra materiais sobre:

Contabilidade

(certificações, prestação de contas, atendimento às normas contábeis, dentre outros)

Legislação

(remuneração de dirigentes, imunidade tributária, revisão estatutária, dentre outros)

Captação de Recursos

(principais fontes, ferramentas possíveis, geração de renda própria, dentre outros)

Voluntariado

(Gestão de voluntários, programas de voluntariado empresarial, dentre outros)

Tecnologia

(Softwares de gestão, CRM, armazenamento em nuvem, captação de recursos via internet, redes sociais, dentre outros)

RH

(Legislação trabalhista, formas de contratação em ONGs etc.)

E muito mais! Pois é... a Rede Filantropia tem tudo isso pra você, no plano de adesão PRATA!

E COMO FUNCIONA?

Isso tudo fica disponível pra você nos seguintes formatos:

  • Mais de 100 horas de videoaulas exclusivas gratuitas (faça seu login e acesse quando quiser)
  • Todo o conteúdo da Revista Filantropia enviado no formato digital, e com acesso completo no site da Rede Filantropia
  • Conteúdo on-line sem limites de acesso no www.filantropia.ong
  • Acesso a ambiente exclusivo para download de e-books e outros materiais
  • Participação mensal e gratuita nos eventos Filantropia Responde, sessões virtuais de perguntas e respostas sobre temas de gestão
  • Listagem de editais atualizada diariamente
  • Descontos especiais no FIFE (Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica) e em eventos parceiros (Festival ABCR e Congresso Brasileiro do Terceiro Setor)

Saiba mais e faça parte da principal rede do Terceiro Setor do Brasil:

Acesse: filantropia.ong/beneficios

PARCEIROS

Incentivadores
AudisaDoação SolutionsDoritos PepsicoFundação Itaú SocialFundação TelefônicaInstituto Algar de Responsabilidade Social INSTITUTO BANCORBRÁSLima & Reis Sociedade de AdvogadosQuality AssociadosR&R
Apoio Institucional
ABCRAbraleAPAECriandoGIFEHYBInstituto DoarInstituto EthosSocial Profit
Parceiros Estratégicos
Ballet BolshoiBee The ChangeBHBIT SISTEMASCarol ZanotiCURTA A CAUSAEconômicaEditora ZeppeliniEverest Fundraising ÊxitosHumentumJungers ConsultoriaLatamMBiasioli AdvogadosPM4NGOsQuantusS&C ASSESSORIA CONTÁBILSeteco Servs Tecnicos Contabeis S/STechsoup