Em minhas atividades como coach, acredito que por conta do meu envolvimento com o Terceiro Setor tenha recebido com frequência pessoas buscando ajuda para desenvolver seus projetos sociais. É fascinante ver como nossa sociedade tem se mobilizado perante os problemas observados com crianças, jovens, idosos, nos sistemas de educação e saúde... São muitas as demandas.
Quando me deparo com esse tipo de assunto, costumo recorrer à hierarquia de necessidades básicas, de Abraham Maslow.
Quando a pessoa ainda está com os olhos brilhando e o corpo vibrando após descrever seu projeto e como este vai transformar o mundo, faço uma pergunta básica: “Como você vai tornar esse projeto sustentável?”. Na maioria das vezes a pessoa me olha surpresa, como se essa pergunta fosse de outro mundo. Não ter fins lucrativos não quer dizer não ser sustentável.
A questão foi relacionada ao primeiro andar da pirâmide, referente às necessidades físicas. Em seguida, passo para o próximo andar, o da segurança (no caso das organizações, os processos). Aqui, cabe questionar: “Que tipo de organização você pretende abrir?”, “Você está com toda documentação regularizada?”; “Já tem um contador? Ele está apto a trabalhar com o Terceiro Setor?”; “Seu projeto demanda um ponto físico? Você já o possui? Onde seria?”. Tenho acompanhado algumas organizações com uma série de problemas fiscais, tributários e trabalhistas simplesmente porque ignoraram este andar da pirâmide.
No terceiro andar o tema é amor e pertencimento. Quando chegamos aqui, costumo perguntar: “Seu projeto precisará de equipe?”; Qual será a estratégia para atraí-los e retê-los?”. Afinal, os projetos bem-sucedidos contam com o apoio de inúmeros colaboradores, e boas ideias precisam de pessoas para serem executadas.
Autorrespeito e estima são assuntos do quarto andar, e nele cabe perguntar: “Como você deseja ser reconhecido lá fora?”; “Por qual motivo você quer que as pessoas procurem seu projeto?”; “O que motivaria uma empresa a apoiá-lo?”. É aqui que nos deparamos com a real crença que move esse projeto e seu verdadeiro sentido na vida dessa pessoa.
“Você se vê feliz realizando esse projeto?”; “Você aplicará todos os seus potenciais?”. Estas são perguntas referentes à autorrealização, tema do topo da pirâmide. E aqui falamos da felicidade na forma mais plena possível: aquela que atinge o corpo, o bolso, o coração, a mente e a alma.
Boa parte dos projetos sociais nasce num campo muito sutil que está além da pirâmide tradicional. Eles surgem no campo onde moram as metamotivações, o comportamento inspirado por valores e necessidades de crescimento. Todavia, o próprio “pai” do assunto, Maslow, lembra que o estado pleno de autorrealização somente é possível quando os demais patamares da pirâmide estão equilibrados ou supridos. Caso contrário, não é real.
Cabe uma reflexão sobre a importância da profissionalização do Terceiro Setor: um projeto ou organização sem fins lucrativos deve receber o mesmo carinho e atenção que qualquer outro projeto.
Para que a profissionalização ocorra, a organização deve garantir os talentos humanos necessários para o desenvolvimento saudável das finanças, dos processos e dos relacionamentos internos e externos de forma sustentável em todos os aspectos.
A seleção de voluntários ou profissionais, sejam eles internos ou externos, deve ser realizada de forma coerente em relação aos valores que permeiam a organização. Vale também ressaltar a responsabilidade da organização no desenvolvimento dessa equipe de forma a garantir que o público-alvo possa realmente ser atendido e beneficiado.
E você, já respondeu as perguntas acima? Agora é sua vez...